Por não ter
um saco sobressalente, não aguentei fazer leitura corrida de todas as bestagens
bíblicas e passei por cima do resto das baboseiras não só de Gênesis, mas
também de êxodo, Levitício, Números e Deuteronômio, com o que evitei o desgosto
de participar de uma carnificina em inúmeros sacrifícios de pessoas e animais,
além de uma troca de porradas entre Deus e Jacó. É verdade. Está lá em Gênesis,
32; 28 a afirmação de que Deus não só trançou na porrada mais Jacó, mas também entrou
numa ridícula disputa com o governo do Egito, e nessa refrega acontecimentos
dignos de fazer criança dormir são encarados como coisa digna de respeito por
adultos. Os fatos ali narrados não encontrariam abrigo nem mesmo no cérebro
feito pelo Mágico de Oz para o espantalho. Mas, para não dizer que exagero em
não aguentar ler tanta bestagem, tem ainda a afirmação de que a mulher ficaria
imunda durante a menstruação e após o parto (Levitício, 12), ficando proibida
de tocar em coisa santa ou entrar no santuário antes de decorridos sessenta e
seis dias, período no qual voltaria a estar purificada. Mas, para ficar pura de
novo, teria de levar para holocausto um cordeiro de um ano e um pombinho ou uma
rola (pássaro).
Mas, fazendo
do saco coração, ainda consegui passar as vistas em Números, 5; 11, sobre uma
afirmação hilária quanto ao método empregado pelo marido para saber se a mulher
o havia chifrado. Em vez do costumeiro detetive no pé da suposta traíra, a
bíblia manda o suposto cornuto levar a suposta puladora de cerca a um sacerdote,
juntamente com uma quantidade de farinha de cevada isenta de conter azeite e
incenso. O sacerdote, então, preparará
uma beberagem a ser ingerida pela mulher espertinha. Se ela realmente tiver
“deslizado” sua coxa decairá e seu ventre ficará inchado, ficando evidente o
deslize que, na realidade nada mais é do que romper a monotonia de um só prato
todo dia.
Fica, pois,
devidamente esclarecido o motivo pelo qual apenas um saco não dá para ler
corridamente tantas sandices. A cada coisa desse tipo o pensamento se contorce
para entender como pode tanta gente encontrar sabedoria em toda aquela
baboseira. Meu pensamento concluiu que as pessoas não leem corridamente a
bíblia. Elas apenas tomam conhecimento das partes apontadas e interpretadas
pelos gigolôs da fé. Além deste entendimento, resta o de que as pessoas
realmente leem e realmente encontram sabedoria por lá uma vez que a humanidade
é formada por idiotas tão idiotas que adoram até requebradores de quadris e
elevam às alturas quem dá o coice mais violento numa bola ou o soco mais forte
no rosto de um ser humano. Se a humanidade está tão desgraçada, deve-se o fato
à condição de bobos dos seres humanos. Bobos não tem condição de fazer nada
direito. Prova isto o fato de ser o ocupante de cargo escolhido não pelas
virtudes, recaindo a escolha sobre o que conseguir convencer os escolhedores de
que seu adversário ainda é mais safado do que o escolhido. Neste exato momento,
italianos estão protestando contra a cassação de um político que fazia orgias
monumentais com o dinheiro dos impostos, coisa que não acontece por aqui porque
se acontecer de alguma autoridade fiscal de algum partido político comprar uma
só garrafa de Cata Festa para presentear alguma destas agradáveis garotas de
programa com o dinheiro do IPTU ou do ISS, nem é bom pensar o que aconteceria
com o partido responsável pela administração que abrigasse tal descalabro. Mas,
e na Inglaterra? Claro que não há nenhum bobo por lá. Afinal se trata de povo
altamente civilizado. Lá só há demonstração de altíssima cultura e erudição
como a noticiada pela imprensa de homens se internando em hospital para sentir
a for do parto, ou uma pesquisa de caráter altamente científica sobre os
lugares escolhidos pelos empresários para trepar com suas secretárias. Agora,
altíssimo padrão de intelectualidade mesmo, está na apresentação da
personalidade da semana apresentada pela imprensa. Seria de algum cientista que
teria descoberto a cura da gripe, do câncer ou da caxumba? Nadica. A
personalidade da semana apresentada pela imprensa de algo nível cultural
londrina era um jogador de futebola. Assim caminha a humanidade.
Voltando às
bestagens da bíblia, o saco ainda teve alento para dar uma paradinha no livro
de Josué, onde mais uma vez fica demonstrada (Josué, 6; 19) o motivo pelo qual
a religião afirma não haver necessidade de se raciocinar sobre as coisas de
Deus, bastando aceitá-las como são apresentadas, recomendação que visa evitar o
aparecimento da identidade entre as intenções canhestras da religião e as não
menos repugnantes da política, evitando a percepção de que ambas sempre andaram
de braços dados na arte de enganar o povão pagador de imposto e dízimo, para
lhe tirar uma correia do lombo. Esta união se baseia no fato de que a política
precisa da religião para conduzir a atenção do povo para o céu evitando que ela
se volta para o erário. Isto fica evidente na isenção de impostos concedida
pela política à religião. Uma mão lava a outra.
Lá por
volta do ano de 313, o cristianismo era uma balbúrdia tão grande que o
imperador romano Constantino ajuntou na cidade de Nicéia, donde o termo
Concílio de Nicéia, um monte de bispos cristãos e ali se estabeleceu a vontade
de Deus de acordo com a vontade da política.
O
verdadeiro objetivo dos antecessores dos atuais políticos, os escritores da
bíblia, era a gatunagem. Depois de destruídos a fio de espada homens, mulheres,
velhos, crianças, bois, ovelhas e jumentos da cidade Jericó, as riquezas
tomados daquelas infelizes criaturas deveriam ser remetidas ao tesouro do
Senhor. Se já houvesses os Estados Unidos, as bombas teriam substituído as
espadas e as riquezas iram para o Tio Sam e não para Deus como determinado em
Josué, 6; 19. Como se vê, é evidente que o tesouro não podia ser enviado para
os céus e teriam de ficar aqui mesmo no chão e no bolso de alguém.
A
humanidade carece de modernidade. De idéias novas. Enxotar as idéias carcomidas
pelo tempo. Tudo que se fez ou se apregoou até a presente data só serviu para
afundar os seres humanos num mar de lama, falta de vergonha e muita
infelicidade. Não se pode viver sem o exercício do pensamento. É dele que
provém as conclusões sobre como melhor proceder para que se possa viver em paz
por ser a melhor maneira de se viver. Vida atormentada, necessitando estar à
espreita do lugar a ser atacado e destruído para roubar como destruído e
roubado foi o povo de Jericó não vale a pena. O tormento, angústia e o
sofrimento não precisam ser a regra. Se não podem simplesmente serem banidos do
seio da humanidade, pelo menos que se restrinjam à exceção em vez de se
constituírem na regra.
A estupidez
humana aparece desnuda na recomendação de sermos obrigados a amar Deus por ser
simplesmente impossível de ser cumprida uma vez que o amor não pode ser
imposto. Seria como obrigar o faminto a se sentir saciado, mesmo com o estômago
roncando. Ademais, as pessoas que mais amam a Deus são as mais infelizes. É nos
lugares onde grassam a maior pobreza e ignorância onde também se encontra a
maior religiosidade. Enquanto se perde tempo correndo atrás de Deus, perde-se o
tempo de raciocinar sobre como sair do atoleiro em que meteram o mundo. Ele
está totalmente fora do rumo. O conhecimento dos chamados intelectuais não sai
do patamar das citações do que disse fulano ou beltrano há anos e anos
passados. Fala-se o que disse o mais remoto pensador de que se tem notícia até
o economista moderno, o monstruoso de espírito e de aparência Henry Kissinger,
com sua afirmação de que sistema ideal é o que se baseia na competição entre
ganhadores e perdedores, comportamento também defendido pelos brutos do Box e
do futebola. Afirmam também os deformadores de opinião que os dirigentes da
humanidade devem ser os bem nascidos. Bem nascidos para estes monstros é quem
nasce na riqueza. São os eternos puxa-saco das classes privilegiadas na
brutalidade dos mandões bem nascidos que levaram a sociedade humana à
degradação física e moral em que se encontra a ponto de destruir à bala ou veneno
os amantes da paz, ou denegrirem a imagens daqueles que pregam um governo sem
tanto sofrimento cobrindo tais pessoas com impropérios muito ouvidos nas rádios
CBN e Bandeirantes, embora na imprensa mundial não conte seus nomes como ladrões
do povo como sempre acontece com os privilegiados de saco babado pelos
deformadores de opinião em sua filosofia barata que procura inverter a
realidade de que mundo bom seria um mundo de paz e nunca de competição.
Quando a
Revolução Francesa cepou fora a cabeça dos principais privilegiados de então,
novos privilegiados tomaram o lugar daqueles, de modo a que são eles, os
privilegiados os responsáveis por toda a infelicidade do mundo. Quando acontece
de um não privilegiado chegar à condição de dirigir a sociedade como aconteceu
por aqui, sua falta de caráter o levou para o mundo dos privilegiados
juntamente com a família, e passou a gozar das delícias do mundo dos ricos onde
criou raízes e virou amigo de Bush, de Maluf e de Sarney.
Estes tais
de intelectuais repetidores como papagaio do que disseram outros pensadores não
dispõem de idéias próprias. De nada valem seus conselhos. O mundo nunca esteve
em outras mãos senão dos privilegiados e o resultado é o que temos aí. Tanto
não sabem o que falam estes infelizes que suas frases começam sempre por um “eu
acho que”. Quem “acha” é por não sabe, e quem não sabe não deve dar pitaco.
O passado
deve ser encarado como escola, um espelho que mostre ao presente os erros que
podem ser evitados a fim de se chegar a futuro melhor. O passado nos ensina que
a desunião recomendada pelos filósofos papagaios pregadores desse sistema
monstruoso defensor da existência de famintos que precisam vender sua saúde na
forma de força trabalho a fim de sobreviver, resultou na transformação do mundo
em armas e guerras. O país maravilha para eles, por ser o mais rico e,
consequentemente, mais poderoso, é também o que tem mais armas e mais
infelicidades. Embora seu padrão de vida seja o mais alto, é uma altura
sustentada numa base feita de sangue e bombas que arrancam braços de crianças.
Ironicamente, também é um país de alta religiosidade, mas que apóia governos
assassinos e destruidores de Jericós para lhes tomar os tesouros.
O mundo
estará salvo da derrocada para a qual se dirige quando a juventude se ligar nos
pensamentos de Cazuza, Renato Russo, Raul Seixas, John Lenon, enfim, gente
desse tipo. Inté.
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