Embora a
falta de discernimento faça o bicho povo acreditar que o bem ou o mal depende
da vontade de Deus, o raciocínio lógico do filósofo Thomas More levou-o à
conclusão de ser o governo a nascente de onde emana sobre o povo todo o bem e
todo o mal. Na realidade entretanto, no que se refere ao bem, o povo pode
esperar sentado porque infinitos males até o presente momento são as únicas
coisas que dos governos emanam sobre ele. Aqui nesta república de bananas e de
macacos deslumbrados pelo American Way of Life, dispensando-se as aspas pelo
fato de ter a macacada deslumbrada integrado o inglês ao português, por aqui os
governantes se esmeraram tanto na produção de males a ponto de não haver nos
jornais outras notícias que não sejam de crimes contra o povo por eles
praticados. Pior ainda é não haver no mundo inteiro um palmo sequer de
sociedade humana na qual não esteja seu povo sujeito à obrigação de dar
conforto a uma plêiade de parasitas a título de representá-lo. Recusa-se a
humanidade terminantemente a sair da barbárie de tempos imemoriáveis, apegando-se
a comportamentos que deviam existir apenas na memória, para servir de parâmetro
a fim de se poder equilatar o que já fomos e o que somos, comparação impossível
de se fazer por sermos ainda o que sempre fomos em termos de espiritualidade.
Pode-se mesmo dizer que se regride espiritualmente porque na atualidade talvez a
barbárie ainda seja maior porquanto se vive a situação socialmente inexplicável
de haver um por cento da humanidade parasitando os noventa e nove por cento
dela. Acomodaram-se os seres humanos sob o jugo de uma escravidão tão
consentida que os escravizados aplaudem seus escravizadores que, em função da
cultura distorcida engendrada pelos próprios seres humanos, não se sentem
escravizadores, mas, ao contrário desta triste e incompreensível realidade, se
veem como benfeitores daqueles a quem causam sofrimento. A sociedade inglesa,
por exemplo, situa-se entre as poucas sociedades consideradas pela cultura da
parasitagem como das mais evoluídas do mundo. Entretanto, seus habitantes,
graças a esta mesma cultura de considerar certo aquilo que está errado, sentem-se
bem como súditos de uma realeza cuja rainha, uma senhora bastante idosa, mas
que nada aprendeu na escola da vida, por não ter realmente o que fazer, quando
há tanto o que fazer, apareceu na televisão brincando de alimentar um elefante,
sob admiração do povo e da imprensa.
Se a
barbárie humana ainda não permite uma espécie de sociedade que dispense a
ameaça do cassetete, visto que a melhor forma de administração pública até
agora criada, a democracia, é tida como melhor forma de se administrar uma
sociedade apenas por não haver outra forma ainda pior, esta realidade leva à
conclusão lógica da premente necessidade de se dedicar à tarefa de se encontrar
uma forma melhor em que dedicar o tempo gasto em construir Burjs Califas,
acumular riqueza, passear pelo espaço e pesquisar o infinito. Entre os muitos
indicativos da necessidade de outra forma de sociedade, uma delas é a
desagregação que substituiu a agregação da qual depende a harmonia social. O
preço de uma prestação de serviço atualmente tem por base a condição de quem
precisa do serviço. Quando o prestador sabe que o usuário dispõe de melhor
condição, cobra dele várias vezes o preço justo. Outro indicativo é o fato de
serem as pessoas menos intelectualmente capacitadas a entender de sociabilidade
aquelas pessoas consideradas pela sociedade atual como as pessoas de maiores
méritos, merecedoras portanto, de maior reconhecimento social. A administração
pública se tornou tão espantosamente incompreensível além de inaceitável que matéria
na Revista Época dá conta de um livro chamado DE SENHOR A LACAIO, escrito pelo
doutor Celso Amorim, dando conta de que o governo Lula, do qual era ministro do
exterior o próprio doutor Celso Amorim, tornou o Brasil uma potência mundial,
desvencilhada dos interesses de Washington, com diminuição da exclusão social.
E não é só o doutor Celso Amorim a tecer elogios ao governo Lula e ao próprio
ex-presidente. Se o endeusamento de Lula pelo povo não pode ser levado em conta
pelo fato de povo não ter discernimento, o fato de haver pessoas mentalmente
ilustres afirmando ser Lula um líder autêntico, como fez José Mujica e como
fazem intelectuais brasileiros, leva à conclusão de ser realmente confuso,
carente de transparência o mundo político porque ao mesmo tempo em que se fazem
estas alegações, outras diametralmente opostas são feitas. O livro O Chefe, por
exemplo, cita casos escabrosos de canalhices praticadas pela mesma pessoa a
quem são atribuídas qualidades de liderança. Ao lado disso, estão aí
corruptores afirmando ter Lula participado de atos de corrupção sem que nem ele
e nem as inúmeras pessoas também denunciadas sejam definitivamente
defenestradas da política e nem obrigadas a devolver o dinheiro roubado do
povo.
Afirmar-se
ter havido vantagem para o povo no governo de Lula equivale a declarar total
falência da atual forma de governar porque o Brasil e seu povo nunca deixaram
de padecer as consequências da falta de um governo eficiente. Embora com os
corredores dos hospitais lotados de infelizes desassistidos, Lula declarava que
a assistência à saúde estava tão boa que até dava vontade de ficar doente para
nela se tratar. Entretanto, ao se ver doente, foi se tratar num hospital que
está mais para banco do que para hospital, o Sírio Libanês. Posso afirmar esta
realidade porque me apresentaram lá o preço de quinhentos reais por uma
endoscopia estomacal, com o aviso da possibilidade de haver uma complementação
um pouco para mais ou para menos, sendo, depois, cobrada a título dessa
complementação a quantia de dois mil e cem reais. Depois desse assalto, recebi
outra cobrança de mais duzentos reais por conta da mesma complementação, ao que
respondi que fossem roubar nas profundezas dos infernos, e não paguei. É, não é
como fazem os bancos? Pois foi lá, por conta do povo sofrido que Lula,
considerado líder, foi se tratar por conta do povo que amarga a falta de
assistência.
No Jornal
do Brasil, matéria intitulada POVO
DESTRUÍDO É CONSEQUÊNCIA DOS PRIVILEGIADOS DE UMA ELITE HIPÓCRITA encontram-se
mais evidências de quanto é estranho esse mundo da política em que sob o olhar
complacente da sociedade, autoridades compactuam entre si artimanhas das quais
resultam graves prejuízos sociais. Apenas um trecho da reportagem do Jornal do
Brasil é bastante para mostrar a necessidade de outro tipo de administração
pública: “Enquanto corruptores
pagam multas milhardárias e continuam operando, os corruptos do momento pegam
penas como se fossem os únicos responsáveis. Estes sequestram alguns anéis,
mas, como os corruptores, continuam privilegiados com seus patrimônios. Se
considerarmos nesta Lava Jato todos os corruptos e corruptores presos, não se
conhece nenhum que esteja vivendo como os que passaram para as estatísticas do
desemprego, na miséria, por responsabilidade justamente destes corruptos e
corruptores. Até quando ladrão será perdoado só por delatar ladrão? Que
devolve só a quantia dada publicamente como objeto de roubo, mas permanece com
patrimônios magníficos enquanto o povo roubado passa à miséria absoluta”.
Por tudo que se viu e que se vê, é mais do que
preciso lançar as vistas sobre novos horizontes como fez o saudoso Raul Seixas
ao cantar a música S.O.S. O mundo está a clamar por uma juventude diferente,
uma juventude que pense. Inté.
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