terça-feira, 12 de novembro de 2013

ESCRITORES ASSALARIADOS I


A história do capitalismo e das religiões, se espremida, sai sangue e lamúrias. DE ONDE VEM O DINHEIRO? É o título do capítulo XIV do livro HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM, onde seu autor, o escritor Leo Huberman dá uma noção da monstruosidade da forma como se estabeleceu a base desse sistema nefasto que orienta a humanidade de forma tão anti-humana que uma parte dos seres humanos está sendo orientada para a idiotia e outra parte para a monstruosidade de desprezar seus semelhantes e amar os bens materiais porquanto a essência deste sistema perverso é a exploração da humanidade por outros seres humanos dotados de tal presunção e equívoco que se julgam tão especiais a ponto de estarem convictos de que apenas eles devem desfrutar dos avanços que a tecnologia cria para melhorar as condições de vida. A religião sempre esteve de mãos dadas com esta monstruosidade, apresentando-se como intermediária entre um Deus que nunca existiu e o sofrimento de uma humanidade que acredita ser feliz por força da tapeação a que a mantém iludida, acreditando, como crianças, em Papai Noel, sujeitando-se a todos os tipos de desmandos, mas muitíssimo satisfeita com a recompensa à sua espera no céu. Neste exato momento, num cantinho do mundo chamado República das Filipinas, a natureza foi levada pela ação desastrosa do sistema capitalista a produzir um desastre climático sobre seu povo, matando tanta gente que ficou impossível o resgate dos cadáveres cujo mau cheiro impede a respiração dos que não morreram, havendo entre estes quem saqueia as infelizes vítimas já sobejamente infelicitadas. Entretanto, nada, absolutamente nada, é capaz de convencer a humanidade de que nós somos os senhores do nosso destino e que, portanto, devemos produzir nossa própria proteção em vez de buscá-la nas igrejas e orações inúteis. Os lugares onde mais se reza são os lugares mais infelizes.

A religião e o capitalismo constituem as duas pragas de onde provém toda a infelicidade humana. O sistema capitalista desumano e a religião se fundamentam na posse de riqueza. Da simplicidade primitiva de ausência de propriedade privada, descobriu-se que ser dono de alguma coisa tinha vantagem, e que ser dono de muita coisa tinha mais vantagem ainda. Assim, quem era proprietário de algo, passou a usar esse algo como meio de estender sua propriedade sobre mais coisas, dando origem à inversão do procedimento antigo quando o homem descobriu que havia mais vantagem em enfrentar na companhia de outros homens as dificuldades que a vida lhes impunha, e essa novidade que viria a se mostrar prejudicial à humanidade grassou de tal forma que tornou os homens inimigos uns dos outros. Aqueles que dispunham de armas, passaram a usá-las não mais para caçar animais, mas para matar outros homens e lhes tomar o que tivessem conseguido ajuntar.

Numa desumanidade tão grande quanto a dos monstros que tomam dos moribundos lá na República das Filipinas o pouco que lhes resta, assim também, monstros vindos do continente europeu, mais velho e, portanto, com armas mais sofisticadas do que os tacapes e as flechas dos nativos do continente americano, massacraram estes povos e se abarrotaram das riquezas existentes em suas terras, devidamente apoiados pela religião. As Cruzadas são um exemplo fantástico desta parceria demoníaca. O autor citado lá em cima registra uma pequena amostra do caráter de vandalismo quando os holandeses subornaram o governador português da cidade de Malaca para não oferecer resistência à sua invasão, mas em vez de pagar o suborno, mataram o governador para se abster do pagamento. Esta atitude dá bem uma amostra de como os brutos ajuntaram o dinheiro com o qual foi estabelecido o sistema capitalista vigente para infelicidade humana. A transformação em mercadoria de seres humanos aprisionados na África e lançados em porões insalubres dos navios negreiros devia ser suficiente para convencer a humanidade da inexistência de um Deus protetor. Mas, qual o quê, nada tira da mente humana esta fantasia perniciosa que convence haver vantagem no sofrimento, farsa montada pela parte também inocente da humanidade que acredita na vantagem de manter a outra parte enganada e convencida de estar bem, quando, na realidade, está tão escravizada quanto estavam os antigos escravos negros cujo comércio era tão desumanamente rendoso que a rainha Elizabete da Inglaterra, entusiasmada com o lucro obtido na primeira viagem do negreiro John Hawkins, tornou-se sua sócia no macabro negócio e o transformou no cavalheiro Sir John Hawkins, fornecendo-lhe para o transporte de seres humanos considerados bichos um navio chamado Jesus.

O velho Marx afirmou que se o dinheiro vem ao mundo manchado de sangue, o capital vem pingando sangue e lama. Razão tem o pensador. Não há comparação em termos de desumanidade um sistema onde, por exemplo, caso se descubra o processo de cura para o câncer, será ele impedido de ser aplicado para salvar vidas a fim de não prejudicar que se locupletem os monstros da indústria da saúde. É a tal monstruosidade que se submete a humanidade indiferente à realidade e ligada em fantasias. Embora o futuro esteja seriamente comprometido com uma população exagerada não só num compra-compra desembestado, mas também em relação aos recursos que o planeta dispõe. Ainda assim, as pessoas continuam reproduzindo insensatamente a ponto de logo se chegar à cifra inimaginável de nove bilhões de seres humanos a demandar comida, água e energia cada vez mais insuficientes. Mesmo assim, ostentam orgulhosamente suas barrigas estufadas as mulheres para quem ser mãe é sofrer num paraíso onde em breve faltará até o ar para respirar.

Depois de dizimar populações inteiras a fim de saquear as riquezas que vieram a formar o Capital, como mostra a História da qual o historiador referido nessa prosa nos conta, a província de Banju Waing, de Java, tinha em 1750 mais de oitenta mil habitantes, mas que em 1811 aquela população estava reduzida apenas a dezoito mil pessoas. A Inglaterra não deixou por menos na mortandade sobre os indianos. Milhares de nativos morreram de fome porque os ingleses compraram todo o estoque de arroz para especular e só vendiam a um preço tão elevado que eles não podiam pagar.

Enriquecidos por estes meios, os ricos precisavam encontrar novas formas de aumentar suas riquezas e inventaram o capitalismo que foi impulsionado quando da invenção das máquinas ocorrida na Inglaterra. Como as máquinas precisassem de pessoas para pô-las em funcionamento, deram um jeito de tomar as terras dos pequenos proprietários ou posseiros, expulsando-os para as cidades onde teriam de se submeter a um regime escravagista de trabalhar nas indústrias para não morrer de fome. Até criancinhas tenras trabalhavam para atender à gana de riqueza dos monstruosos senhores capitalistas.

É a isto que os escritores assalariados se prostituem para garantir às pessoas inocentes ser beleza pura. Inté.       

 

 

 

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