sexta-feira, 22 de novembro de 2013

BOBAGEM INFINITA


A Revista Veja publicou extensa matéria sobre maconha que confirma plenamente o dito de que o que é do chão não quer colchão. O modo de encarar o problema das drogas pela reportagem é digno de um povo cujo cérebro seja incapaz de elaborar algum raciocínio por mais elementar que seja. Os comentários, então, causam profunda tristeza a quem observa a vida e tem de conviver com pessoas tão inexperientemente bobas. Faz crer que tudo aquilo é uma encenação propositadamente urdida com a finalidade de enganar, como é próprio do sistema capitalista, especialíssimo em mentiras capazes de fazer escravos contentes com sua escravidão. Um comentarista empolgado pela babaquice da reportagem, disse: “Veja arrasou”. Isto me lembrou uma historinha ouvida num boteco: Uma bichinha muito rebolativa se dirigia para a igreja com a bíblia debaixo de sobaco, quando dá com alguns rapazes que lhe fizeram uma tremenda gozação. Nesse momento passa um carro em alta velocidade e dá um verdadeiro banho de lama nos brincalhões. Ao se sentir vingado ou vingada, a bichonilda religiosa eleva as mãos para o céu e exclama: “Obrigada, Jesus, você simplesmente arrasou!”.

É impressionante e intrigante o fato de partirem de psiquiatras e psicólogos, opiniões verdadeiramente bobas sobre o tema. A afirmação “maconha faz mal” usada várias vezes, sugere que alguém seja tão imbecil a ponto de não saber que maconha faz mal tanto quanto também fazem roliúde, coca-cola, açúcar, sal, sol em excesso, água em excesso, cerveja, cachaça, uísque. Tudo isso faz mal e a maioria delas causa tanta dependência quanto a maconha. Tais opiniões só encontram explicação no fato de que seus emitentes não sabem nada sobre a verdade das drogas. O sistema educacional apenas dá aos “sabichões” emitentes das opiniões infantis informações técnicas, o que é bem diferente do conhecimento amplo sobre a problemática que envolve tal assunto, principalmente do ponto de vista social.  Tal conhecimento ultrapassa de muito o fato de se medicar alguém que estragou seu organismo por fumar maconha.

Sociedades com nível de educação infinitamente superior ao nosso encaram o problema das drogas com olhos diferentes dos olhos de técnicos formados pelo sistema deseducacional desta República de Bananas, terra de macacos que imitam apenas o lado ruim das coisas que observam em povos com alguns milímetros na nossa frente na escala da evolução. Nenhum dos enaltecedores das bobagens da reportagem declarou ser ou ter sido usuário de maconha, portanto, falam apenas por ouvir falar. Como os religiosos, nenhum deles já abriu um livro escrito por pessoa realmente inteligente sobre a anti-religiosidade. Para eles, a religião dispensa o raciocínio porque as coisas de Deus dispensam explicação. É porque é e tá acabado.

A maconha é extremamente benéfica na velhice, quando momentos inexplicavelmente desagradáveis atormentam quem se sente infeliz por viver no meio de tanta mediocridade. Sou um destes velhos considerados chatos para a maioria absolutíssima das pessoas incapazes de sentir tristeza ante o quadro de uma menina-mãe na sarjeta a esmolar com outra criança no colo. Para os frequentadores de igrejas entre os quais estarão certamente os escritores assalariados e seus inocentes leitores e opinadores, o sofrimento daquela criança-mãe nem sequer os faz bater a passarinha. Ela está assim por ter se desviado o livre arbítrio. Então, que se arrume. Já para mim, ateu, o sofrimento de todos os deserdados pela vida está simplesmente na perversidade do sistema capitalista ferozmente defendido pelos escritores e pela grande imprensa com seus truques de idiotizar e desviar a atenção de inocentes para o lugar errado.

Fumar maconha, o que fiz por cerca de quinze anos, me aliviava a tristeza de ser obrigado a ver nesse ambiente de seres ideologicamente desprezíveis do mesmo modo como a injeção na veia me aliviava do sofrimento da cólica renal. A maconha é prejudicial apenas para quem não sabe se comportar racionalmente, como os jovens. A única verdade do que disseram os opinadores é que a maconha faz mal. A mim, depois de cerca de dez anos de uso, comecei a perceber aumentar o mal-estar já existente no estômago. Ao concluir que realmente isto acontecia, parei de fumar. Não perco oportunidade de dizer aos jovens que eles não devem se envolver com nenhum tipo de droga exatamente pela falta o autocontrole que os leva à escravidão do vício incontrolável e à ruína total.

Aqui está a opinião sobre o tema das drogas emitida por ninguém menos que o Dr. Alexandre Vital Porto, escritor e diplomata. Mestre em direito pela Universidade de Harvard, que trabalhou nas embaixadas em Santiago, Cidade do México, Washington e na missão do país junto à ONU, em Nova York. Portanto, pessoa de conhecimento sobre problemas sociais infinitamente maior do que o de médicos enclausurados em consultórios cuja experiência não passa do relacionamento com um doente e emissão de receitas. O Dr. Alexandre Vital Porto escreve aos sábados, a cada duas semanas, no caderno "Mundo" do jornal FOLHA DE SÃO PAULO, que publicou a seguinte matéria da autoria daquele experiente cientista social: A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS. Eis aqui sua opinião:

 

“Os astecas comiam cogumelos alucinógenos; os antigos hindus fumavam maconha; os romanos misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca houve sociedade sem drogas.

 

Sem contar os usuários das drogas já regulamentadas, como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e 6,6% da população adulta do mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha, cocaína e anfetaminas.

 

A maioria destes fará uso eventual, sem maiores consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a 13% desenvolverão problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV e doenças infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.

 

De cada cem mortes no mundo, uma decorre de atividades relacionadas ao tráfico de narcóticos. Estima-se que os custos dos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões anualmente.

 

Os prejuízos causados pela atividade ilegal – mas muito lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da população. É como se o povo subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais. É o pior de dois mundos.

 

Em 1961, a ONU aprovou sua Convenção Única sobre Entorpecentes com o objetivo de combater o problema das drogas por meio da repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento, assinado por 184 países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a elaboração das legislações mundiais sobre o tema.

 

No entanto, mesmo em países com leis especialmente severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o tráfico e o consumo de drogas persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse enfoque, a Lei Seca, tentou proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e 1933. O que acabou conseguindo foi transformar Chicago num antro de crime e criar personagens da linhagem de Al Capone.

 

Enquanto se persegue a utopia do mundo sem drogas, o comércio internacional de entorpecentes movimenta cerca de US$ 300 bilhões por ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse dinheiro paga propinas e estimula a corrupção das instituições democráticas.

 

A história mostra que parte da população mundial vai continuar se drogando. Mesmo que, para isso, tenha de desafiar as leis. Se políticas de repressão estrita funcionassem, o Irã não teria uma das legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores índices de dependência de heroína do mundo.

 

Os países que resolveram enfrentar a questão por meio de políticas inovadoras, que consideram o tema como de saúde pública e incluem a descriminalização do consumo de drogas leves, como a maconha, têm tido resultados encorajadores na reabilitação de usuários e no combate à criminalidade e outras consequências negativas da dependência.

 

A proibição das drogas só dá lucro aos traficantes. Não elimina o consumo nem seus efeitos deletérios, mas impede o controle, a tributação e potencializa o problema. Torna-se um fator de corrupção. Mas, acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que "um mundo livre de drogas", como quis a ONU, talvez não seja possível. O jeito é conviver com elas pagando o menor preço.”

Aí está a opinião de alguém cuja visão ultrapassa as paredes de um consultório ou sala de aula destinada e preparar pessoas para não pensar em outra coisa que não seja ganhar dinheiro. É a opinião de quem entende da realidade da vida, principalmente da vida em sociedade, coisa inalcançável por médicos como o que tratou de mim e me disse depois ter eu ficado bom em função das graças da graça de Deus.

Quem nasceu para pardal jamais alçará vôos mais elevados. Inté

 

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