domingo, 23 de março de 2014

ARENGA NÚMERO DOZE


Preencher com cidadania o vazio que as pessoas tem na cabeça, transformando bobos em cidadãos, é a única forma de fazer uma sociedade humana capaz de proporcionar vantagem a seus membros, objetivo de todos os outros tipos de sociedade, menos a sociedade formada pelos seres humanos para sua própria convivência. Pessoas que se associam para montar uma atividade comercial empenham-se para dar certo sua sociedade. Entretanto, para conviver, empenham-se os seres humanos na tarefa de impedir que esta sociedade funcione e dê certo. Brutos que ainda somos, os esquisitos humanos estraçalham-se entre si numa fúria superior à das feras, vivendo o “cada um por si” individualista grotesco e ferrenho. Em tal ambiente não prospera a união necessária para o sucesso da sociedade humana que anda por caminhos de todos os tipos, menos o caminho da sensatez e dignidade.

Com tanta animosidade não há outra perspectiva para a humanidade senão continuar guerreando como fazíamos no tempo em que ainda éramos peludos. Até quando vai ser assim? A humanidade já está bem velhinha para continuar tão inocente que nem percebe para onde está sendo levada. Já se faz necessário trocar de idéias antes que não tenha mais volta, e cabe à juventude tomar a dianteira na procura de um caminho capaz de levar todos a um porto seguro. Se os já adiantados nos anos nada fazem em busca de melhor forma de viver, uma vez que vivem só para juntar riqueza, é preciso que os jovens acionem seu motor de produzir pensamentos e pensem idéias novas porque disto depende seu futuro e o de seus descendentes. O que está aí vai de mal a pior.

O primeiro passo a ser dado é aprender a pensar, e o segundo passo é pensar por si mesmo. Ao fazer isso, percebe-se que a realidade da vida é diferente do mundo falso da televisão para o qual a festa é eterna. A festa só tem graça durante a passageira vitalidade de jovem. Quando acabar a disposição para requebrar os quadris, aí a porca torce o rabo porque o choro espera pelos pobres e o desespero por ter envelhecido espera pelos que nada aprenderam e que são a quase totalidade dos seres humanos, tão descuidados que se assustam ao perceber a chegada da velhice apesar de passar por velhos a todo instante e saber que todos ficam velhos. Seria de bom alvitre ter em mente esta realidade e se familiarizar com a idéia de velhice em vez de encará-la com o desgosto proveniente do medo do desconhecido. Quanto mais baixo na escala da evolução mental, mais apegado à vida e mais acabrunhado por não ser eterno.

Não se pode andar de olhos fechados para a realidade como faz a juventude. Os jovens se rebaixam a viver uma vida indigna de sua vivacidade e condição de ser pensante ao limitar suas ações às dos irracionais de manter-se vivo, brigar, reproduzir, comer e cagar.  A vida não pode se resumir nisso aí. É por isso que os jovens precisam resgatar o hábito de pensar perdido no tempo e comparar as informações recebidas com a realidade da vida. Esta comparação mostraria que a juventude vive um falso mundo de fantasias. Um exemplo perfeito para este raciocínio ocorreu num encontro casual com um amigo. Depois dos cumprimentos de praxe, ante a observação de estarmos ambos bem de saúde, o meu amigo disse que Deus tem sido generoso conosco. Esta afirmação de que Deus tem sido generoso conosco é fala de papagaio, sem lógica porque Deus não tem motivo para gastar generosidade comigo que sou ateu e não com tanta gente mais infeliz que eu a chorar na televisão e no corredor do hospital.

E para encurtar a conversa, está próxima a hora de ocorrer alguma mudança em virtude de ter se tornado insustentável o alto volume de ignorância dos seres humanos. Se o homem não se antecipar à natureza e contornar como tem feito com muitas de suas agressões, pode acontecer com os descendentes dos jovens de hoje o mesmo que aconteceu com os que não faziam parte da família de Noé. Tá na hora de exercitar o pensamento. Inté.

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