Filósofos
têm tendência a complicar as coisas simples. Afirmar que a liberdade depende da
eterna vigilância é tão sem pé nem cabeça quanto afirmar que o homem nasce
livre. São afirmações filosóficas cujo mérito se restringe unicamente em
incentivar o pensamento a trabalhar. A primeira frase pressupõe a necessidade
de vigília, o que elimina a possibilidade de liberdade. Os filmes mostram esta
realidade na cena comum em que uma pessoa do grupo fica de guarda para que as
outras possam dormir. Nesta situação, não há liberdade para quem vigia nem para
quem dorme, escravizados que estão pela necessidade de proteção contra algum
perigo. Do mesmo jeito, a frase que afirma nascer livre o homem porque nenhum
ser vivo nasce sem depender da proteção dos pais, principalmente das mães. O
exemplo mais comum de seres que nascem sem contar senão consigo mesmos são as
tartarugas, mas a maior parte dos recém nascidos são predados antes de alcançar
a água que lhes daria chance de sobreviver. Em toda sua história, os seres
humanos nunca conheceram a liberdade e jamais terão a necessária desenvoltura
espiritual para conhecê-la enquanto permanecerem na condição atual de
brutamontes mentais. Entre os sete bilhões de pessoas, apenas alguns gatos
pingados são capazes de elevar o pensamento pouco mais alto que o solado dos
sapatos. A quase totalidade dos seres humanos, porém, ainda não pensam senão
nas atividades físicas de comer, trepar e cagar. Ante quadro tão tenebroso,
como falar em liberdade, se nunca foi dado ao ser humano oportunidade de
conhecê-la uma vez que a história mostra o homem sempre preso à obrigação de
servir a um senhor celestial que o submete sob ameaça de pecado e a um senhor
temporal que o submete ao pagamento de imposto. A exigência do senhor celestial,
que a princípio se contentava com um tosco altar sobre o qual Noé depositou cadáveres
de animais, conforme o Livro de Gênesis 8:20, evoluiu para templos monumentais
e uma quantidade tão grande de representantes divinos que é impossível saber-se
o número deles. Do mesmo modo, também cresceu exigência do senhor temporal, que
passou da obrigação de levar ganso e leitoa para alimentar nobres rodopiando
valsas em grandes salões para uma monstruosidade denominada Economia Política
da qual resulta noventa e nove por cento dos seres humanos transformados em
serviçais de um por cento deles, por sua vez escravos da ganância. Cadê, pois, a liberdade?
Será necessário haver tanta pobreza, choro, sofrimento? Que jovens pobres tenham que se endividar para estudar? Estará certa a conduta tradicional de terem as pessoas de trabalhar para sustentar as autoridades vivendo em palácios e com todas as suas necessidades pagas, inclusive riqueza pessoal para levar quando deixarem seus postos de trabalho? Há necessidade de tantas autoridades? Que tal matutarmos sobre estas coisas? Este é o objetivo deste blog. Nenhum mal haverá de fazer.
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