terça-feira, 19 de novembro de 2013

COMPORTAMENTO INADEQUADO


O mundo carece de valores espirituais. Acreditam os seres humanos que a espiritualidade está nas igrejas ou nas seções espíritas, lugares onde não há nem sombra dela. A espiritualidade está em cada um de nós, mas é simplesmente ignorada e por isso não se manifesta. Ela não está presente em seres brutos. A expressão espiritualidade indica a disposição ou ânimo que orienta o comportamento. O comportamento de quem busca paz dirigindo seu pensamento a uma entidade imaginária e distante está em dissintonia com a realidade porque tal pessoa vive uma fantasia uma vez que os problemas estão à sua volta. A única causa de infelicidade é exatamente a falta de ligação com a realidade. A realidade é que nunca haverá a humanidade de viver em paz enquanto dissociada das causas que produzem os dissabores. Se não há quem não queira se dar bem na vida, também não há quem tenha o ânimo de agir nesse sentido. Das atitudes humanas provém dissociação em vez de união e esta é a causa de todos os tormentos porque é impossível haver um mundinho particular para quem quer que seja. Temos obrigatoriamente de viver em comunidade, o que exclui a privacidade.

Espiritualidade, pois, só há quando se alcança um nível mais elevado, um refinamento, no modo de agir dentro do grupo, o que está muito longe do comportamento humano. Os agrupamentos humanos formados pelas pessoas tidas como as mais civilizadas, como o grupo formado pelo povo americano, inclui em seu seio jovens que disputam quem é capaz de derrubar com apenas um soco no rosto alguém que passa desavisadamente pela rua, não importando de se tratar de homem, mulher, ou idoso. Não precisa ser sabido para saber ser o comportamento destes jovens orientado por total desconhecimento de sociabilidade, superando de muito a brutalidade do comportamento dos animais tidos como inferiores. Se o comportamento é orientado pelo ambiente em que se foi criança, outro comportamento não pode ter adultos que foram crianças em meio à brutalidade e à valorização das coisas medíocres em detrimento das coisas realmente valorosas e capazes de produzir elevação espiritual. Ao contrário, a humanidade caminha para uma degradação moral e espiritual nunca vistas nem mesmo nas épocas chamadas bárbaras porque em nenhuma época anterior a humanidade agiu conscientemente no sentido de sua autodestruição.

Os instintos bestiais que ainda não deixaram o homem nunca foram motivo de orgulho e promoção social, coisa agora verificada. As distorções de conduta que eram erradamente censuradas porque cada um deve ser senhor de suas vontades, se já foram ainda que indevidamente motivo de vergonha, atualmente é motivo de orgulho, o que também não está certo. Como encarará a vida social uma criança que vê sua avó alardeando que deseja ser engravidada por outra mulher? Ou um pai que se fecha num quarto onde vai se deitar com outro homem? Certamente ficará sem entender quando ouvir que a fantasia da sacralidade bíblica condena tal procedimento.

Pela superioridade que a natureza concedeu aos seres humanos eles tem o dever de se comportarem com a superioridade de viver em paz em vez de se igualarem aos bichos que precisam se destruir mutuamente. Esta superioridade, entretanto, só pode ser alcançada pela nobreza espiritual difícil de ser alcançada porque as pessoas dentro dos agrupamentos humanos mais admiradas e merecedoras de louros são exatamente as pessoas mais desprovidas de nobreza espiritual. Ao contrário, quanto mais insignificante do ponto de vista da sociabilidade, maior valor a sociedade atribui a tais pessoas. Se o sujeito adquire massa muscular suficiente para destruir seres humanos, ou se é capaz de escoicear uma bola dando-lhe forte impulso, ou se fica bom na arte de requebrar os quadris com uma guitarra dependurada no pescoço, ou se adquire habilidade para espetar espetos em um pobre touro até matá-lo, ou se dirige um carro mais rápido do que seus companheiros de idiotice, ou se consegue ajuntar de qualquer maneira uma montanha de dinheiro, passam tais pessoas a merecer o título de celebridade, respeito e admiração da sociedade, embora todas sejam prejudiciais à ascensão espiritual necessária a uma vida menos estúpida e, consequentemente, digna do ser humano.

Se a vida não precisa nem deve ser encarada com pessimismo e atitudes negativas, também não deve ser vivida apenas em brincadeiras e fantasias porque se chega inevitavelmente ao momento de se encarar a realidade da morte, coisa refutada pela fantasia. Age-se como se não se tivesse de encarar esta realidade. As únicas coisas merecedoras de reflexão dentro da cultura humana são as atividades relacionadas com bens materiais e esta é uma atitude geradora de infelicidade depois de passada a fase de requebramento de quadris ou a disposição para juntar dinheiro. Se a fantasia é fluida porque feita de enfeites e abstrações, a realidade é feita de concreto e permanente. Inté.  

 

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