O livro
Operações Mãos Limpas e Lava Jato – a corrupção se olha no espelho –, de
Rodrigo Chemim, poderia ter prestado serviço infinitamente mais benéfico à
humanidade do que efetivamente prestou se em vez de falar sobre corrupção
tivesse desenvolvido o detalhe dos cartazes portados pelo povo italiano quando
protestava contra a corrupção, e que não escapou à percepção do autor. Esclarecendo:
Na página 18 do livro citado consta que nos cartazes lia-se a frase “Deixai toda a esperança, vós que votais”, copiada
com modificação da monumental obra de Dante Alighieri A Divina Comédia, “deixai toda a esperança, vós de entrais”,
grafada na porta de entrada do inferno. A ideia de unir a impossibilidade de se
ter esperança (em algo de bom) tanto para quem entra no inferno quanto para quem
escolhe líderes nas eleições é tão brilhante quanto a ideia de Rodrigo Chemim
em nos dar conhecimento de terem os protestantes italianos feito esta
comparação genial porque de eleições resultam nada mais do que isto que aí
está: um conluio entre “autoridades para atochar o ferro no rabo do povo. Entretanto,
desenvolver o tema sobre a inutilidade de eleições no tocante ao bem-estar
social é mais importante do que discorrer sobre corrupção porque as eleições
são a causa da desesperança, enquanto que a corrupção é o efeito. Como não se
elimina o feito sem eliminar a causa, tem-se que discorrer sobre a corrupção é perda
de tempo por ser impossível impedir que pessoas com personalidade modelada pela
cultura do “cada um por si”, do “levar vantagem”, e a de ter a riqueza como
norte para a atividade de viver possam se conter diante da montanha de dinheiro
público sem avançar sobre ela.
Ao
contrário do que afirma Olavo de Carvalho na introdução do livro Como Vencer um
Debate Sem Precisar Ter Razão, de Arthur Schopenhauer, página 28, Editora
Topbooks, que cada homem já nasce com sua filosofia pronta, tal afirmação não
corresponde à realidade porque o modo de pensar, agir e se comportar de cada um,
seu modo de encarar a vida (sua filosofia), depende mesmo é do ambiente no qual
viveu a infância e juventude. Uma vez ingerida junto com o leite materno a
cultura do levar vantagem sobre os semelhantes, é simplesmente impossível que
por meio da eleição seja escolhido alguém que possa desprezar a brutalidade do
instinto de rato. É por conta da influência da cultura de sua época que na página 3 de O leviatã Hobbes afirma que agressão verbal não é abuso se dirigida a subalterno.
Que fazer,
então, se não se pode prescindir de liderança, e se ladrão não serve para
líder, e se as pessoas que se propõem a líderes o fazem justamente por serem
ladrões? Diante de tal situação, resta engendrar uma forma de substituir por outra
a atual organização social porque do contrário matraquear-se-á eternamente
sobre a incompatibilidade entre o que é e o que deve ser. Inté.
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