A
humanidade não é composta apenas de seres brutos. Também há entre os humanos
pessoas de fineza espiritual. Mas, para desgraça humana, são os brutamontes que
abrem o caminho por onde todos devem caminhar.
Ontem,
num dos raríssimos momentos em que a televisão não está transmitindo putaria,
futebola, apologia à riqueza, educação financeira para crianças, ou incentivando
a lamentável transformação dos jovens em rebotalhos mentais acampados à espera
do momento de requebrar os quadris no espetáculo musical que só ocorrerá em
trinta dias, o canal 115 da TV Claro mostrava um documentário sobre as pobres e
atrasadas regiões banhadas pelo rio Nilo, onde se podia ver um triste quadro de
total alheamento mental quando pessoas cortavam o pescoço de aves e as atiravam
dentro do rio, convictas de que daquele comportamento brutal resultaria
benefícios para as dificuldades que aquela região inóspita lhes acarretava.
Enquanto
isso, uma bela jovenzinha de doze anos recusou participar da festa do Halloween
promovida pelos pais das crianças do prédio onde moro, alegando tratar-se de alienação.
Nenhuma criança desse tipo permitiria aquele espetáculo grotesco de adultos
sangrando aves e as atiradas ao rio por saber tratar-se de pura ignorância,
maldade e inocência, sem qualquer resultado prático, o que confirma a afirmação
de ser nosso caminho traçado pelos ignorantes. A lição da jovenzinha não foi
aprendida pelos babaquaras que realizaram a macaquice da imitação do Hallloween
do povo americano.
Um
excelente profissional na arte de cortar cabelo, cortava meu cabelo e eu lhe
contei sobre um artigo do frei Leonardo Boff afirmando que a agressão à
natureza tornaria inviável a vida no planeta. Religioso, como a maioria
absoluta dos que nada sabem sobre a vida, e certo da proteção divina que os
protegerá da calamidade prevista pela ciência, afirmou categoricamente o
competente profissional na arte de cortar cabelo que o frei Leonardo Boff não
entende nada de Jesus Cristo. No campo da religiosidade, como pode um perito em
cortar cabelos entender mais de Jesus Cristo do que um perito em religião? A
verdade, entretanto, é que nenhum dos dois entende porque Jesus Cristo nunca
existiu, não passando de uma armação do poder político de Roma. É o que afirma
o Professor Joseph Atwill. Como na religião quem sabe menos sabe mais, Cristo
continuará existindo porque o caminho por onde caminhamos é indicado pelos que
sabem menos como os que não sabem distinguir coco de cocô na grafia. No lugarejo
denominado Quilômetro Cem, na Rio Bahia, havia um anúncio de que ali se vendia
cocô verde. Este é o perfil das pessoas que determinam nosso destino. Pessoas
que se chicoteiam, batem a cabeça em parede de pedra, posicionam-se com a bunda
voltada para o céu, conversam com estátuas, em busca de proteção divina. Lotam
caríssimos templos dirigidos por estupradores, assassinos, hipnotizadores,
malandros de todos os tipos. O número de pessoas mortas e famílias
infelicitadas equivale à infelicidade proveniente das guerras. Porém, nada,
absolutamente nada, pode remover do lugar onde as pessoas deveriam ter cabeça a
certeza de ser a religiosidade a única maneira de se obter a tão procurada
felicidade que, segundo eles, só pode ser encontrada no céu e depois da
morte. Ao mesmo tempo, estão certos
estes pobres de mente vazia que a morte é um horror e que deve ser evitada a
qualquer custo. O sábio Confúcio, porém, há cerca de quinhentos anos afirmava
que só quem desconhece a vida teme a morte.
Desconhecem
a vida tanto quem se apega à religiosidade quanto seus pregadores. Aqueles por
falta de discernimento. Estes, pela ilusão de servir a religião como obstáculo
ao avanço da bestialidade humana. Até dizem que a religiosidade serve de
“freio”, quando, o que vemos é o avanço sempre progressivo desta bestialidade
sem que frenagem alguma a detenha. Ao contrário, os próprios agentes da
religiosidade também o são de estupros, assassinatos, ludíbrios. O único freio
capaz de arrefecer a marcha da brutalidade é a educação. Onde há educação não
se carece de igrejas nem orações, enquanto que os lugares onde grassa a
ignorância são os mesmos lugares onde a religiosidade alcança maior ímpeto,
evidência esta que está levando os estudiosos à conclusão de que na segunda
metade deste século os diversos tipos de crenças ou crendices serão superados pela
descrença. Para se chegar a esta conclusão nem carece de levantamentos e
pesquisas científicas. Basta tirar o tapa-olho da ignorância para se perceber
que onde há maior religiosidade é onde também há os mais elevados índices de
violência, mortalidade infantil e sofrimento. É nestes lugares onde as pessoas
acreditam ter recebido carros como presentes de Deus, embora tenham pago por
eles.
Os
festejadores de Halloween, os que enchem os cemitérios de flores para virarem
lixo em vinte e quatro horas, os que arrancam montanhas de dinheiro do suor
daqueles cuja única recompensa é chorar no corredor do hospital, os que gastam
a saúde em busca de dinheiro para gastar na recuperação da saúde, os que se
deslumbram com as maravilhas dos países enriquecidos com a pobreza dos países
pobres, os que fazem pose na Revista Forbes ao lado de montanhas de riqueza, os
que abarrotam os templos com sua presença e com dinheiro o bolso dos vigaristas
gigolôs da fé, os que escrevem nos carros “presente de Deus”, os que aguardam meses
à espera do requebramento de quadris, os adoradores de falsos líderes, os que
apregoam educação financeira para crianças, os que ensinam aos filhos a
violência dos terreiros de futebola, axé e corrida de carros, estes permanecem
espiritualmente nos galhos das árvores sem saber o que afirma o Mestre do Saber
doutor Ubirajara Brito de que há mais de quatro milhões de anos seus
companheiros abandonaram as árvores, ficaram bípedes, aprenderam a consumir
proteína animal e desenvolveram a capacidade intelectiva.
Será
assim enquanto houver na imprensa notícias do tipo da que foi publicada na
Tribuna da Imprensa de 4/10/13, em matéria do jornalista Pedro do Couto: Brasil desembolsa com juros quase o que gasta com Educação e Saúde. Inté.
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