quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ARENGA 157




Povo nunca foi flor que se cheirasse. Sem nenhuma propensão ao raciocínio ou a diferenciar-se dos irracionais, o povo procede sempre de modo contrário ao indicado pela razão e o bom senso, o que acontece, por exemplo, quando as mulheres procuram sufocar com os finos perfumes dos frascos a fragrância íntima incomparavelmente superior em exuberância que a natureza deu às fêmeas. Tão exuberante que entre os irracionais, menos brutos que os humanos, os machos têm a libido despertada para acasalamento pelo cheiro íntimo da fêmea. A falta de conexão com a realidade reduz a vida do povo ao dever de não deixar faltar sustança à sociedade e robustecer as contas bancárias dos ricos donos do mundo. Nesse momento, os patrões das “autoridades” brasileiras ordenam ao ministro da fazenda que aumente o imposto de renda porque em comparação com o povo dos países civilizados o povo brasileiro paga muito menos imposto de renda. Não é sem razão a referência a pastores e ovelhas, o que equivale a dizer tosquiadores tosquiados. O Jornalista Ricardo Boechat, que apesar de se declarar apreciador do circo denominado futebola cuja finalidade não é desconhecida por pessoas inteligentes como ele, expôs uma realidade imperceptível a quem é povo ao lembrar uma coisa que escapa à percepção da macacada alvoroçada a correr atrás do Papa, axé e futebola. Disse o jornalista e que o povo ignora que os habitantes dos lugares civilizados recebem de volta em serviços os impostos que pagam. Realmente. Não deixa de ser inexplicável a realidade brasileira de pagar o povo a carga tributária das mais altas do mundo e nada receber em troca. Apesar disso, tal povo vive em festas e tão satisfeito em sua personalidade infantil que a cada fim de ano se ajuntam imensas multidões país afora para disputar na São Silvestre qual o imbecil que chega na frente numa corrida de milhares de babacas ofegantes a aspirar veneno no ar mais pestilento do país em São Paulo. No Rio de Janeiro, como se não bastasse a fumaça das fábricas e dos carros, imensa multidão de adultos imbecis, com o mesmo entusiasmo de crianças, se extasiam com o pipocar, a luminosidade e a fumaceira proveniente da queima de toneladas de fogos e de dinheiro. Entretanto, a indiferença em relação aos assuntos relacionados com o bem-estar social não é privilégio dos primitivos das repúblicas de banana.  Em matéria publicada no blog Outras Palavras, intitulada PARA DECIFRAR O CÓDIGO DO “NOVO” CAPITALISMO, consta o seguinte: “Quando eclodiu a crise financeira de 2007-2008, o sociólogo Richard Sennett acreditou que as pessoas iriam se rebelar contra as atitudes e o funcionamento do sistema financeiro internacional, responsável por rombos e falências cujas repercussões ainda estão presentes na economia mundial. Mas as pessoas não se comportaram da maneira que supôs que iria acontecer”.
A única diferença entre povo dito civilizado e povo como o brasileiro é que os primeiros andam por ruas limpas e policiadas, têm água e comida de melhor qualidade. Do ponto de vista da espiritualidade, entretanto, a brutalidade do mundo das feras também existe no mundo dos “civilizados” que se divertem com o Kickboxing e a cultura bárbara de enfurecer touros e espetar-lhe espadas até à morte. Mas se morre por violência tanto lá quanto cá. Inté.

 

 

 

 

 

 
 
 





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