sexta-feira, 18 de abril de 2014

ARENGA NÚMERO DEZENOVE


 

Na Arenga Dezesseis cometi a barbaridade de assassinar nosso artista maior Ney Matogrosso, e peço perdão não só a ele, mas também a todos os brasileiros porque todos o amam. Agradeço a meu esperto amigo Saló-Judson a advertência sobre o engano e a honra de dedicar parte do seu precioso tempo à leitura das bestagens que escrevo. É que me referia às tramóias urdidas por debaixo do pano no mundo da politicagem e misturei os nomes do deputado Clodovil que se insurgiu contra as práticas da política brasileira (e por isso o mataram) e o nosso Ney que criou a música de nome Por Debaixo dos Panos. É claro que o grande artista nunca tomará conhecimento de que o matei, e nem que desejo tenha ele muita saúde para continuar nos encantando com seu talento.

De outro amigo, o escritor Edmilson Santos Silva Movér, também um sonhador com um mundo melhor para as encantadoras e fofas criancinhas de hoje, recebi mensagem acompanhada da recomendação de passá-la para os contatos, sobre o surgimento de um grande movimento nacional de renovação política pleiteada pelo povo brasileiro esclarecido. Como aprendi com os Grandes Mestres do Saber a pensar sobre as coisas, estou pensando sobre este movimento do povo esclarecido, pensamentos que se fazem acompanhar de alguma apreensão. Não resta a menor dúvida de estar errado tudo o que aí está como certo. Em todo o mundo o que se vê são barbaridades de assustar, uma vez que a organização mundial tem por base um sistema tão sofisticado de exploração humana que os próprios explorados se sentem felizes em sua escravidão. Não pode ser outra coisa senão escravo quem passa a vida trabalhando em troca de um salário mínimo e uma velhice doentia e chorosa num corredor de hospital e na televisão. Os escravagistas que promovem tal estado de coisas não são civilizados porque civilização implica em convivência harmoniosa e salutar, o que inexiste em quem infelicita uma pessoa sob qualquer pretexto, principalmente em troca da falsa vantagem em acumular riqueza para mostrar na Revista Forbes.

A afirmação de ser um movimento do povo brasileiro esclarecido é que bota a pulga atrás da orelha dos pensamentos por deixar ver um excesso de otimismo em se falar de “povo brasileiro esclarecido” por não sermos um povo esclarecido. A situação conflituosa em que se encontra o mundo é a mais eficiente prova de não haver povo civilizado em parte alguma, muito menos o povo brasileiro conhecido pelas baixas qualidades que levou o cientista Charles Darwin a declarar que “o brasileiro não tem as qualidades que dignificam o ser humano”, como nos lembra o jornalista Alex Ferraz da Tribuna da Bahia. Em toda sociedade há pessoas esclarecidas realmente. Mas são tão poucas que o peso da malta de ignorantes anula a participação do seu esclarecimento na organização da sociedade. Como de uma mudança pode resultar uma situação pior que a anterior, não deixa de causar apreensão o resultado de alguma mudança feita pelos brasileiros porque seu raciocínio é elaborado na parte do corpo destinada ao requebramento e ao vaso sanitário.

A alusão de que o clima político a ser mudado é semelhante ao da Revolução Francesa, quando o povo clamava por justiça, aciona também o desconfiômetro. Foi aquele movimento de mudança que deu origem à monstruosidade da situação atual. Seu resultado foi trocar por novos os velhos infelicitadores do povo. Se naquela época os trabalhadores eram obrigados a sustentar uma corja de perdulários bailarinos de valsa, atualmente os trabalhadores sustentam corja muito maior em mordomias também maiores entre as quais se inclui até orgias no azul do céu, implante de cabelo e palácios onde se imita a vida dos deuses do Olimpo, incluindo templos destinados à adoração dos moradores desses palácios e à perpetuação de sua lembrança para o caso de ter oportunidade de voltar a ser um deus outra vez. Não se questiona a necessidade de mudança. O fato de não se justificar mais a presença do rei/deus e nem de rei nenhum prova a necessidade de mudança porquanto tais figuras estão por aí bem na deles. Aí está o chefe da administração pública do Uruguai provando que a autoridade não precisa ser nenhum deus, mas que não é diferente das outras pessoas.

Apesar da evidência de que a continuação da situação em que vivemos vai levar à infelicidade as crianças de hoje, é temerosa a mudança proveniente de pessoas tão alheias à realidade que lotam igrejas para enriquecer pastores e expor a última novidade do mundo “fashion”. A única inovação produzida pelos brasileiros até hoje reporta apenas a novas danças e novos métodos de criminalidade. Não se pode esperar nada de bom a partir de um povo dividido entre quem vive de esmola, quem tem por maior aspiração fazer compras em Miami, e quem admira tanto os estrangeiros a ponto de presenteá-los com suas riquezas naturais. Com tal mentalidade, como esperar lucidez suficiente para organizar uma sociedade agradável?

Conforme pediu meu amigo, passei adiante a mensagem de convocação para o movimento de mudança. Não podia deixar de fazê-lo porquanto ninguém anseia mais do que eu por um ambiente onde os jovens valorizem a vida e não tenham motivos para destruir ninguém, muito menos a si próprios, porque tal comportamento resulta do destrambelhamento que o modo antinatural de viver lhes embaralha o sistema nervoso. Mas, o que esperar de uma juventude tão inexperiente que desconhece a diferença entre as palavras “come” e “comer”? A incoerência encontrada nas crianças é a mesma dos jovens em geral. Há tempos escrevi uma bestagem intitulada Conversa com Deus, frisando a indiferença dos jovens quanto à necessidade de analisar as informações recebidas, aceitando-as de pronto como verdadeiras, o que suscitou o seguinte comentário de um religioso: “Para quem não “crer” em Deus nenhum argumento é possível; para quem “crer”, nenhum é necessário”. Esta simples ocorrência denuncia distanciamento da realidade e é motivo da preocupação quanto ao resultado da mudança proveniente de pessoas tão inocentes quanto nosso religioso comentarista. O fato por mim alegado da falta de análise sobre a informação recebida a fim de chegar à conclusão de ser falso ou verdadeiro o conteúdo daquela informação, em vez de ser contestada como ele pretendia, foi, ao contrário por ele confirmada ao dizer que nenhum argumento é necessário para que o religioso seja religioso. Isso foi o que eu disse. A religiosidade decorre exatamente da desnecessidade de se pensar a respeito das afirmações santas. Os religiosos nem mesmo sabem o motivo pelo qual se tornou religioso uma vez que nasceu sem ser religioso. Outra demonstração de inocência do nosso comentarista religioso é que ele nem distingue a diferença entre “crer” e “crê”, do mesmo modo como me disse espantado um professor ao constatar que os jovens não sabem que a palavra “comer” termina em “r”. Além disso, não se pode esperar outra coisa senão burrice de um povo que apoiou a mudança feita contra ele próprio em 1964, como se pode ver através da leitura do artigo do grande jornalista Mauro Santayana intitulado A CRISE DA RAZÃO POLÍTICA E A MALDIÇÃO DE BRASÍLIA, à disposição dos poucos que sabem ler no amigão Google, movimento aquele que tem tudo a ver com a infelicidade das criancinhas de hoje.

Motivo de sobra para se desconfiar da mudança promovida por requebradores de quadris e admiradores de “celebridades” e “famosos”. Né, não? Inté.   

 

   

 

 

 

  

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