sábado, 15 de março de 2014

ARENGA NÚMERO DEZ.


 

É burrice sem tamanho querer combater o efeito de algo que incomoda e deixar intacta a fábrica que produz aquele “algo que incomoda”, porque ela, a fábrica, também chamada de causa, fabricará ou causará outros “algos que incomodam” para substituir aquele “algo que incomodava” e que deixou de incomodar.  É algo assim como uma fábrica de sapatos e as pessoas que compram sapatos. Por mais que sapatos sejam comprados, nunca falta sapato para ser comprado porque a causa de haver sapatos são as fábricas de sapatos. Caso os sapatos fossem problema em vez de solução, o problema sapato não poderia ser resolvido sem acabar com a produção de sapato nem que se tivesse de demolir as fábricas de sapato.

Com nosso corpo físico acontece a mesma coisa. Se infecção no dedão produz dor na cabeça, cepar fora o dedão resolve o incômodo da dor de cabeça. Tomar analgésico não resolve porque o dedão continuará produzindo a dor que ressurgirá na cabeça quando passar o efeito do analgésico. Da mesma forma, também acontece no âmbito social. Quando a imensa maioria do povo brasileiro, constituída de inocentes religiosos, bailarinos de axé, fanáticos por futebola, alimentadores da jogatina no Cassino Caixa Econômica Federal, admiradores de BBB, Fazenda, veneradores das “celebridades” e “famosos” do tipo das que temos nas pessoas de verdadeiros ignorantes e desprovidos do sentimento de solidariedade humana, pessoas capazes de trocar dignidade por dinheiro, enquanto prevalecer este ambiente de baixo astral essa gente continuará incorrendo no equívoco de eliminar o efeito em vez da causa que produz o medo de violência que lhes atormenta como faz ao pretender paz e segurança encarcerando a infeliz garotada levada à marginalidade.

Esta garotada é só o efeito. A causa é o enorme contingente da população vivendo em condições de deplorável miserabilidade enquanto posudos disputam na Revista Forbes quem tem a maior montanha de riqueza. Esta é a causa de toda a violência. Enquanto não se mudar essa forma absurda de sociedade não será possível paz porque os bolsões de miséria são não apenas uma fábrica, mas uma verdadeira indústria da violência que perturba o sossego dos inocentes que se acham seguros escondidos debaixo de suas riquezas imensas, sem tempo para enxergar ao seu lado crianças e mais crianças em situação tão miserável que invejam a vida levada pelos cachorros e gatos.

 Jeitão seguro de ter paz e segurança é transformar em cidadãos toda esta criançada e promover os meios pelos quais possam ter acesso à dignidade de prover suas necessidades independentemente de esmola.

A capacidade de aprender é inerente aos seres vivos. Se às crianças é ensinado que pessoas importantes são esses tipos rasteiros de ignorância monumental, ávidos por dinheiro, a quem a imprensa se refere como “famosos” e “celebridades”, sociedade desse tipo não pode ser diferente da nossa sociedade. Entretanto, ensinando às crianças as verdadeiras qualidades que devem integrar a personalidade de alguém a fim de ser considerada uma pessoa importante, o resultado dessa aprendizagem será de homens e mulheres capazes de pensar, raciocinar e chegar à conclusão de estar tudo errado como realmente está.

Ao ser cultivado um ambiente educado a tendência é ficar ainda cada vez mais educado. Do mesmo modo, cultivando-se um ambiente onde qualquer chutador de bola ou requebrador de quadris é mais importante do que o professor, tal ambiente será sempre próprio para palhaçadas, igrejas e presídios lotados, além de muito desassossego e choro no corredor do hospital.

Enquanto não houver sentimento de sociabilidade seremos infelizes. Esse negócio de Revista Forbes de um lado e favelas do outro lado nunca dará certo. Os descendentes dos ricos inocentes de hoje perceberão isso a duras penas. Infelizmente. Inté.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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