terça-feira, 13 de outubro de 2020

ARENGA 453

O convívio com a insensibilidade necessária à maldade de levar vantagem tornou os seres humanos infensos à sutileza de perceber que já não confiam mais nem em si mesmos. Daí o hábito de pedir ao acompanhante para confirmar o que acaba de dizer, (“não foi, fulano?”).

A recusa em evoluir espiritualmente eternizará no ser humano a sordidez de engendrar artimanhas que possibilitem parasitar outros seres humanos cuja passividade os habituou na condição de eternos hospedeiros.  Como disse mestre Rousseau, “Uma vez acostumados a ter senhores, os povos se tornam incapazes de dispensá-los. Se tentam se livrar do jugo, se afastam ainda mais da liberdade”.

Uma característica que marca o comportamento humano e que deve merecer atenção é a impossibilidade de superar as crendices que tanto mal fazem induzindo imaturidade mental. Mestre Rousseau, por exemplo, apesar da percepção aguçada o bastante para nos levar àquela sábia conclusão, num retrocesso mirabolante, sugere que o homem teria recebido preceitos provenientes de deus. Se nesta afirmação houvesse a mesma veracidade da primeira, deus seria uma entidade de suprema malignidade porque o comportamento do homem demonstra a maldade que justifica o “MATAI-VOS UNS AOS OUTROS” de Bernard Shaw, em Aventuras De Uma Negrinha Que Procurava Deus.

É preciso escrever em todos os muros do mundo (expressão do mestre Nietzsche) que jamais existiu o deus do qual se espera obter felicidade porque a humanidade nunca foi, não é, e não será feliz pedindo e esperando em vez de buscando por si própria. Se fazer morrer é o forte do homem, é porque ele está bem longe de poder ser feliz. O Livro do escritor Rodrigues Alvarez, JESUS, O HOMEM MAIS AMADO DA HISTÓRIA nos mostra que se alguém tão amado foi submetido por seus semelhantes a destino tão trágico, a lição que isto dá é de se encontrar o homem ainda na fase de bicho-fera, donde se conclui ter a mesma origem e índole das feras.

Ser indiferente ao sofrimento de Cristo e se achar beneficiado pelo seu flagelo é ser tão vil quanto os brutamontes que impingiram tamanho sofrimento àquela inocente criatura que se arvorou a desafiar o poder político que sempre existiu para privilegiar grupelhos de parasitas que rodopiam em torno dele. São vermes tão traiçoeiros quanto os vírus. Quem quer que represente algum tipo de ameaça ao parasitismo destas bestas humanas, como tem sido feito através dos tempos, haverá de se dar mal.

A semelhança entre a brutalidade dos humanos e a das feras evidencia que são os homens os únicos responsáveis por si mesmos, sendo imaturidade as afirmações contrárias a esta realidade. O tempo mostrará do mesmo modo como mostrou que eram infundadas as crenças hoje transformadas em mitologias.


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