domingo, 11 de outubro de 2020

ARENGA 452

 

O historiador marxista Eric Hobsbawn declara no livro Tempos Interessantes que sua causa era nobre por visar a emancipação da humanidade. Realmente, nobilíssima tal causa. Entretanto, um instante só de reflexão é quanto basta para se concluir estar a humanidade realmente necessitada de quem a resgate do pior dos males, a estupidez em que chafurda até à medula. Entretanto, outra reflexão leva a nova conclusão, a de ser aparentemente impossível resgatar do suicídio um suicida convicto.

O próprio doutor Hobsbawn reconhece que seu trabalho é prejudicado em função de suas ideias inovadoras. Aí está. O que é do chão não quer colchão. São incontáveis os que como o doutor Eric Hobsbawn dão prova da dura realidade descoberta por Bernard Shaw: “Os sábios são tão odiados que são envenenados com cicuta, crucificados ou queimados”.

O que apraz a turba espiritualmente repugnante humana é jogo no Maraca, escola de samba na avenida, romaria para Aparecida, desfile de gays e lésbicas na Paulista, missa na Praça de São Pedro, notícias de “famosos” e “celebridades”, criaturas tão insignificantes que têm vulgaridades por único mérito. Absolutamente nada é capaz de tirar o tapa-olho que o pão e circo colocou na massa bruta de povo que a impede de perceber a condição servil de carregar no lombo estúpido o peso da hospedagem para uma plêiade de parasitas que assopram com diversão enquanto lhe atocha impiedosamente o ferro.

Esta é a real situação humana: muitos explorados por poucos exploradores que apesar de poucos, sugam impiedosamente a vitalidade dos imbecis tão conformados com sua condição de servilidade que ao se sentirem sufocados pelo peso do fardo que os maltrata, voltam o olhar de cachorro pidão para cima e exclamam: SEJA FEITA A VONTADE DE DEUS.

Espíritos elevados não são bem-vindos à humanidade. Incapazes de elevar-se espiritualmente acima do solado do sapato, compraz-lhe a companhia de mentalidades torpes o bastante para se acharem merecedoras de fama e celebridade pelo mérito de serem portadores de baixeza moral suficiente para permutarem a dignidade por dinheiro e deturpar a sensualidade expondo vulgarmente em público suas genitálias. Foguetórios e festejamentos que pipocam por todo lado complementam a felicidade do mundo insignificante da laia humana.

Como rochas são desbastadas pelo vento e furadas pela água, não resta dúvida de que a teimosia dos eternos teimosos em levar luz à escuridão mental vai, aos poucos, abrindo brechas abertas pela inteligência com que a natureza brindou o ser humano, e algum dia a sabedoria prevalecerá sobre a burrice. Disto não há dúvida. Os exemplos são edificantes. Não se queimavam seres humanos em nome de deus? Já não se comprou passaporte para o reino divino? É, ou não é animador o fato de não se fazer mais isto? Pois é.

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