O filósofo
brasileiro Marildo Menegat, no livro As Críticas do Capitalismo em Tempos de
Catástrofes, dá uma grande lição ao mundo ao recomendar a necessidade de
repensar Marx. Isto é exatamente o contrário do que dizem mundo afora os
defensores ferrenhos que acompanham qualquer tipo de governo, por mais torpe
que seja. Aliás, todo e qualquer governo se fundamenta na torpeza de usar da
facilidade com que a população se deixa levar, para, com isto, tirar proveito
dela de forma tão canalha que vieram os governantes a se constituírem numa
casta tão privilegiada que para ter vida faustosa basta ser bamba na arte da
canalhice de fazer a massa bruta e festiva de povo acreditar estarem as
“autoridades” interessadas em seus problemas. Empresários negligenciam suas
empresas para fazerem parte de governos dada a facilidade com que adquirem nova
fonte de renda com nova forma de levar vantagem sobre a população. O que há de
mais interessante nisso tudo é que a população, como criancinhas de colo, se
deixa engabelar pelo séquito de defensores que acompanha todo governo como a
matilha acompanha o caçador, e que nem sob tortura admite a necessidade de se
buscar algo de novo, alguma coisa diferente desta realidade de ter sido a
população escravizada pelas “autoridades”.
Mas o objetivo
desta “prosa” é meditar sobre a necessidade de repensar Marx, aventada pelo
filósofo brasileiro, porquanto a matilha que acompanha os governos cai de pau prá
cima daquele velho pensador. Pelo menos uma das muitas recomendações feitas
pelo odiado Marx, merece profunda reflexão: aquela que diz ser necessário mudar
o mundo em vez de apenas analisá-lo como fizeram os filósofos até aqui. Não
obstante a turba de lambe-botas de qualquer forma ou sistema de governo, é
indiscutível a sensatez da afirmação do velho Marx.
Estas
conjecturas me ocorreram ao encontrar o seguinte trecho na página 53 do livro A
Ética Protestante E O Espírito do Capitalismo, de Max Weber: “O som de teu martelo às cinco da manhã, ou
às oito da noite, ouvido por um credor, deixa-o tranquilo por mais seis meses;
mas se ele te vir à mesa de bilhar, ou ouvir tua voz em uma taverna, quando
deverias estar ao trabalho, reclama o seu dinheiro no dia seguinte ...”.
Muito ouvi
falar na universidade sobre o senhor Weber como figura proeminente no mundo da
intelectualidade. Entretanto, neste pequeno trecho, vê-se que sua filosofia é a
mesma dos egressos das Harvards do mundo quanto à valorização acima de tudo da
necessidade de trabalhar e trabalhar sem parar para produzir riqueza. Mas, se desta
orientação, seguida no mundo inteiro, resultou em se encontrar o mundo nesse
estado de infelicidade crônica envolto em beligerância, fome, doenças,
sofrimento e desassossego, não é de se botar fé na recomendação do senhor Weber,
ao passo que não se pode dizer a mesma coisa da recomendação de Marx quando
afirmou ser necessário mudar o mundo. Disto não se pode discordar porque o
mundo se encontra na situação absurda de estar noventa e nove por cento da
riqueza existente em mãos de apenas um por cento da população, resultando daí
ter se tornado grande babaquice trabalhar duro como recomenda o senhor Weber
porque parte do produto desse “trabalhar duro” vai para a riqueza dos ricos e outra
parte para os miseráveis dependentes de assistência social a título de esmola.
Seguir a orientação do senhor Weber, na verdade, significa trocar a vitalidade
pelo direito de comer, se abrigar e levar as crianças para conhecer a Disney. Onde
fica a nobreza, a diferença que faz ser um ser humano? Tirando a Disney, as
demais atividades também são comuns ao asno e conhecer a Disney é também
asnice.
“Trabalhar
duro”, na verdade, é parte do pão e circo. Talvez a parte mais eficiente porque
se os outros elementos do pão e circo: religião, esportes e festas têm por
objetivo de impedir o desenvolvimento do raciocínio, fazendo com que o racional
se comporte como o irracional, o “trabalhar duro”, além de não deixar tempo
para a meditação, ainda contribui para satisfazer a avareza dos ignorantes
ricos donos do mundo em sua tarefa satânica de abastecer suas caixas-fortes dos
infernos fiscais com o suor da cara de quem trabalha duro. Assim, pois, inté.
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