sexta-feira, 14 de abril de 2017

ARENGA 408


A imprensa diz ser crime o caixa dois do político. Na verdade, dentro da atual conjuntura política do mundo inteiro, o fato de ser político, por si só, é crime. A questão inteira está apenas em não se raciocinar a respeito de nada. Os religiosos, por exemplo, ao ler ou ouvir que Deus condenou a cobra a se locomover arrastando, nem sequer lhes desperta o intelecto para cogitar sobre o modo como a cobra andava antes da condenação. Entre os raros espécimes da espécie humana que ainda pensam, aquele que se dispuser a meditar sobre a vida, perceberá que ela, a vida, jamais poderá abrir mão de duas circunstâncias que lhe são inerentes, sendo a coletividade ou sociedade a primeira delas, e a adoção de determinados comportamentos dos quais depende a harmonia social, a segunda. Uma vez trazida à luz esta realidade, concluir-se-á inevitavelmente estar o crime diretamente ligado à inobservância dos comportamentos prejudiciais à vida societária. Mesmo numa sociedade onde não há normas escritas sobre tais comportamentos, o desenrolar do cotidiano levará inevitavelmente à restrição de comportamentos que vão de encontro ao interesse comum. Esta realidade foi reconhecida pela HISTÓRIA DO DIREITO ao denominar a obrigatoriedade de observação das normas estabelecidas pelo costume, denominando o conjunto destas normas de DIREITO CONSUETUDINÁRIO ou não escrito. Desse modo, levando-se em conta a explicação de como teria iniciado a política, feita pelo historiador Henry Thomas em História da Raça Humana (e não há motivo para refutá-la em virtude de sua logicidade), a política teria tido início de um comportamento contrário ao interesse comunitário, portanto, criminoso do ponto de vista da sociabilidade. Segundo observa o historiador, lá na localidade onde veio a se formar a primeira sociedade humana, o alimento do qual depende a vida era o trigo. Mas ele dependia das enchentes e vazantes de um rio, de modo que a depender dos bofes da natureza havia épocas de fartura e de escassez e fome. Aconteceu de acontecer que determinado indivíduo teve a ideia de guardar trigo quando havia fartura para garantir alimentação na época de fome. Entretanto, em vez de partilhar com seus semelhantes esta salutar providência, o que seria o comportamento correto porque numa sociedade o interesse de um deve ser o de todos, adotou um comportamento individualista, portanto, contrário ao interesse comum, levando vantagem sobre os demais indivíduos da comunidade vendendo-lhes o alimento de que necessitavam, tomando, assim, da comunidade, recursos que vieram a lhe proporcionar a riqueza que acabou por proporcionar-lhe o poder que acabou por levá-lo à condição de governante ou político. Desta forma, tendo a política origem num comportamento antissocial, portanto, criminoso, aquele que tem o crime como meio de vida não é outra coisa senão criminoso.

Se toda a problemática se reduz a esta realidade facilmente percebível, por que, então tanto bafafá, disse me disse, reuniões e mais reuniões, análises de cientistas políticos de brinco na orelha, enfim, tremendo alarido sobre coisa tão simples? Seguinte: No frigir dos ovos, a vida de absolutamente todos os seres humanos depende da política e da religião. Acontece que também a religião teve origem tão criminosa quanto a política. O estudo da história da religião também leva à conclusão de ter sido ela nada mais do que obra da mesma “esperteza” que deu origem à política. Inventou-se a figura de um Deus a quem cabe determinar de forma absoluta o destino de cada um, de modo a convencer as pessoas da inutilidade de se questionar sobre a possibilidade de haver melhor forma de vida do que a que se lhes apresenta. Esta realidade, apesar de ser espantosamente ignorada por pessoas de grandes conhecimentos técnicos, pode ser observada através da circunstância inegável de ser nos lugares de menor nível intelectual justamente os lugares de maior religiosidade. Da ingenuidade religiosa resulta uma indiferença tão grande em relação ao futuro que embora a ciência mostre a possibilidade de tempos terríveis pela frente e apresenta propostas de soluções, as pessoas desprezam a opinião da ciência e acorrem às igrejas, gastando com a fantasia da religiosidade recursos materiais suficientes para pôr as coisas em ordem no mundo material onde a vida desenrola. Desse modo, a condução pela religiosidade e pela política, duas fraudes, resultou no engabelamento de convencer os seres humanos da existência de uma proteção divina e de haver vantagem em trocar o ambiente natural por riqueza. Simples assim. Basta deixar de lado o celular, a corrupção do pão e circo, os “famosos” e as “celebridades” e pôr-se a pensar. Inté.

 

 

 

 

 

 

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