domingo, 20 de abril de 2014

ARENGA NÚMERO VINTE E UM.


Para quem costuma analisar as coisas que ouve antes de tomá-las por verdadeiras, e esta atitude é adotada por pessoas inteligentes como se verifica nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, fica muito difícil para estas pessoas admitir a possibilidade de que o brasileiro tenha alguma propensão ou serventia para outra coisa que não seja rodopiar o traseiro. O rebolamento está tão incorporado ao sentimento de brasilidade que os juristas italianos deram uma esculachada no Brasil através de um argumento rebolativo. Quando o governo brasileiro negou extraditar o italiano Cesar Batista, os juristas italianos ironizaram dizendo haver mais mulheres reboladoras do que juristas no Brasil, o que é pura verdade. Fora uns gatos pingados, nossos juristas não são exceção à regra da desonestidade nata do brasileiro. Ainda está fresca na memória o crescimento do nariz do doutor Márcio Thomaz Bastos quando cochichava com os marginais do Mensalão que ele garantia e assinava em baixo se tratar de gente da mais fina flor.

Tirando fora as prendas rodopiantes dos brasileiros, só fica o oco. As outras qualidades são ainda mais degradantes como bajular os povos da bunda branca viciados em saquear os povos da bunda mole; mostrar que sabe falar ingreis; fazer compras em Miami; fazer proselitismo da facilidade com que podem ser desfrutadas as mulheres brasileiras através do turismo sexual que cogita criar outro símbolo representativo de brasileirismo a ser materializado na figura de um tremendo bundão. Fica difícil botar fé num povo conhecido por um tipo de cultura que considera como maior expressão de sua nacionalidade o rodopiar das partes cuja maior serventia é expulsar do corpo a sujeira que vai embora com a descarga.

Entretanto, apesar de todas estas elevadíssimas prendas morais e intelectuais apropriadas para “celebridades” e “famosos”, está rolando aí na internete um movimento animador reivindicativo de mudanças políticas exigidas por brasileiros esclarecidos, o que é de causar espanto pelo avanço tão significativo na capacidade de percepção demonstrada por estes brasileiros esclarecidos que descobriram haver necessidade de se mudar alguma coisa. Haverá realmente tal necessidade? Fica mais fácil concluir pelo sim ou pelo não olhando que tipo de imagens reflete o espelho da alma da sociedade, a imprensa. Vamos ver que tipo de imagens estão refletidas no espelho social brasileiro? Vamo lá:

A revista Isto É n. 2313/2014 entrevistou um cientista social e pesquisador inglês que declarou haver na Inglaterra cinco guardas para cada cinquenta presos, enquanto no Brasil há apenas um guarda para cada duzentos presos. Também disse que a prisão juvenil no Brasil é o pior lugar que ele já visitou em toda sua vida de pesquisador.

Todos os órgãos de imprensa noticiam um negócio da china para um bilionário belga da bunda branca celebrado contra a Petrobrás, instituição fadada a ser roubada. A imprensa sobre o seu ex-presidente Shigeaki Ueki que hoje mora nos Estados Unidos onde leva vida de milionário, vindo ao Brasil em seu jatinho que deixa em Buenos Aires para “não dar na pinta”, acabando de chegar a São Paulo em avião comercial para tratar certamente de negócios escusos.

Na casa do ex-diretor de refino da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, a Polícia Federal encontrou setecentos mil reais e duzentos mil dólares. Ele tentava destruir documentos comprobatórios de um esquema que movimentava dez bilhões de reais. Tá na imprensa.

Revista Caros Amigos, influente órgão da imprensa, por Frei Beto está dito que os gastos com a festa do futebola chegam a vinte e oito bilhões de reais, enquanto também esta na imprensa que uma auditoria constatou carência de trinta e dois mil professores do ensino médio no Brasil e que trinta e duas mil e quinhentas escolas rurais foram fechadas por medida de economia.

O jornalista Cláudio Humberto escreve no Jornal Metro que a Agência Brasileira de Inteligência gastou em 2013 na atividade investigativa das bandalheiras apenas quarenta e oito milhões de reais do total de quatrocentos e noventa e três milhões que deveriam ser gastos na perseguição a falcatruas. Em outra seção no mesmo jornal, idiotas opinam sobre a foto de uma “celebridade” argumentando calorosamente sobre sua calcinha e a “xereca”.

Não haveria no computador memória suficiente para guardar todas as imagens desse tipo refletidas no espelho da sociedade. Arrematando esta pequena lista esta a seguinte notícia digna de politiqueiros: O Itamarati quer quatrocentos e sessenta mil reais em flores para melhorar a impressão sobre o Brasil. Esta pretensão do Itamarati não dá certo porque aquele dinheiro não é suficiente para fazer produzir flores bastante para disfarçar a tristeza de todos os ambiente fúnebres país a fora. O certo mesmo é que está precisando mudar tudo. Não tem absolutamente nada certo nesse país que tem tudo para não ter nada errado. Confirmada a necessidade de mudar, agora é pensar mudar para onde. Não se muda só por mudar. Ninguém se muda sem ser impulsionado por alguma necessidade. Mas acontece que os brasileiros esclarecidos que querem mudança devem ser em número insignificante entre os brasileiros não esclarecidos que frequentam igrejas, levam os filhos para o futebola e as lutas corporais. Este tipo de gente constitui a absoluta maioria e está tão feliz em seu rodopiar de quadris que a única coisa que eles querem mudar vez em quando é o ritmo dos requebros. No mais, dificilmente teria algum motivo para querer mudar alguma coisa. Mas que é preciso mudar, não se pode negar.

Problema maior é o medo do desconhecido, medo de mudança. Esta é a principal causa de resistência. Se até as mudanças nos transportes coletivos incomodam, incomodam muito mais ainda as da vida. Entretanto, dificuldades não significam impossibilidades. O inimigo natural do que está errado é o convencimento. Assim o modo mais eficiente de minar os alicerces da cultura da indiferença política é o lento crescimento do número de jovens aprendendo a pensar e chegando à conclusão de haver realmente necessidade de mudança. É urgentemente necessário que os jovens ricos e pobres se liguem na sociabilidade porque assim uns e outros viverão em condições mais condizentes com a possibilidade de se criar um futuro tão sem futuro para as criancinhas fofas e rechonchudas de hoje. Tudo ficará melhor quando os jovens se interessarem por política a fim de perceber que a diferença entre politicagem e política é a mesma que existe entre água no esgoto e água potável no pote. Inté.

 

 

    

 

 

 

 

 

 

 

  

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