sábado, 22 de julho de 2017

ARENGA 437


Diferentemente de um edifício que não pode ter sua estrutura trocada por outra sem ser demolido, a sociedade pode. Além de poder, faz-se extremamente necessário mudar o modo de ser da sociedade humana. Considerando dois importantes aspectos da vida social, o primeiro, de ser a juventude a força motriz da sociedade, e o segundo, o de ser ela, a juventude, herdeira do futuro, somando estas duas realidades a esta outra de ser a vida uma constante fazeção de opções, conclui-se que estes três ingredientes levam à lógica da necessidade de mudança porque a única opção disponível para a juventude é um servilismo não só degradante, mas também tanto injusto quanto injustificável. O primeiro capítulo do livro JUSTIÇA, de Michael J. Sandel, (Civilização Brasileira), entre bilhões de evidências de clamar a sociedade humana por mudança, traz mais uma prova da estupidez e brutalidade que orientam o comportamento dos seres humanos num desprezo absurdo à reciprocidade que deve orientar o relacionamento de seres que se julgam superiores, mas cujo comportamento revela serem ainda tão inferiores quanto os irracionais em sua irracionalidade.  Conta o autor que na Flórida (onde vivem as pessoas que se julgam civilizadas), depois do furacão Charley que matou, destruiu e causou infelicidades, para tirar proveito sobre a situação aflitiva dos infelicitados pelo desastre, prestadores de serviços cobravam preços tão extorsivos pelos trabalhos de socorro às vítimas que foram exigidos vinte e três mil dólares para retirar duas árvores que caíram sobre um telhado, e geradores domésticos de energia que eram vendidos por duzentos dólares passaram a custar dois mil. Tal incivilidade ensejou matéria no jornal “USA TODAY” com o título DEPOIS DA TEMPESTADE VÊM OS ABUTRES. Na verdade, os seres humanos se comportam exatamente com a mesma sanha de abutres na carniça. Consta também que, indignado, o Procurador de Estado da Flórida, Charlie Crist teria feito pronunciamento dizendo-se impressionado com o nível de ganância de tais pessoas ao se aproveitarem do sofrimento alheio para se locupletarem. Embora não seja de se levar a sério a preocupação do senhor Procurador-Geral do Estado, por não ser próprio dos políticos sentirem-se incomodados com a infelicidade alheia, posto serem eles os primeiros a infelicitar os seres humanos, seu discurso político faz alusão à desumanidade dos brutos seres humanos. Sendo a brutalidade a matéria prima usada na construção da base sobre a qual está fundeada a sociedade humana, tem-se a inconsistência desta sociedade uma vez que tal material é incompatível com o monumental peso da espiritualidade que deve orientar o comportamento humano de buscar a tranquilidade acima de tudo em vez de viver às turras nas guerras. Mas como encontrar tranquilidade na cultura da economia política que orienta os seres humanos a se destruírem mutuamente através de uma competição insana?

Da cultura da competição resulta a notícia no jornal Folha de São Paulo, de 14/06/2017, em matéria do jornalista Nelson de Sá, o que não deixa de ser também uma contradição porque a função da chamada grande imprensa da qual faz parte a Folha é justamente perseguir riqueza, atividade da qual resulta a miséria que existe no mundo. É tudo uma contradição infinita a clamar pela sensatez de algum tipo de mudança, mas mudança inteligente. Inovar no sentido de buscar a perfeição espiritual deve ser a função da inteligência. Caso contrário, vive-se como irracionais, ou até pior. Os defensores do ajuntamento de riqueza contam com um séquito de prostitutos da consciência denominados economistas, defendendo a loucura de depender o bem-estar social do desenvolvimento econômico. Porém, a quem serve esse tal de desenvolvimento econômico? À sociedade é que não é. A miséria reinante no mundo de ponta a ponta prova esta realidade insofismável. Multidões de miseráveis vagando mundo afora em consequência desse maldito desenvolvimento econômico do qual resultam monstruosidades como a Bloomberg L. P., empresa cuja atividade é insuflar nos monstros de cujas bocas escorre baba de dragão a fome por mais e mais riqueza. É, na verdade, uma instituição imoral essa tal de Bloomberg L. P. por ter como atribuição fornecer dados do monstruoso Mercado Financeiro para facilitar aos ajuntadores de riqueza seu trabalho nefasto do qual tanto se orgulham que a instituição de que falamos lista os maiores ajuntadores de riqueza do mundo, que muito se orgulham disto. A juventude, única força capaz de se alevantar com inteligência contra a destruição do mundo por estes monstros ajuntadores de riqueza, foi castrada da vivacidade própria dos jovens e se tornou joguete nas mãos inescrupulosas de falsos líderes, na verdade, bandidos travestidos de líderes. Os postos de mando são ocupados por cupinchas dos chefes criminosos que deturparam a nobreza da Ciência Política e transformaram a administração pública numa canalhice que penaliza os jovens indiferentes ao seu próprio futuro. Ministros de Estado têm o mesmo papel de salafrário protetores de quem lhes agraciou com o cargo, defendendo seus chefes criminosos do mesmo modo como fazem os riquíssimos advogados que partilham o roubo com os ladrões do colarinho branco. Deste modo insano de vida resultam notícias como a da Folha de São Paulo, de que tratávamos lá em cima e que é no seguinte teor: “A Bloomberg perfila o ex-banqueiro Daniel Dantas, que acaba de estrear em seu “Billionaires Index” com a fortuna pessoal de US$ 1,8 bilhão, agora como "fazendeiro de gado, especulador de terras e minerador. Seu fundo de investimento teria mais terra, cerca de 500 mil hectares, do que qualquer outra empresa no Brasil. E administra US$ 8 bilhões (R$ 26 bilhões) em ativos, mais que o dobro do montante quando ele foi preso, uma década atrás".

Aberrações como esta, das quais resultará o caos no mundo, são encaradas como coisas normais pelos prostitutos da consciência, arautos do desenvolvimento econômico, sob total indiferença dos prejudicados por tal insanidade: OS JOVENS. Estes pobres e infelizes jovens, graças à ação funesta e devastadora do pão e circo, nem mesmo sabem quem é o senhor Daniel Dantas e o mal que tipos asquerosos como ele lhes fazem. Daniel Dantas, ó pobre e imbecil juventude futucadora de telefone, é um dos malditos ladrões que tiram dos seus filhos o direito a um futuro sem os sofrimentos que poderiam ser evitados pelo dinheiro que roubam, e se vocês não fossem o supra sumo da ignorância política já estariam promovendo reuniões nas quais seria discutido a que vilania chegaram seus líderes políticos ao mancomunarem contra a sua sociedade. O procedimentos dos jovens é de pais desnaturados, indiferentes ao rumo tomado por suas crianças em sua doce inocência. Como nunca é tarde para se regenerar, inclusive de burrice, os jovens devem se interessar pelos destinos de sua sociedade onde o crime compensa à larga como prova o senhor Daniel Dantas. Na década passada houve um roubo imenso do dinheiro público em conluio entre o senhor Daniel Dantas e as autoridades, do mesmo jeito que acontece agora e acontecerá enquanto a juventude não for mais que um troço de bosta na correnteza. O amigão Google e a amigona Wikipédia terão prazer em explicar tudo sobre o roubo do senhor Dantas e o acobertamento que lhe deu a justiça se lhe for solicitado o título OPERAÇÃO SATIAGRAHA. Os funcionários públicos que tentaram perseguir o ladrão foram perseguidos, e o ladrão, como se vê, está muito bem, graças a Deus, expressão repetida à exaustão pelo bicho povo.

Fala-se, e muito, sobre o que está errado. Entretanto, ninguém fala sobre o porquê de estar errado e o que fazer para endireitar. Este porquê não é outro senão o analfabetismo político que leva multidões às igrejas e aos terreiros de brincadeiras. Tivessem estas pessoas sua atenção voltada para o que está sendo feito com os recursos públicos, a vida seria infinitamente melhor. Não se pode ser indiferente à anormalidade de terem as autoridades pagas pelo povo para manter a ordem invertido suas atribuições e passarem a ser promotoras da desordem. Nossas autoridades atualmente não têm outra função que não se defenderem de acusações, o que fazem com sucesso simplesmente negando-as, não obstante o trabalho heroico dos jovens da Lava Jato denegrida por malfeitores e escritores assalariados. Mas, e como fica a administração pública? Fica cada vez pior, e ninguém se incomoda porque a festança continua comendo solda. Estive recentemente hospedado num dos melhores hotéis de Salvador, e embora fosse possível dormir com as três largas portas abertas que se comunicavam com uma varanda que dava para o mar, de onde soprava agradável brisa, era preciso fechar as portas e ligar o ar condicionado por causa do barulho da festa que toda noite, ininterruptamente, ocorria no largo ao lado. Era até de fazer nojo o comportamento dos jovens na hora do café da manhã. São tosses e espirros perto das mesas sobre as quais estão expostos os alimentos. Vi, enojado, uma senhora espirar, passar a mão no nariz, e pegar na pinça com a qual as outras pessoas pegavam depois dela para se servirem de pães e bolos. Este é o estado de brutalidade em que se encontra a juventude. Triste Juventude! Bichos, é o que são os jovens. A experiência de oitenta e um anos me fez entender quanta razão tinha o deputado Justo Veríssimo, criação imortal de Chico Anísio, que, entretanto, pecou por eleger pobres como alvo de sua ojeriza, o que a limita apenas aos desprovidos de dinheiro, quando, na realidade os desprovidos de evolução mental é que são merecedores de toda a ojeriza do mundo, uma vez que existem pobres de alta espiritualidade. O menosprezo, pois, de Justo Veríssimo estaria melhor direcionado se se dirigisse ao elemento asqueroso povo. Povo merece mesmo é o que tem: ferro no rabo.

Ou a juventude sai da letargia e assume atitude de seres pensantes ou seus filhos se arrependerão de terem sido postos nesse mundo onde a morte já não anda a pé nem cavalgando vassoura, mas de jatinho, cuja força motriz provém do sistema econômico gerador dos monstros figurantes na listagem do Bloomberg e seus cupinchas treinados pelas Harvards do mundo para fazer crer à sociedade ser a competição superior à cooperação, o que torna desumana a economia da qual, segundo a escória do pensamento social mumificado depende a tranquilidade coletiva que para estes monstros espirituais se resume a um grupo de imbecis para os quais a vida existe para ajuntar riqueza. O que está posto como modo de vida, também conhecido por “estabilishment”, é uma farsa montada por energúmenos mentais que fogem das inovações como Satanás foge da cruz. A História está repleta de exemplos nesse sentido e o livro Política, Ideologia e Conspirações, dos historiadores Gary Allen e Larry Abraham, na capa do qual se lê A SUJEIRA POR TRÁS DAS IDEIAS QUE DOMINAM O MUNDO discorre com perfeição sobre a realidade de estar o mundo impedido de avançar rumo à civilização graças ao tradicionalismo arraigado que se recusa a caminhar no rumo das inovações. Os autores denominam de Conspiração da História ao conjunto de ideias que embora descartáveis face ao estado de infelicidade em que se encontra o mundo, em guerras por conta de tais ideias, continuam elas defendidas a unhas e dentes pelos mendigos espirituais dependentes das tradição como vampiros da escuridão. Na página 11 deste grandioso livro observa-se que o tradicionalismo é incutido pelas Harvards e as Sorbones do mundo. Nesse trecho da página citada os autores explicam o motivo que levam assalariados defensores à defesa do indefensável: “Em primeiro lugar, porque a maioria dos acadêmicos segue o rebanho do mundo acadêmico como as pessoas seguem a moda; nadar contra a corrente implica ostracismo social e profissional. O mesmo acontece na grande mídia”.

Tá vendo só? De falsidades foi construída a estrutura social do mundo. Embora a verdade venha aos poucos desbancando a mentira, como prova o enfraquecimento da mentira da religião e sua influência sobre as decisões políticas, do poder unilateral sobre vida e morte de que dispunha o antigo governante. Mas são avanços demasiadamente tímidos estes avanços. É preciso apertar o passo porque desta forma, vai a juventude permanecer sempre de quatro à espera do ferro quando, como seres pensantes que são, apenas não sabem disso, deve levantar a cabeça, encher o peito de ar, empinar o nariz e resolver mudar a estrutura da sociedade humana para o bem de seus filhos. Não se deve mais aceitar a perseguição de pessoas sinceras porque sua opinião contraria a opinião vigente como aconteceu com quem afirmou ser o sol o centro do sistema solar, ser a Terra redonda, que Deus é uma grande mentira, e que é inócua e ridícula a ação do Papa beijar o pé do infeliz porque não é de humildade, mas de arrojo inteligente que a juventude carece. É preciso deixar o ranço de múmia e avançar rumo à civilização. Embora seja difícil a tarefa, não é impossível de ser feita. O primeiro passo é esgueirar-se da influência do pão e circo e se ligar na alfabetização política. Vi, com tristeza, entre os manobristas do hotel, ao ser mencionada determinada data, um jovem fazer ligação entre aquela data e o ano que determinado time de futebola tinha sido campeão. A este estado mórbido de insignificância intelectual foi levada a juventude pela ação demolidora de mentalidade que a custo de ouro é sustentada pelos covardes do “estabilishment” através do pão e circo. Inté.  

 

 

 

 

 

 

 

        

 

 

 

 

 

 

 

 

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