A imprensa
diz ser crime o caixa dois do político. Na verdade, dentro da atual conjuntura
política do mundo inteiro, o fato de ser político, por si só, é crime. A
questão inteira está apenas em não se raciocinar a respeito de nada. Os
religiosos, por exemplo, ao ler ou ouvir que Deus condenou a cobra a se
locomover arrastando, nem sequer lhes desperta o intelecto para cogitar sobre o
modo como a cobra andava antes da condenação. Entre os raros espécimes da espécie
humana que ainda pensam, aquele que se dispuser a meditar sobre a vida,
perceberá que ela, a vida, jamais poderá abrir mão de duas circunstâncias que
lhe são inerentes, sendo a coletividade ou sociedade a primeira delas, e a
adoção de determinados comportamentos dos quais depende a harmonia social, a
segunda. Uma vez trazida à luz esta realidade, concluir-se-á inevitavelmente
estar o crime diretamente ligado à inobservância dos comportamentos
prejudiciais à vida societária. Mesmo numa sociedade onde não há normas
escritas sobre tais comportamentos, o desenrolar do cotidiano levará
inevitavelmente à restrição de comportamentos que vão de encontro ao interesse
comum. Esta realidade foi reconhecida pela HISTÓRIA DO DIREITO ao denominar a
obrigatoriedade de observação das normas estabelecidas pelo costume,
denominando o conjunto destas normas de DIREITO CONSUETUDINÁRIO ou não escrito.
Desse modo, levando-se em conta a explicação de como teria iniciado a política,
feita pelo historiador Henry Thomas em História da Raça Humana (e não há motivo
para refutá-la em virtude de sua logicidade), a política teria tido início de
um comportamento contrário ao interesse comunitário, portanto, criminoso do
ponto de vista da sociabilidade. Segundo observa o historiador, lá na
localidade onde veio a se formar a primeira sociedade humana, o alimento do
qual depende a vida era o trigo. Mas ele dependia das enchentes e vazantes de
um rio, de modo que a depender dos bofes da natureza havia épocas de fartura e
de escassez e fome. Aconteceu de acontecer que determinado indivíduo teve a
ideia de guardar trigo quando havia fartura para garantir alimentação na época
de fome. Entretanto, em vez de partilhar com seus semelhantes esta salutar
providência, o que seria o comportamento correto porque numa sociedade o
interesse de um deve ser o de todos, adotou um comportamento individualista,
portanto, contrário ao interesse comum, levando vantagem sobre os demais
indivíduos da comunidade vendendo-lhes o alimento de que necessitavam, tomando,
assim, da comunidade, recursos que vieram a lhe proporcionar a riqueza que
acabou por proporcionar-lhe o poder que acabou por levá-lo à condição de
governante ou político. Desta forma, tendo a política origem num comportamento
antissocial, portanto, criminoso, aquele que tem o crime como meio de vida não
é outra coisa senão criminoso.
Se toda a
problemática se reduz a esta realidade facilmente percebível, por que, então
tanto bafafá, disse me disse, reuniões e mais reuniões, análises de cientistas
políticos de brinco na orelha, enfim, tremendo alarido sobre coisa tão simples?
Seguinte: No frigir dos ovos, a vida de absolutamente todos os seres humanos
depende da política e da religião. Acontece que também a religião teve origem
tão criminosa quanto a política. O estudo da história da religião também leva à
conclusão de ter sido ela nada mais do que obra da mesma “esperteza” que deu
origem à política. Inventou-se a figura de um Deus a quem cabe determinar de
forma absoluta o destino de cada um, de modo a convencer as pessoas da
inutilidade de se questionar sobre a possibilidade de haver melhor forma de
vida do que a que se lhes apresenta. Esta realidade, apesar de ser espantosamente
ignorada por pessoas de grandes conhecimentos técnicos, pode ser observada
através da circunstância inegável de ser nos lugares de menor nível intelectual
justamente os lugares de maior religiosidade. Da ingenuidade religiosa resulta uma
indiferença tão grande em relação ao futuro que embora a ciência mostre a
possibilidade de tempos terríveis pela frente e apresenta propostas de
soluções, as pessoas desprezam a opinião da ciência e acorrem às igrejas,
gastando com a fantasia da religiosidade recursos materiais suficientes para
pôr as coisas em ordem no mundo material onde a vida desenrola. Desse modo, a
condução pela religiosidade e pela política, duas fraudes, resultou no
engabelamento de convencer os seres humanos da existência de uma proteção
divina e de haver vantagem em trocar o ambiente natural por riqueza. Simples
assim. Basta deixar de lado o celular, a corrupção do pão e circo, os “famosos”
e as “celebridades” e pôr-se a pensar. Inté.
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