terça-feira, 15 de abril de 2014

ARENGA NÚMERO DEZESSEIS.


 

Um misto de tristeza e desamparo me encheu a alma ao contemplar o quadro constrangedor no qual nossa presidente da república assumiu ares de quem fala prá valer ao prometer que vai ser apurado o roubo mais escandalosamente descarado entre tantos outros roubos acontecidos na Petrobrás. É motivo de tristeza, e muita tristeza, constatar que a autoridade maior do país, a quem cabe a defesa dos interesses nacionais e o bem-estar da população demonstre total desconhecimento do que acontece no país de reboladores de quadris que administra. Ou a presidente está fazendo o mesmo falso discurso do ex-pau-de-arara que ficou tão rico a ponto de ser alçado por sua ignorância à situação de amigo do bilionário Bush, ou foi igualmente tomada pelo embevecimento oriundo do bem-bom de uma vida que ainda não permite faltar água, finas iguarias, luz e um séquito de servidores a adivinhar-lhe os desejos antes mesmo de expressos. Discursos inúteis e sorrisos são as únicas coisas que o povo recebe dos politiqueiros enquanto lhes enche de dinheiro as pastas 007. Mas, por inocência ou por má fé, em ambos os casos, a falsa afirmação da presidente motiva preocupação porque o que se espera de uma presidente é que ela seja esperta o bastante para colocar e manter as coisas em ordem na instituição por ela presidida. Como por aqui nunca andou nada em ordem, fica evidente serem inúteis as afirmações de apuração e punição de ladrões do dinheiro de consolar o choro no corredor do hospital. Nossos presidentes já se desobrigaram totalmente da responsabilidade de manutenção da ordem e o que se vê é um forte predomínio da desordem que chega ao extremo de permitir obtenção de imensas fortunas através do exercício de altos cargos públicos. As autoridades construíram para si um mundo à parte do mundo do povo e é motivo de espanto geral quando o presidente do Uruguai vive no mesmo mundo em que vive o povo daquele país. As autoridades ainda se acham no tempo do rei/deus e as benesses do Monte Olimpo. As únicas pessoas atualmente a esperar alguma coisa das autoridades são estes infelizes contorcionistas de axé e pagadores de dízimos que dizem chorando na televisão esperar que as autoridades tomem providência, sempre que mais uma infelicidade lhes monta na cacunda.

É aflitivo o desânimo ante a impotência de fazer sentir aos jovens a necessidade de outro futuro porque o futuro para o qual eles se dirigem só lhes promete infelicidades. Ainda hoje, um professor argentino me disse com estranheza que os jovens brasileiros escrevem “comer” sem o “r” final. É daí que se origina esta situação insustentável de ser tido como certo o que é errado e errado o que é certo. Os jovens aprendem o que lhes é ensinado. Se só lhes ensinam bobagens, é lógico que eles só aprendam as bobagens que lhes foram ensinadas. Como quem só sabe bobagens não pode agir com sabedoria, o resultado é a situação calamitosa de uma sociedade futura composta de trogloditas tão ignorantes a ponto de desconhecer a existência da letra “r” no fim da palavra “comer”. Tal sociedade destruir-se-á no cacete com fúria ainda maior do que se vê atualmente caso não seja ensinada sabedoria aos jovens em vez das bobagens que tornam os jovens meros robôs futucadores de aparelhos eletrônicos e admiradores de músculos, drogas e “celebridades” cujo mérito é atuar em programas de incentivo à prostituição que incluem até venda de virgindade ao público.

Fica, pois, evidente a insustentabilidade de uma situação em que as autoridades se dediquem à atividade de destruir a própria sociedade que administram. Esta é a situação esdrúxula (palavrinha do cão) em que nos encontramos com os educadas para serem brutos porque às autoridades interessam jovens desinteressados no que elas estão fazendo debaixo do pano. Ney Matogrosso queria arribar o pano para que o povo desse uma espiada lá embaixo, mas foi morto por isso. Ele e tantos outros pagaram com a vida a tentativa de esclarecer o que acontece no falso mundo encantado das autoridades.

É insustentável a situação na qual os recursos públicos sejam totalmente roubados à vista de todos sem que isso cause indignação a ninguém por estarem todos com a atenção voltada para o próximo jogo, a próxima festa, ou quem vai participar dos programas pornográficos Fazenda e BBB, objetivo primordial das autoridades. Está tudo tão errado que o futuro da juventude pode ser previsto através da mesma briga pela água que já foi brigada por causa de petróleo. Se houve tanta morte pelo petróleo do qual ainda não dependia a vida, é de se imaginar quantas mortes haverá a mais pela água, sem a qual se morre do mesmo jeito.

Esta situação de considerar certo o que é errado precisa ser substituída por uma situação de estar errado o que é errado e certo apenas o que for certo. Promover a própria infelicidade é errado porque até os bichos procuram a comodidade em vez da tormenta. Se assim é, não está certo o proceder de inutilizar a água, destruir as florestas, anular a inteligência dos jovens, roubar o dinheiro público, esparramar pedaços de corpo humano pelas ruas, ou não pensar sobre a inocência de nossa presidente que ainda não sabe que a frase “Apurar doa a quem doer” já ficou sem sentido e serve apenas como chacota. A certeza de que tudo acabará muito bem para os ladrões, como sempre acontece, será dada pela imprensa em algum tempo. Qualquer pessoa que sabe algo mais do que rebolar, sabe muito bem que no Brasil só se pune ladrãozinho e que assim será até o despertar da juventude atoleimada. Esperemos um despertar de quem acorda com sábias idéias. Inté.

 

   

Nenhum comentário:

Postar um comentário