terça-feira, 9 de junho de 2015

ARENGA 120

               A filosofia não foi privilégio dos gregos porque os egípcios tiveram pensamentos filosóficos antes deles. Burns ensina no primeiro volume de História da Civilização Ocidental, pagina 57, que o mais antigo exemplo de filosofia de que se tem notícia está nas Máximas de um cara chamado Pitahotep, vizir de um Faraó, versando sobre orientações a seu filho, entre elas a de ser necessário ser reto e justo ainda que com sacrifício dos próprios interesses, recomendação que chegou invertida aos tempos modernos pela observação deste mal amanhado blog. Também faz o historiador menção a outro episódio relacionado à filosofia no Egito, com a gravação que um faraó mandou fazer no seu túmulo lá por volta do ano de 2.100 antes de Cristo, onde manifestava ceticismo sobre a vida depois da morte, sendo impressionante que há tanto tempo alguém já sabia o que até hoje os bichos humanos ainda não foram capazes de perceber o engodo que é essa história mal contada uma vidinha mansa lá no céu, artimanha com que os escravizadores esfolam os carneiros de Cristo sem que eles se incomodem porque os esfoladores não terão o bem-bom que espera pelos esfolados no aconchego do colo do Senhor. Ainda que houvesse esta outra vida, não valeria a pena pela quantidade de oração e anjinhos da bunda rosada para encher o saco. Muito mais esperto que a malta de frequentadores de igreja, axé e futebola era aquele faraó de dois mil e cem anos antes de Cristo que já desconfiava ao alegar que ninguém nunca regressou de lá para contar o que viu. O “pé atrás” do faraó quanto à vida no céu, lembra o moribundo moderno que louvou Deus em obediência à ordem do padre confessor, mas se recusou a excomungar Satanás alegando não ser conveniente ficar mal com nenhuma das partes entes de saber para que lado iria.
Ainda sobre a filosofia dos egípcios, várias são as manifestações filosóficas deixadas por eles. Entre elas, ainda segundo Burns, um historiador com fama mundial e de leitura agradável que vale a pena ser lido, também teria havido um trabalho filosófico chamado O Camponês Eloquente, atribuído a um camponês, mas que teria sido produzido por um faraó. Independente da autoria, o trabalho versa sobre os responsáveis pela administração pública da seguinte maneira: “Os funcionários do Estado têm obrigação de agir como pais dos órfãos; marido das viúvas e irmão dos abandonados; prevenir o roubo e proteger o miserável; promover tal estado de harmonia e prosperidade de modo que ninguém sofra fome, frio ou sede” (desse discurso, a única coisa que os governantes sempre praticaram é bancar o marido da mulherada). Os egípcios, portanto, já encontraram esquentados o motor da filosofia. A partir do século VI antes de Cristo, na Cidade de Mileto, costumava-se dedicar atenção às coisas do mundo, inclusive se falava sobre o fato de haver um elemento comum de que eram feitas todas as coisas. Foi nesse clima que desocupados como Tales, chamado de Mileto por ser daquela cidade, concluiu que esse elemento comum seria a água, face a existência de humidade em todas as coisas, no que foi contestado por outro desocupado chamado Anaximandro, que também afirmava uma substância única que formava todas as coisas, mas que seria uma substância diferente de tudo conhecido e denominou esta coisa de Ilimitado ou Infinito. É realmente muito interessante perceber como já naquela época, sem recurso algum, a bola desses caras já beiravam a boca da caçapa da teoria atomista. Ainda tem um terceiro desocupado chamado Anaxímenes. Contrariando os demais, afirmou e assinou embaixo que era o ar esse elemento único. Ao fazer estas afirmações, estes desocupados trouxeram para o campo da materialidade a realidade do universo, afastando a hipótese de intervenção das mil e uma divindades que habitam a Mitologia Grega maravilhosamente narrada no livro Mitologia, de Thomas Bulfinch, que só vale a pena ler. Entretanto, face à situação de perigo que corre a humanidade, faz-se necessário deixar um pouco de lado as especulações de erudição e pensar no destino das futuras gerações, o que equivale a dizer preocupar-se com o destino que está sendo dado ao erário. Inté.
  

 

 

 
 


  

 

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