quinta-feira, 27 de março de 2014

ARENGA NÚMERO TREZE


Se festa e falta de vergonha trouxesse progresso, o Brasil seria o primeirão em educação, saúde, segurança e boa convivência entre os brasileiros. É com base nesses elementos que se mede o progresso de um povo. O hábito de considerar progresso o acúmulo de riqueza é resquício da barbárie dos tempos em que a comida era rara e a necessidade orientava no sentido de se acumular o mais que pudesse qualquer coisa que prestasse prá comer. Atualmente, ante o incremento populacional, quando a razão se sobrepõe ao instinto, não há mais ambiente para continuar abocanhando tudo que se encontra no caminho, e muito menos que se vá longe tomar no grito os recursos de outras pessoas, porque isso vai criar uma legião de necessitados com um olhão gordo em cima das posses daqueles que lhes deixaram na condição de necessitados, nascendo daí a inquietação que a todos infelicita por falta da montanha de dinheiro carreada para os infernos fiscais dos criadores de necessidades sociais que fazem pose de idiotas na Revista Forbes. A distorção existente entre quem tem acesso a todas as comodidades existentes e a imensa pobreza que permite a uma velha ter como leito apenas o chão do hospital, tanta disparidade entre os usurpadores e os usurpados impossibilita a existência de uma sociedade onde se pode falar em progresso e civilização.

Nossa sociedade chegou ao mais baixo nível de degradação moral e de vilania a que pode chegar um povo. A única coisa capaz de despertar o interesse do brasileiro é saber onde será a próxima festa, o próximo feriado, o próximo jogo e o próximo assalto. Os noticiários da imprensa versam sobre a “celebridade” que foi à festa sem calcinha ou sem cueca; sobre os lugares inusitados onde determinada “celebridade” teve relação sexual; sobre as baixarias de Fazenda e BBB; sobre a “celebridade” com maior quantidade de silicone no peito e na bunda e que adquiriu músculos de cavalo mediante ingestão de veneno; sobre quanto a vendedora está cobrando por sua virgindade; quanto o senador ou o deputado recebeu para retirar seu nome do pedido de CPI; notícia sobre corpos esquartejados pelas ruas e as bandalheiras da politicagem.

O banditismo tomou conta do país de ponta a ponta. Não é possível encontrar uma só ilha de sensatez no mar de insanidades em que transformaram este país que merece um povo mais digno do que os bichos que o habitam. As exceções, porque há exceções, e muitas, parecem confusas em sua sinceridade. Na palestra da ministra Eliana Calmon, perguntei-lhe como se explica a existência de acusações gravíssimas de crimes contra o patrimônio público cometidos por FHC, Sarney e Lula, nos livros Privataria Tucana, Honoráveis Bandidos e O Chefe. A resposta de Sua Excelência não esclarece nada. Respondeu que nem tudo que se fala pode ser tomado por verdade e que o próprio FHC teria negado no programa Manhattan Connetion as acusações feitas a ele. Ora, não era de se esperar que o acusado referendasse as acusações. Maluf também jura de pés juntos que é um santo. Além disso, por que os acusados nos livros mencionados não levaram à justiça os acusadores se eles caluniaram? Até mesmo o povo que tem a mente no lugar de requebrar afirma que quem cala consente. Além de tudo, a cultura depravada do brasileiro insolente incorporou o enriquecimento a qualquer custo em troca do que deve ser feito pela responsabilidade da obrigação. No que diz respeito apenas ao Senhor FHC, é bem outra a história a seu respeito contada pelo grande patriota e grande jornalista, monumento de dignidade, Hélio Fernandes. Para conhecer a verdadeira história de FHC basta pedir ao amigão Google o “blog do hélio Fernandes”. Lá está, entre outras coisas, que FHC enriqueceu com falcatruas em privatizações, sobretudo da Vale do Rio Doce e da telefonia.

O que leva um povo a ser tão desqualificado moralmente? O brasileiro é igual àquele demente babão capaz de ir às raias da indignação mediante a recusa de um doce, mas incapaz de comportamento coerente. Esperneiam por causa de vinte centavos no preço da passagem, mas não se incomodam no duto condutor de montanhas de dinheiro para os infernos fiscais. Os processos chamados de licitação, mediante os quais uma empresa privada é contratada para executar obra pública, é uma coisa verdadeiramente surreal. Ao preço da obra são acrescidas propinas que chegam a dobrar ou mesmo triplicar seu custo real. Dados estatísticos são para bobos porque tudo é manipulado de acordo com a conveniência dos conluios entre as autoridades e uns homens portando pastas 007, elegantes, educados e “mui amigos” que não saem dos palácios onde armam poucas e boas em cima dos requebradores de quadris e admiradores de BBB.

É ou não é hora de possuidores e possuídos consultarem o travesseiro? Prá mim, é. E é porque se não houver mudança todos vão se dar mal. Inté.

 

 

 

 

 

  

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