segunda-feira, 28 de abril de 2014

ARENGA VINTE E CINCO


 

Militar não foi feito para governar. Militar foi feito para brigar. Por isso que um fuzil fica melhor em suas mãos do que a caneta. O militarismo é resquício dos tempos bárbaros em que atacar alguém ou um povo inteiro para lhes tomar os pertences era a coisa mais natural do mundo. Como fica muito feio demonstrar incapacidade para evoluir, embora os costumes continuem bárbaros, inventam-se pretextos para os saques que lhes dão um verniz de qualquer outra cor diferente das que realmente tem os brutos saqueadores. Está a anos luz na evolução um esclarecimento espiritual que permita aos ainda bichos humanos uma percepção de outra realidade que não o acúmulo de riqueza e isto torna impossível a seres extremamente individualistas e ávidos por dinheiro, ter em suas mãos fortunas imensas sem lançar mão delas para atender a falsa necessidade de garantir a segurança do seu grupo familiar, crasso erro de quem acredita poder adquirir paz através de violência.

Em 1964, nesse Brasil de quem só não desfruta quem não quer, os militares tomaram o poder e governaram do jeito que lhes foi ensinado a fazer as coisas: com violência, e não podia ser de outro jeito porque só se pode fazer algo da maneira como se aprendeu a fazer. Como precisavam esconder a realidade, e diante do fato claro de que o povo existe para ser feito de bobo, lançaram mão do verniz dissimulador e alegaram estar agindo em defesa do patriotismo, Deus e as famílias, todos ameaçados que se encontravam pelo perigo do comunismo. Nunca é demais frisar a facilidade com que se engana o povo requebrador e freqüentador de igrejas. O motivo que leva os Grandes Mestres do Saber a espinafrar o povo/manada é sua infantilidade, e quem procura conhecer algo do que eles nos ensinam percebe que o povo se comporta como cãezinhos e gatinhos para os quais merece consideração quem lhes dá comida. Taí a esmola do programa Bolsa Família angariando para o PT a consideração popular. A única diferença entre cães e gatos e o povo é que os dois primeiros detestam estampidos, enquanto o povo gosta tanto deles que os provocam de vários tipos e a todo instante e tem até fábricas para produzir elementos que explodem e provocam surdez, acidentes e mortes.

Não é possível harmonizar quem pensa com quem não pensa. É por não pensar que o povo não vê a necessidade de desacreditar nesse seu Deus tão impotente que precisa dos nossos valorosos, mas pobres militares com suas espingardas de chumbo para defendê-lo de um punhado de jovenzinhos comunistas.

Convencido o povo da nobreza do seu gesto, os militares botaram prá quebrar em cima dos meus colegas universitários. Prendeu, espancou e matou jovens embevecidos por ver vigorar idéias pensadas pelos grandes gênios que a humanidade produziu e que recomendaram em sua sabedoria ser a paz melhor que a guerra e que a vida seria infinitamente melhor para todo mundo se não houvesse tanta pobreza cuja única causa é o excesso de riqueza amontoada num só lugar. Esta situação de famintos num lado e super abastardos no outro lado, coloca-os na situação de um osso, uma corda e um cachorro na seguinte disposição: A corda prende o cachorro a uma estaca e não permite que ele alcance um osso perto, mas inalcançável por mais que se esforce o cachorro. Porém, de tanto esticar, não pode ser que a corda venha a quebrar? E se quebrar, aquele osso vai ser ruído ou não vai? É por isso que a rapaziada comunista pretendia fosse adotado um sistema sem que ninguém estivesse de olho gordo no que é dos outros por que assim ninguém teria motivo nem para roer nem para ser roído por ninguém.

Mas, o povo aplaudiu o patriotismo, a defesa à sua família, o temor a Deus e a valentia dos nossos militares. No entanto, segundo quem sabe onde tem o nariz, o motivo daquilo tudo era simplesmente o saque, como nos tempos dos reis, quando então o “quente” era ter fama de bom de guerra e de saqueador. O jornalista Thomaz Ferreira Jensen, em artigo publicado no importante blog Outras Palavras, intitulado “Ditadura & Grandes Empresários: Outro Caso Emblemático”, nos mostra a realidade sobre as verdadeiras intenções daquele movimento militar. A matéria pode ser lida por quem sabe ler e pensada por quem sabe pensar sem ser com a parte do corpo destinada aos requebros. É só pedir ao amigão Google. Entretanto, aqui vai pequena amostra do que nos diz o jornalista: É público e notório que as Forças Armadas agiram com o apoio e a serviço dos interesses da grande burguesia – os donos das principais indústrias, dos bancos, da grande mídia empresarial e das grandes propriedades rurais – e do imperialismo – governo dos Estados Unidos e empresas daquele País com interesses no mercado brasileiro”.

Aí está, pois, por debaixo do verniz, o verdadeiro objetivo da chamada revolução: outra guerra de saque nas riquezas deste belo país de triste sorte. Como de toda guerra resulta imenso número de fraturas a serem recompostas, também pesa sobre os militares brigões a falta de percepção da desvantagem que as brigas trazem para a sociedade da qual fazem parte eles e suas famílias. Os garotos comunistas que ameaçavam Deus, afirmavam e estavam absolutamente certos de que se gastando em educação o dinheiro da guerra, resultaria no predomínio da paz e na inversão do gastar para não brigar em vez de gastar para brigar por ser isso insanidade mental que pode ser curada com a percepção pelos brigões de todo o mundo da vantagem em substituir seus instrumentos do trabalho de matar por instrumentos de cujo funcionamento resultasse paz tão necessária à vida. Nisso aí eu bato firme com a garotada comunista que os militares escorraçaram. Entretanto, todos que me conhecem assinariam embaixo de uma declaração de que não faço mal a ninguém. Garanto que não se incomodariam de assiná-la se constasse também que até faço o bem. Então, se não prejudico ninguém, por que deveria eu ser morto? Verdade que não participei da turma que brigou de estilingue. Todavia, se disto dependesse conforto para as famílias pobres, uma vez que a revolução ajudou a aumentar o conforto das famílias ricas, se disto dependesse o fim do choro no corredor do hospital e de tanto sofrimento, com muito medo, é verdade, mas em troca disso eu daria uns tabefes num militar menor que eu. Inté.

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