No Yotube, os
jornalistas Fábio Panunzio, Fernando Mitre e Antônio Teles entrevistam o
filósofo Mário Sérgio Cortella sobre Jesus Cristo. Os entrevistadores
demonstram grande conhecimento sobre o assunto, e o entrevistado dá um
verdadeiro espetáculo de erudição, esclarecendo, inclusive, a diferença entre
místico e mítico. Em outra fonte de informação, o livro Entender Filosofia,
Editora Leya, Dave Robinson e Judy Groves, seus autores, sugerem que os
primeiros filósofos, os sofistas, puderam se dedicar à arte de pensar graças à
ociosidade, porquanto naquela época eram os escravos que trabalhavam. Fazendo-se
de conta ser filósofo e pensando sobre estas duas fontes de informação, chega-se
a duas conclusões: a de que os seres humanos não pensam porque suas atividades
não lhes deixam tempo para isto e a de que os poucos que pensam o fazem por
força da atividade de suas obrigações. Como para falar é preciso pensar antes
sobre o que se vai falar, os poucos que pensam o fazem pela mesma obrigação que
têm todos os trabalhadores: executar as tarefas que lhes são determinadas pelos
patrões. É aqui que está o porquê de apesar de tanta erudição, as conclusões
das poucas pessoas que pensam passam ao largo de qualquer importância do que
diz respeito à qualidade de vida, ao contrário da conclusão a que chegou o
pensador Carl Marx quando afirmou sensatamente que os filósofos têm se limitado
a descrever o mundo, mas o de se precisa é
mudar o mundo.
É sobre a
necessidade de mudar o mundo que devem se ater as atenções. O comportamento da
humanidade equivale ao comportamento da tripulação que embora se encontrando num
navio fazendo água, se recusasse a reconhecer um problema a ser resolvido e
prosseguisse viagem como se nada estivesse acontecendo. O fedor que toma conta
das cidades, a ingestão e inalação de venenos, a extinção das águas potáveis, a
exacerbação das secas e das enchentes, o apossamento da riqueza do mundo por
apenas um por cento de sua população, o uso da terra para produzir riqueza
através de negociatas, a estrutura social em forma de pirâmide na qual os
abastados ocupam a pontinha do vértice, a base de necessitados, e praticamente
todo o corpo ocupado por escravos obrigados a manter a pose dos abastados do
vértice e mitigar a fome dos necessitados da base, tudo isso evidencia a necessidade
de mudança a que se referia Marx. Embora indiscutível a sensatez desta
afirmação, é, contudo, negada pela obtusidade mental dos ocupantes da pontinha
da pirâmide por meio de defensores por eles assalariados para manterem no ar a
peteca da distorção dos assuntos apresentados pelos meios de comunicação de sua
propriedade. É aqui onde está a explicação de tanta conversa jogada fora
enquanto a extinção da vida se torna cada vez mais presente.
Apesar de
causar espanto esta realidade, espanto ainda maior causa o fato de permanecer a
humanidade num eterno coma induzido que a torna indiferente à situação
terrivelmente adversa a que está sendo conduzida em função da falsa necessidade
de riqueza que orienta o comportamento dos seus condutores. Desta forma, para
que ocorra a mudança capaz de redimir o comportamento estúpido da humanidade é
necessário que ela desperte do sonambulismo fantasioso que a leva a festejos,
foguetórios e curtição de demonstrações estéreis de erudição quando o ambiente
está mais para luto. Inté.
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