Entre todos
os infelicitados pela cultura do enriquecimento que representa a desgraça do
mundo, Sergio Cabral e sua mulher lembram com maior perfeição a antiga profecia
que ligava os tesouros a algum tipo de maldição. Na lembrança da criança que
fui no meu inocente mundo rural ainda estão registradas histórias de potes de
moedas de ouro enterrados e protegidos pelo “Sujo”, nome que se dava a Satanás.
Uma historiazinha agradável de Edgar Allan Poe intitulada “The Gold-Bug”, e que
vale a pena conhecer, também gira em torno de um tesouro escondido e do medo
que tomava conta do velho jupiter, fiel companheiro de William Legrand no
momento em que este tentava localizar um tesouro enterrado por piratas. É da
falsa necessidade de riqueza que provêm toda a miséria do mundo. Absolutamente
nada justifica as imensas riquezas em mãos de uma só pessoa, realidade que daqui
e dali começa a ser trazida a público. Como toda caminhada por maior que seja
começa com apenas um simples passo, para felicidade de todos, um dia chegará em
que a compreensão da realidade de não passar de ignorância a excessiva
necessidade de bens materiais além do suficiente para uma vida digna a que
absolutamente todos os seres humanos devem ter.
O blog
Outras Palavras, escola de alfabetização política, em matéria denominada PARA ENFRENTAR O MITO DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO, traz a notícia alvissareira de que a inglesa Kate
Raworth, estudiosa e pesquisadora de assuntos relacionados a economia,
bem-estar social, meio ambiente e políticas públicas, publicou um trabalho onde
se lê coisas assim: “Pesquisadora britânica propõe novo paradigma para a
ciência econômica: abandonar o "homem racional, autorreferido e
calculista; voltar-se ao bem-estar de todos e à salvação do planeta”. Esta notícia representa mais um motivo de orgulho para
este mal amanhado blog porque as garatujas aqui alinhavadas têm a presunção de
mostrar à juventude o bruto erro que comete em deixar ao léu o seu destino.
Como não se atinar com a realidade de estar o mundo sendo arrastado para um
caos absoluto em função da desmesurada fabricação de riqueza? Não sendo
impossível desconhecer tal realidade uma vez que ela salta às vistas de todos,
por que, então, não tratar de procurar suas causas a fim de combatê-las? Não é
preciso ir muito longe para se chegar às fontes da infelicidade humana. Ela
está no fato de se ter fixado na mente de todos a falsa ideia de que a única
coisa a merecer atenção é o crescimento econômico. De que adiantou aos agora
atormentados ajuntadores de riqueza entre os quais despontam Sergio Cabral e
sua mulher o crescimento econômico? Pois a mesma infelicidade que agora atormenta
estes infelizes, por diversas razões, atormentará toda a humanidade sem
distinção de ninguém. Não resultará outra coisa de uma cultura que gira em
torno de bolsa de valores, juros, cotação de moedas, sistema financeiro,
sobretudo a imoralidade do sistema bancário que arranca o coro das sociedades
de forma ainda mais cruel nas repúblicas de banana onde o erário fica a cargo
de um banqueiro.
Se mesmo nas sociedades consideradas mais elevadas espiritualmente as
pessoas consideram ser o dinheiro o principal objetivo a merecer atenção, nas
sociedades espiritualmente medíocres como a nossa esta irrealidade chega ao
extremo da perversidade contra um povo tão desprovido de cultura social que
depredam bens públicos por considerá-los propriedade de ninguém. É uma
crueldade do tamanho do mundo a perversidade da reforma previdenciária ora
levada a efeito pelo governo de banqueiros, quando tira dos mais necessitados
um mínimo amparo com que contar quando não mais tiverem condição de trabalhar.
A preferência dada à complicação que faz centenas de analistas em torno desta
realidade simples lembra a história do maluco beleza por todos estimados que
procurava o anel debaixo do poste onde havia ilumanação embora o tivesse
perdido lá dentro do barraco onde era escuro. O desânimo de quem afirma não ter
mais jeito para esse nosso belo país de triste sorte vem justamente da grande
confusão em torno de reformas, roubos, políticos ladrões, falta de saúde, de
hospital, de segurança, disso e mais aquilo, enfim, de falta de tudo, menos de
imoralidades, caráter e vergonha na cara. Pondo a mão na consciência e
refletindo-se sobre tudo isso, chegar-se-á inevitavelmente à conclusão de se
tratar-se apenas de ser cada um de todos os indivíduos no mundo inteiro
possuído do sonho de riqueza. Deixando a sociedade a cargo de pessoas embaladas
por este sonho, os recurso materiais dos quais depende a organização de da
sociedade, não poderiam ter outro destino que não fosse a tubulação mostrada no
Jornal Nacional. Simples assim. Inté.
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