domingo, 30 de abril de 2017

ARENGA 414


É inegável a realidade de ainda não ser possível existir uma única sociedade no mundo capaz de se auto conduzir, de engendrar uma forma segundo a qual todos seus membros gerenciassem as atividades necessárias à sua organização, principalmente como está sendo usado o erário. Esta realidade insofismável torna as sociedades dependentes de liderança. Constatas estas duas realidades, e considerando por outro lado ser totalmente impossível haver entre os seres humanos um só espécime deles desprovido do comportamento antissocial de se aproveitar de seu semelhante para prejudicá-lo em benefício próprio, tem-se pela frente um problema a ser resolvido, o que exige debruçar mentalmente sobre ele por ser o modo de se resolver um problema. O primeiro passo deve ser cogitar a respeito da grande realidade observada pelo pensador que afirmou só ser possível solucionar um problema depois de eliminar as causas que lhe dão origem. Constatada esta realidade, conclui-se ser inútil todo esse falatório em torno de reforma disso e daquilo porque elas não eliminariam as causas das quais decorre o problema da nossa infelicidade que são exatamente a impossibilidade de haver liderança e a necessidade dela. Se os doutos em problemas sociais se limitam a um converseiro estéril cuja finalidade não é outra senão a de justificar seus salários, é preciso que um Zemané faça o papel da criança que observou que o rei estava nu e chame a atenção geral para a realidade de ser a indisposição em evoluir espiritualmente a causa de todos os males que afetam os seres humanos. Vejam só a observação do historiador Henry Thomas na página 16 do livro História da Raça Humana: “O homem é uma criatura estúpida e o seu progresso tem sido muito lento. Além disso, este progresso não tem sido contínuo. Frequentemente retrocede de um plano mais elevado para um inferior. Há vinte e quatro séculos, os gregos eram bem mais civilizados que a grande maioria da população atual. Há dezenove séculos passados, Roma possuía um excelente serviço de esgoto. Por outro lado, há três séculos atrás havia ainda montões de lixo empilhados em frente à Igreja de São Pedro em Berlim, e, em Paris, até 1650 o povo esvaziava seus vasos noturnos nas ruas. Em 1849 Emerson vivia em Boston e exercia alguma influência sobre os habitantes regularmente inteligentes. Em 1929, os censores oficiais impediram na mesma cidade a representação de “Strange Interlude”, peça teatral norte-americana de grande sucesso, de autoria de Eugene O’Neil”.

Decorridos quarenta milhões de anos segundo o mesmo historiador, desde que o macaco evoluiu para homem-macaco, já era para ter superado o atraso tão grande que no ano de 1650 ainda era possível alguém tomar um banho de mijo e bosta ao andar nas ruas de Paris, e que no ano 2017 os seres humanos ainda não passem de joguete nas mãos de brutamontes espirituais em eternas disputas para provar quem é o maior biltre entre todos os biltres. O primeiro passo para a caminhada em direção a novos horizontes bem que poderia ser relegar os “famosos” e as “celebridades” ao seu mundinho fútil de insignificâncias e se ligar em quem tem algo de proveitoso a ensinar, como Chaplin neste texto que pode ser encontrado na parte salutar da internete: “Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.
Inté.

 

 

 

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