quarta-feira, 16 de abril de 2014

ARENGA NÚMERO DEZESSETE


Em arenga mais antiga arenguei certa vez, sobre um livro chamado Evolução Espontânea e suas inovações científicas que modificam alguns conceitos até aqui tidos como absolutamente corretos, coisa comum no caminhar da humanidade porque a mudança faz parte da natureza. Nas páginas 70 e seguintes daquele interessantíssimo livro, tratam os autores de assunto tão interessante que seu conhecimento é capaz de proporcionar autodomínio suficiente para contornar os achaques que perturbam tanto a saúde corporal quanto a espiritual. Depois de tirar dos genes e passar para as células comandadas pela mente a responsabilidade pelo que somos, os autores nos explicam não só os mecanismos através dos quais se dá o processo de produzir vitalidade, mas também a possibilidade de influenciar favoravelmente no funcionamento desse processo. O negócio é muito complicado, mas é muito simples: (Millôr não disse que beber é ruim, mas é muito bom?) Ensinam os doutores escritores que todo o processo de viver ocorre pela comunicação entre os cinquenta trilhões de cérebros das nossas cinquenta trilhões de células e a mente do nosso corpo formado por este montão de células comandadas por nossa mente, de modo que a saúde e a vida dependem mesmo da comunicação que as células mantêm com a mente. Quando surge algo capaz de perturbar o bom funcionamento da célula, esta pede à mente para colocar as coisas nos devidos lugares, assim como o astronauta pede à central de comando orientação quando necessário. 

Certa vez tivemos oportunidade de arengar sobre o processo de comunicação entre as pessoas e vimos que de uma comunicação mal feita resulta uma compreensão imperfeita. Assim, para uma perfeita comunicação quando a célula passa para a mente algum pedido de ajuda, é preciso que a célula esteja em perfeita saúde. Célula debilitada não se comunica perfeitamente, o que acontece também conosco porque tem gente pelaí que fala e a gente não sabe o que ele está falando. O maior exemplo de falha na comunicação que ouvi foi num boteco entre doses de uísque. A história gira em torno de um entrevistado num concurso para locutor de rádio. Ao responder à pergunta do entrevistador indagando pelo seu nome, o entrevistado respondeu: Meu nome é Josézé da  da Sisisilva. Espantado, o entrevistador disse que sendo gago ele não podia participar do concurso, ao que o entrevistado respondeu: Não, senhor. Eu não sou gago. Meu pai é que era gago e o cara no cartório registrou meu nome do jeito que meu pai falou. É claro que só pode ser piada, mas é um perfeito exemplo para amostrar a necessidade de se fazer entender bem, o que só ocorre através de um processo perfeito de comunicação. Assim, não sendo perfeita a comunicação entre a célula e a mente, não pode haver precisão na interpretação da mensagem que a célula enviou à mente, o que impossibilita resposta correspondente à consulta, donde se conclui haver vantagem em ter as células sadias para poder ter todos os seus pedidos bem entendidos pela mente para que ela possa atuar com precisão. Segundo os cientistas que escreveram o livro Evolução Espontânea o envenenamento é um dos fatores que debilitam as células e impede a boa comunicação, o que nos leva de volta à constatação pavorosa de estarmos vivendo o errado como pelo certo.

A produção de alimentos com veneno foi elogiada pela presidente da república e citada como um exemplo a ser seguido pelo Brasil, o que pode ser visto no blog coletivo Outras Palavras, sob título “O Veneno do Agronegócio”, que dá acesso a um artigo da  jornalista Inês Castilho através do qual se percebe o tamanho do fosso para onde se encaminha a juventude reboladora de conhecimento tão curto que nem sabe da existência da letra “r” no fim da palavra “comer”.

É um impasse de deixar quem pensa meditabundo (Êicha, palavrinha, sô!) ante a seguinte situação de estar errado o que a presidente da nossa república disse estar muito certo. É realmente sem pé nem cabeça uma situação na qual a Chefe da Nação, a principal liderança do país, aplauda uma atividade industrial cujo produto envenena o leite materno, consequentemente também das células e seu consequente resultado danoso para o processo de comunicação entre a mente da célula e a mente do corpo, resultando daí jovens de saúde debilitada do lado de dentro, apesar do aspecto saudável e desinteligente do lado de fora. O que fazer numa situação em que a presidente da república enaltece o modelo agrícola do agribiuzinesse cujo processo de produção é tão contra a natureza que seu produto está envenenando o leite materno? Como aplaudir em vez de punir quem envenena criancinhas? Como serão os adultos em que se transformarão estas crianças? De acordo com a Nova Ciência serão adultos com a saúde debilitada. E se o corredor do hospital já não cabe mais gente a chorar, fica fácil antever o mundo de infelicidade a rondar o futuro das criancinhas que os pais dizem amar indiferentes às consequências de uma política que enaltece a ingestão de veneno, o que se atribui à uma ignorância monumental a ponto de não saber escrever a palavra “comer”. Inté.  

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