quarta-feira, 5 de julho de 2017

ARENGA 430


A paciência do brasileiro, ou a desinteligência, é realmente de estarrecer. E digo com convicção porque se uma pessoa de poucos conhecimentos como eu não aguenta mais ler jornal nem ouvir noticiário por não querer ter náuseas despertadas pelo converseiro nojento e infindável sobre acusações e negar acusações, sobre o que disse o presidente, o ministro, o advogado do ladrão do erário, o deputado, o senador. Se alguém de parcos conhecimento percebe a merda que é tudo isso, nada, absolutamente nada, pode justificar que pessoas de discernimento não percebam o cinismo dessa gente. O de que precisamos é conversar sobre um novo modo de ser. Para tanto, entretanto, de grande proveito é pensar sobre como fomos. Afinal, o passado é excelente escola por mostrar os erros e permitir evitá-los. É por isto que os jovens devem conversar com os velhos em vez de idiotamente achar “prosa” o que eles têm a dizer. Ouvindo-os os jovens poderão evitar tropeçar nos obstáculos onde os velhos tropeçaram quanto eram também inexperientes da vida.

A menos que o computador resolvesse ser tão falso quanto o negar as acusações e a personalidade daqueles que as negam, os inimigos da Lava Jato, seus parceiros que os defendem, há quem leia as garatujas aqui rabiscadas uma vez que são registradas na média mil visitas diárias. Então, não deve este mal amanhado blog estar assim tão em distonia com a realidade da necessidade de mudança, razão pela qual devemos todos fazer ouvidos de mercador para o rame-rame da papagaiada de microfone e buscar as causas de estultice humana a fim de superá-la. Junto a este convite aos jovens para pensar, vai também uma opinião nesse sentido, começando depois do tempo em que nossos antepassados viviam desgarrados, isolados, ou em grupos de um macho uma fêmea e a prole:

Primeiro descobriu-se a necessidade de vida coletiva, descobrindo-se depois que viver em grupo é diferente de viver sozinho porquanto determinados comportamentos precisavam ser observados. Entretanto, a diversidade de caracteres que determina a personalidade de cada ser vivo, racional ou não, impossibilitava haver a uniformidade comportamental necessária uma vez que a variedade de comportamentos dificultava ou mesmo impedia que a vida grupal ocorresse normalmente sem desavenças decorrentes de inveja, ciúme e ódio, geradores de desavenças e violência proveniente de tais sentimentos negativos pelo egoísmo que encerram. Apesar de medíocre, a atividade cerebral levou a engendrar normas de comportamento a serem observadas por todos indistintamente, cuja observação seria imposta por uma força superior a todos os indivíduos o suficiente para obrigá-los a observá-las. Porém, chegaram a esta sábia resolução sem antes perceber que o desenvolvimento mental não superara a fase anterior de bichos da qual haviam acabado de sair. Como é a convicção que dá o tom do comportamento, o medo da fome dos tempos em que só havia comida se fosse encontrada ao acaso, uma raiz aqui, uma fruta acolá, não muitas vezes venenosas, enfim, longo período em que comida era realmente um grande problema. Esta dificuldade continuou a inspirar a necessidade de guardar provisões. Porém, mesmo depois que os alimentos não dependiam mais do acaso graças ao cultivo e domesticação de animais, a preocupação em guardar provisões continuou a orientar o comportamento de disputar posse de provisões na força do braço, o que impediu desfrutar das vantagens da vida em sociedade.

No momento em que o instinto gregário levou à formação de grupos ainda era muito forte a lembrança dos tempos em que a irracionalidade predominava sobre a razão de tal forma que mesmo depois da produção de alimentos permaneceram as querelas de antes dessa fase, razão pela qual o comportamento dos humanos muito pouco se diferenciava do comportamento dos irracionais. É compreensível que tal comportamento perdurasse por algum tempo, visto que uma vez firmada determinada cultura, não é de uma hora prá outra que ela deixa de exercer sua influência. O que não se pode admitir é que nunca chegaram os seres humanos à conclusão da desnecessidade da competição por não haver mais motivo para tal, uma vez que o alimento não mais precisava ser caçado. Apesar de tão clara evidência, até hoje o comportamento das pessoas ainda tem por objetivo acumular provisões. Sem que o saibam, não é outro o motivo pelo qual as pessoas acumulam fortunas inteiramente desproporcionais às necessidades. Estas pessoas precisam ser despertadas da ojeriza pela vida comunitária a fim de perceberem que de suas ações resultará seu próprio infortúnio. Não se justifica viver o presente como foi vivido o passado, em disputas.

Mas não é fazendo devorteios em torno do que disseram as “autoridades” que se vai mudar nada porque elas nada querem mudar. Acostumados à vida mais do que fácil de não saber quanto custa absolutamente nada, do limpar dos sapatos aos jatinhos e jatões cruzando os céus, passando pelas pastas 007, sacolas, cuecas e meias recheadas de dinheiro, é fazer papel de completo idiota dar ouvidos a essa gente em suas falas de mudença. Atente-se para o cinismo com que falam em CONSELHO DE ÉTICA E DECORO PARLAMENTAR. O parlamento resume num imenso aglomerado de parasitas. A ética é a mesma que existe entre os mafiosos, ou seja, solidariedade entre criminosos, e o decoro, este é de pocar de rir.

Ante situação tão calamitosa que jogadores de futebola recebam mansões em Paris e professores recebem porrada; em que criança é baleada ainda na barriga da mãe; em que trabalhadores fiquem sem seus salários porque o dinheiro do pagamento o governador e sua mulher compraram joias; em que o presidente da república faz reunião às escondidas com pessoa que ele mesmo vem declarar ser de bandido; desonestos perseguindo honestos; governo tornado propriedade de grandes grupos empresariais. O que está posto aí é uma sociedade gangrenada por falta de irrigação de moral e decoro que precisa ser extirpada, e o único cirurgião capacitado para a operação é uma juventude menos preocupada em se preparar para ganhar dinheiro do que em viver bem juntamente com os filhos. Se houvesse vantagem em ajuntar um montão de dinheiro para se viver bem, os americanos, franceses e ingleses não estaria se borrando de medo dos fantasmas dos que eles mataram para tomar o que tinham. Viver bem só é possível numa sociedade na qual circule sangue de nobreza espiritual. Inté.   

  

 

 

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