quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

ARENGA 540



         No tocante à posição ridícula deste belo país de triste sorte (e povo), o livro – TEM SAÍDA? – apresenta duas sugestões, ambas de uma infantilidade que lembra a criança emburrada por não poder levar para casa o buraco que tinha feito na areia da praia. A primeira sugestão diz o seguinte: “A saída, nessa lógica, seria aprovar um pacote de austeridade e reformas de enxugamento do Estado”. Ora, austeridade significa aplicar corretamente os recursos públicos, o que significa não gastar mais do que o necessário para cada obra.  Assim, é infantilidade supor que as “autoridades” e as empreiteiras concordariam em perder sua fonte de riqueza.

Na mesma infantilidade incorre a segunda parte da primeira sugestão porque enxugar o Estado quer dizer privatização. Mas, o que é a privatização senão mais uma das muitas modalidades de atochar o ferro no rabo dos frequentadores de igreja e requebradores de quadris no axé e no futebola? Alguém tem dúvida? Então leia o livro Privataria Tucana e o resultado das pesquisas do jornalista de verdade Hélio Fernandes no jornal Tribuna da Imprensa, que por contrariar os interesses inconfessáveis dos ricos responsáveis pela miséria do mundo, foi obrigado a desaparecer.

A segunda sugestão também infantil diz o seguinte: “Precisamos romper com essa lógica e propor outro modelo econômico para o País, a começar por romper com a subordinação à lógica do superávit primário. Não é possível que o Brasil siga utilizando os recursos do esforço produtivo do País para pagar juros de uma dívida que sequer passou por auditoria. Uma dívida que, quanto mais se paga, mais cresce”. Se a política vigente no mundo tem exatamente a função de tirar dos pobres para dar aos ricos, e sendo a agiotagem parasitária a forma mais eficiente de tirar de quem precisa para dar a quem não precisa, isto é, os ricos, não há que cogitar de estancar a sangria pela dívida externa. Na lógica dos ricos que parasitam a sociedade, errado seria fazer uma auditagem sobre a dívida porque a conclusão seria de que teriam de devolver grana bastante para não precisar de reforma da previdência. No que diz respeito ao “quanto mais paga mais deve”, está perfeitamente dentro da lógica da agiotagem que encontra nessa republiqueta de banana e de canalhas seu ambiente perfeito porque a vantagem do agiota está justamente nos juros. É por isso que os credores parasitas não querem receber o principal. É como o carrapato que só leva vantagem enquanto o boi existir. Saldar a dívida, para os agiotas, é o mesmo que matar o boi, para o carrapato.

O único problema que existe no mundo é a falta de reflexão sobre a vida. As pessoas se preocupam exclusivamente com seu lado material e não têm tempo de pensar no lado espiritual. Afirma-se até que a vida deve ser dedicada a adorar deus. Pode haver mais insanidade? Se deus não leva vantagem alguma em ter saco puxado por meio da adoração, os puxadores do saco dele perdem muito em não cuidarem para que seus filhos tenham condições de viver daqui a mais alguns anos porque a situação já está tão desgraçada que se não chove acontecem as terríveis consequências da falta d’água, mas se chove acontecem as terríveis consequências das enchentes. E haja saco para tanta burrice. Inté.






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