Para quem costuma analisar as coisas que ouve antes de tomá-las por
verdadeiras, e esta atitude é adotada por pessoas inteligentes como se verifica
nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, fica muito difícil para estas
pessoas admitir a possibilidade de que o brasileiro tenha alguma propensão ou
serventia para outra coisa que não seja rodopiar o traseiro. O rebolamento está
tão incorporado ao sentimento de brasilidade que os juristas italianos deram
uma esculachada no Brasil através de um argumento rebolativo. Quando o governo
brasileiro negou extraditar o italiano Cesar Batista, os juristas italianos
ironizaram dizendo haver mais mulheres reboladoras do que juristas no Brasil, o
que é pura verdade. Fora uns gatos pingados, nossos juristas não são exceção à
regra da desonestidade nata do brasileiro. Ainda está fresca na memória o crescimento
do nariz do doutor Márcio Thomaz Bastos quando cochichava com os marginais do
Mensalão que ele garantia e assinava em baixo se tratar de gente da mais fina
flor.
Tirando fora as prendas rodopiantes dos brasileiros, só fica o oco. As outras
qualidades são ainda mais degradantes como bajular os povos da bunda branca
viciados em saquear os povos da bunda mole; mostrar que sabe falar ingreis;
fazer compras em Miami; fazer proselitismo da facilidade com que podem ser
desfrutadas as mulheres brasileiras através do turismo sexual que cogita criar
outro símbolo representativo de brasileirismo a ser materializado na figura de
um tremendo bundão. Fica difícil botar fé num povo conhecido por um tipo de
cultura que considera como maior expressão de sua nacionalidade o rodopiar das
partes cuja maior serventia é expulsar do corpo a sujeira que vai embora com a
descarga.
Entretanto, apesar de todas estas elevadíssimas prendas morais e
intelectuais apropriadas para “celebridades” e “famosos”, está rolando aí na
internete um movimento animador reivindicativo de mudanças políticas exigidas
por brasileiros esclarecidos, o que é de causar espanto pelo avanço tão significativo
na capacidade de percepção demonstrada por estes brasileiros esclarecidos que
descobriram haver necessidade de se mudar alguma coisa. Haverá realmente tal
necessidade? Fica mais fácil concluir pelo sim ou pelo não olhando que tipo de
imagens reflete o espelho da alma da sociedade, a imprensa. Vamos ver que tipo
de imagens estão refletidas no espelho social brasileiro? Vamo lá:
A revista Isto É n. 2313/2014 entrevistou um cientista social e
pesquisador inglês que declarou haver na Inglaterra cinco guardas para cada
cinquenta presos, enquanto no Brasil há apenas um guarda para cada duzentos
presos. Também disse que a prisão juvenil no Brasil é o pior lugar que ele já
visitou em toda sua vida de pesquisador.
Todos os órgãos de imprensa noticiam um negócio da china para um bilionário
belga da bunda branca celebrado contra a Petrobrás, instituição fadada a ser
roubada. A imprensa sobre o seu ex-presidente Shigeaki Ueki que hoje mora nos
Estados Unidos onde leva vida de milionário, vindo ao Brasil em seu jatinho que
deixa em Buenos Aires para “não dar na pinta”, acabando de chegar a São Paulo em
avião comercial para tratar certamente de negócios escusos.
Na casa do ex-diretor de refino da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, a
Polícia Federal encontrou setecentos mil reais e duzentos mil dólares. Ele
tentava destruir documentos comprobatórios de um esquema que movimentava dez
bilhões de reais. Tá na imprensa.
Revista Caros Amigos, influente órgão da imprensa, por Frei Beto está
dito que os gastos com a festa do futebola chegam a vinte e oito bilhões de
reais, enquanto também esta na imprensa que uma auditoria constatou carência de
trinta e dois mil professores do ensino médio no Brasil e que trinta e duas mil
e quinhentas escolas rurais foram fechadas por medida de economia.
O jornalista Cláudio Humberto escreve no Jornal Metro que a Agência
Brasileira de Inteligência gastou em 2013 na atividade investigativa das
bandalheiras apenas quarenta e oito milhões de reais do total de quatrocentos e
noventa e três milhões que deveriam ser gastos na perseguição a falcatruas. Em
outra seção no mesmo jornal, idiotas opinam sobre a foto de uma “celebridade”
argumentando calorosamente sobre sua calcinha e a “xereca”.
Não haveria no computador memória suficiente para guardar todas as imagens
desse tipo refletidas no espelho da sociedade. Arrematando esta pequena lista
esta a seguinte notícia digna de politiqueiros: O Itamarati quer quatrocentos e
sessenta mil reais em flores para melhorar a impressão sobre o Brasil. Esta pretensão
do Itamarati não dá certo porque aquele dinheiro não é suficiente para fazer produzir
flores bastante para disfarçar a tristeza de todos os ambiente fúnebres país a
fora. O certo mesmo é que está precisando mudar tudo. Não tem absolutamente
nada certo nesse país que tem tudo para não ter nada errado. Confirmada a
necessidade de mudar, agora é pensar mudar para onde. Não se muda só por mudar.
Ninguém se muda sem ser impulsionado por alguma necessidade. Mas acontece que
os brasileiros esclarecidos que querem mudança devem ser em número
insignificante entre os brasileiros não esclarecidos que frequentam igrejas,
levam os filhos para o futebola e as lutas corporais. Este tipo de gente
constitui a absoluta maioria e está tão feliz em seu rodopiar de quadris que a
única coisa que eles querem mudar vez em quando é o ritmo dos requebros. No
mais, dificilmente teria algum motivo para querer mudar alguma coisa. Mas que é
preciso mudar, não se pode negar.
Problema maior é o medo do desconhecido, medo de mudança. Esta é a principal
causa de resistência. Se até as mudanças nos transportes coletivos incomodam,
incomodam muito mais ainda as da vida. Entretanto, dificuldades não significam
impossibilidades. O inimigo natural do que está errado é o convencimento. Assim
o modo mais eficiente de minar os alicerces da cultura da indiferença política é
o lento crescimento do número de jovens aprendendo a pensar e chegando à
conclusão de haver realmente necessidade de mudança. É urgentemente necessário
que os jovens ricos e pobres se liguem na sociabilidade porque assim uns e
outros viverão em condições mais condizentes com a possibilidade de se criar um
futuro tão sem futuro para as criancinhas fofas e rechonchudas de hoje. Tudo
ficará melhor quando os jovens se interessarem por política a fim de perceber
que a diferença entre politicagem e política é a mesma que existe entre água no
esgoto e água potável no pote. Inté.
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