Diferentemente
de um edifício que não pode ter sua estrutura trocada por outra sem ser
demolido, a sociedade pode. Além de poder, faz-se extremamente necessário mudar
o modo de ser da sociedade humana. Considerando dois importantes aspectos da
vida social, o primeiro, de ser a juventude a força motriz da sociedade, e o
segundo, o de ser ela, a juventude, herdeira do futuro, somando estas duas realidades
a esta outra de ser a vida uma constante fazeção de opções, conclui-se que estes
três ingredientes levam à lógica da necessidade de mudança porque a única opção
disponível para a juventude é um servilismo não só degradante, mas também tanto
injusto quanto injustificável. O primeiro capítulo do livro JUSTIÇA, de Michael
J. Sandel, (Civilização Brasileira), entre bilhões de evidências de clamar a
sociedade humana por mudança, traz mais uma prova da estupidez e brutalidade
que orientam o comportamento dos seres humanos num desprezo absurdo à
reciprocidade que deve orientar o relacionamento de seres que se julgam superiores,
mas cujo comportamento revela serem ainda tão inferiores quanto os irracionais
em sua irracionalidade. Conta o autor
que na Flórida (onde vivem as pessoas que se julgam civilizadas), depois do
furacão Charley que matou, destruiu e causou infelicidades, para tirar
proveito sobre a situação aflitiva dos infelicitados pelo desastre, prestadores
de serviços cobravam preços tão extorsivos pelos trabalhos de socorro às
vítimas que foram exigidos vinte e três mil dólares para retirar duas árvores
que caíram sobre um telhado, e geradores domésticos de energia que eram
vendidos por duzentos dólares passaram a custar dois mil. Tal incivilidade
ensejou matéria no jornal “USA TODAY” com o título DEPOIS DA TEMPESTADE VÊM OS
ABUTRES. Na verdade, os seres humanos se comportam exatamente com a mesma sanha
de abutres na carniça. Consta também que, indignado, o Procurador de Estado da
Flórida, Charlie Crist teria feito pronunciamento dizendo-se impressionado com
o nível de ganância de tais pessoas ao se aproveitarem do sofrimento alheio
para se locupletarem. Embora não seja de se levar a sério a preocupação do
senhor Procurador-Geral do Estado, por não ser próprio dos políticos sentirem-se
incomodados com a infelicidade alheia, posto serem eles os primeiros a
infelicitar os seres humanos, seu discurso político faz alusão à desumanidade
dos brutos seres humanos. Sendo a brutalidade a matéria prima usada na
construção da base sobre a qual está fundeada a sociedade humana, tem-se a
inconsistência desta sociedade uma vez que tal material é incompatível
com o monumental peso da espiritualidade que deve orientar o comportamento
humano de buscar a tranquilidade acima de tudo em vez de viver às turras nas
guerras. Mas como encontrar tranquilidade na cultura da economia política que
orienta os seres humanos a se destruírem mutuamente através de uma competição
insana?
Da cultura
da competição resulta a notícia no jornal Folha de São Paulo, de 14/06/2017, em
matéria do jornalista Nelson de Sá, o que não deixa de ser também uma
contradição porque a função da chamada grande imprensa da qual faz parte a
Folha é justamente perseguir riqueza, atividade da qual resulta a miséria que
existe no mundo. É tudo uma contradição infinita a clamar pela sensatez de algum
tipo de mudança, mas mudança inteligente. Inovar no sentido de buscar a
perfeição espiritual deve ser a função da inteligência. Caso contrário, vive-se
como irracionais, ou até pior. Os defensores do ajuntamento de riqueza contam
com um séquito de prostitutos da consciência denominados economistas, defendendo
a loucura de depender o bem-estar social do desenvolvimento econômico. Porém, a
quem serve esse tal de desenvolvimento econômico? À sociedade é que não é. A
miséria reinante no mundo de ponta a ponta prova esta realidade insofismável.
Multidões de miseráveis vagando mundo afora em consequência desse maldito
desenvolvimento econômico do qual resultam monstruosidades como a Bloomberg L.
P., empresa cuja atividade é insuflar nos monstros de cujas bocas escorre baba
de dragão a fome por mais e mais riqueza. É, na verdade, uma instituição imoral
essa tal de Bloomberg L. P. por ter como atribuição fornecer dados do
monstruoso Mercado Financeiro para facilitar aos ajuntadores de riqueza seu
trabalho nefasto do qual tanto se orgulham que a instituição de que falamos
lista os maiores ajuntadores de riqueza do mundo, que muito se orgulham disto. A
juventude, única força capaz de se alevantar com inteligência contra a
destruição do mundo por estes monstros ajuntadores de riqueza, foi castrada da
vivacidade própria dos jovens e se tornou joguete nas mãos inescrupulosas de
falsos líderes, na verdade, bandidos travestidos de líderes. Os postos de mando
são ocupados por cupinchas dos chefes criminosos que deturparam a nobreza da
Ciência Política e transformaram a administração pública numa canalhice que
penaliza os jovens indiferentes ao seu próprio futuro. Ministros de Estado têm
o mesmo papel de salafrário protetores de quem lhes agraciou com o cargo,
defendendo seus chefes criminosos do mesmo modo como fazem os riquíssimos
advogados que partilham o roubo com os ladrões do colarinho branco. Deste modo
insano de vida resultam notícias como a da Folha de São Paulo, de que
tratávamos lá em cima e que é no seguinte teor: “A Bloomberg perfila o ex-banqueiro Daniel Dantas, que acaba de estrear em seu “Billionaires
Index” com a fortuna pessoal de US$ 1,8 bilhão, agora como "fazendeiro de
gado, especulador de terras e minerador. Seu fundo de investimento teria mais
terra, cerca de 500 mil hectares, do que qualquer outra empresa no Brasil. E
administra US$ 8 bilhões (R$ 26 bilhões) em ativos, mais que o dobro do
montante quando ele foi preso, uma década atrás".
Aberrações como esta, das quais resultará o
caos no mundo, são encaradas como coisas normais pelos prostitutos da
consciência, arautos do desenvolvimento econômico, sob total indiferença dos prejudicados
por tal insanidade: OS JOVENS. Estes pobres e infelizes jovens, graças à ação
funesta e devastadora do pão e circo, nem mesmo sabem quem é o senhor Daniel
Dantas e o mal que tipos asquerosos como ele lhes fazem. Daniel Dantas, ó pobre
e imbecil juventude futucadora de telefone, é um dos malditos ladrões que tiram
dos seus filhos o direito a um futuro sem os sofrimentos que poderiam ser
evitados pelo dinheiro que roubam, e se vocês não fossem o supra sumo da
ignorância política já estariam promovendo reuniões nas quais seria discutido a
que vilania chegaram seus líderes políticos ao mancomunarem contra a sua
sociedade. O procedimentos dos jovens é de pais desnaturados, indiferentes ao
rumo tomado por suas crianças em sua doce inocência. Como nunca é tarde para se
regenerar, inclusive de burrice, os jovens devem se interessar pelos destinos
de sua sociedade onde o crime compensa à larga como prova o senhor Daniel
Dantas. Na década passada houve um roubo imenso do dinheiro público em conluio
entre o senhor Daniel Dantas e as autoridades, do mesmo jeito que acontece
agora e acontecerá enquanto a juventude não for mais que um troço de bosta na
correnteza. O amigão Google e a amigona Wikipédia terão prazer em explicar tudo
sobre o roubo do senhor Dantas e o acobertamento que lhe deu a justiça se lhe
for solicitado o título OPERAÇÃO SATIAGRAHA. Os funcionários públicos que
tentaram perseguir o ladrão foram perseguidos, e o ladrão, como se vê, está
muito bem, graças a Deus, expressão repetida à exaustão pelo bicho povo.
Fala-se, e muito, sobre o que está errado.
Entretanto, ninguém fala sobre o porquê de estar errado e o que fazer para
endireitar. Este porquê não é outro senão o analfabetismo político que leva
multidões às igrejas e aos terreiros de brincadeiras. Tivessem estas pessoas
sua atenção voltada para o que está sendo feito com os recursos públicos, a
vida seria infinitamente melhor. Não se pode ser indiferente à anormalidade de
terem as autoridades pagas pelo povo para manter a ordem invertido suas
atribuições e passarem a ser promotoras da desordem. Nossas autoridades
atualmente não têm outra função que não se defenderem de acusações, o que fazem
com sucesso simplesmente negando-as, não obstante o trabalho heroico dos jovens
da Lava Jato denegrida por malfeitores e escritores assalariados. Mas, e como
fica a administração pública? Fica cada vez pior, e ninguém se incomoda porque
a festança continua comendo solda. Estive recentemente hospedado num dos
melhores hotéis de Salvador, e embora fosse possível dormir com as três largas
portas abertas que se comunicavam com uma varanda que dava para o mar, de onde
soprava agradável brisa, era preciso fechar as portas e ligar o ar condicionado
por causa do barulho da festa que toda noite, ininterruptamente, ocorria no
largo ao lado. Era até de fazer nojo o comportamento dos jovens na hora do café
da manhã. São tosses e espirros perto das mesas sobre as quais estão expostos
os alimentos. Vi, enojado, uma senhora espirar, passar a mão no nariz, e pegar
na pinça com a qual as outras pessoas pegavam depois dela para se servirem de
pães e bolos. Este é o estado de brutalidade em que se encontra a juventude.
Triste Juventude! Bichos, é o que são os jovens. A experiência de oitenta e um
anos me fez entender quanta razão tinha o deputado Justo Veríssimo, criação
imortal de Chico Anísio, que, entretanto, pecou por eleger pobres como alvo de
sua ojeriza, o que a limita apenas aos desprovidos de dinheiro, quando, na
realidade os desprovidos de evolução mental é que são merecedores de toda a
ojeriza do mundo, uma vez que existem pobres de alta espiritualidade. O
menosprezo, pois, de Justo Veríssimo estaria melhor direcionado se se dirigisse
ao elemento asqueroso povo. Povo merece mesmo é o que tem: ferro no rabo.
Ou a juventude sai da letargia e assume
atitude de seres pensantes ou seus filhos se arrependerão de terem sido postos
nesse mundo onde a morte já não anda a pé nem cavalgando vassoura, mas de
jatinho, cuja força motriz provém do sistema econômico gerador dos monstros
figurantes na listagem do Bloomberg e seus cupinchas treinados pelas Harvards
do mundo para fazer crer à sociedade ser a competição superior à cooperação, o
que torna desumana a economia da qual, segundo a escória do pensamento social mumificado
depende a tranquilidade coletiva que para estes monstros espirituais se resume
a um grupo de imbecis para os quais a vida existe para ajuntar riqueza. O que
está posto como modo de vida, também conhecido por “estabilishment”, é uma
farsa montada por energúmenos mentais que fogem das inovações como Satanás foge
da cruz. A História está repleta de exemplos nesse sentido e o livro Política,
Ideologia e Conspirações, dos historiadores Gary Allen e Larry Abraham, na capa
do qual se lê A SUJEIRA POR TRÁS DAS IDEIAS QUE DOMINAM O MUNDO discorre com
perfeição sobre a realidade de estar o mundo impedido de avançar rumo à
civilização graças ao tradicionalismo arraigado que se recusa a caminhar no
rumo das inovações. Os autores denominam de Conspiração da História ao conjunto
de ideias que embora descartáveis face ao estado de infelicidade em que se
encontra o mundo, em guerras por conta de tais ideias, continuam elas
defendidas a unhas e dentes pelos mendigos espirituais dependentes das tradição
como vampiros da escuridão. Na página 11 deste grandioso livro observa-se que o
tradicionalismo é incutido pelas Harvards e as Sorbones do mundo. Nesse trecho
da página citada os autores explicam o motivo que levam assalariados defensores
à defesa do indefensável: “Em primeiro lugar, porque a maioria dos
acadêmicos segue o rebanho do mundo acadêmico como as pessoas seguem a moda;
nadar contra a corrente implica ostracismo social e profissional. O mesmo
acontece na grande mídia”.
Tá vendo só? De falsidades foi construída a
estrutura social do mundo. Embora a verdade venha aos poucos desbancando a
mentira, como prova o enfraquecimento da mentira da religião e sua influência
sobre as decisões políticas, do poder unilateral sobre vida e morte de que
dispunha o antigo governante. Mas são avanços demasiadamente tímidos estes
avanços. É preciso apertar o passo porque desta forma, vai a juventude
permanecer sempre de quatro à espera do ferro quando, como seres pensantes que
são, apenas não sabem disso, deve levantar a cabeça, encher o peito de ar,
empinar o nariz e resolver mudar a estrutura da sociedade humana para o bem de
seus filhos. Não se deve mais aceitar a perseguição de pessoas sinceras porque
sua opinião contraria a opinião vigente como aconteceu com quem afirmou ser o
sol o centro do sistema solar, ser a Terra redonda, que Deus é uma grande
mentira, e que é inócua e ridícula a ação do Papa beijar o pé do infeliz porque
não é de humildade, mas de arrojo inteligente que a juventude carece. É preciso
deixar o ranço de múmia e avançar rumo à civilização. Embora seja difícil a
tarefa, não é impossível de ser feita. O primeiro passo é esgueirar-se da
influência do pão e circo e se ligar na alfabetização política. Vi, com
tristeza, entre os manobristas do hotel, ao ser mencionada determinada data, um
jovem fazer ligação entre aquela data e o ano que determinado time de futebola
tinha sido campeão. A este estado mórbido de insignificância intelectual foi
levada a juventude pela ação demolidora de mentalidade que a custo de ouro é
sustentada pelos covardes do “estabilishment” através do pão e circo. Inté.
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