Se festa e falta de vergonha trouxesse
progresso, o Brasil seria o primeirão em educação, saúde, segurança e boa
convivência entre os brasileiros. É com base nesses elementos que se mede o
progresso de um povo. O hábito de considerar progresso o acúmulo de riqueza é
resquício da barbárie dos tempos em que a comida era rara e a necessidade orientava
no sentido de se acumular o mais que pudesse qualquer coisa que prestasse prá comer.
Atualmente, ante o incremento populacional, quando a razão se sobrepõe ao
instinto, não há mais ambiente para continuar abocanhando tudo que se encontra
no caminho, e muito menos que se vá longe tomar no grito os recursos de outras
pessoas, porque isso vai criar uma legião de necessitados com um olhão gordo em
cima das posses daqueles que lhes deixaram na condição de necessitados,
nascendo daí a inquietação que a todos infelicita por falta da montanha de
dinheiro carreada para os infernos fiscais dos criadores de necessidades
sociais que fazem pose de idiotas na Revista Forbes. A distorção existente
entre quem tem acesso a todas as comodidades existentes e a imensa pobreza que
permite a uma velha ter como leito apenas o chão do hospital, tanta disparidade
entre os usurpadores e os usurpados impossibilita a existência de uma sociedade
onde se pode falar em progresso e civilização.
Nossa sociedade chegou ao mais baixo
nível de degradação moral e de vilania a que pode chegar um povo. A única coisa
capaz de despertar o interesse do brasileiro é saber onde será a próxima festa,
o próximo feriado, o próximo jogo e o próximo assalto. Os noticiários da
imprensa versam sobre a “celebridade” que foi à festa sem calcinha ou sem
cueca; sobre os lugares inusitados onde determinada “celebridade” teve relação
sexual; sobre as baixarias de Fazenda e BBB; sobre a “celebridade” com maior
quantidade de silicone no peito e na bunda e que adquiriu músculos de cavalo
mediante ingestão de veneno; sobre quanto a vendedora está cobrando por sua
virgindade; quanto o senador ou o deputado recebeu para retirar seu nome do
pedido de CPI; notícia sobre corpos esquartejados pelas ruas e as bandalheiras
da politicagem.
O banditismo tomou conta do país de
ponta a ponta. Não é possível encontrar uma só ilha de sensatez no mar de
insanidades em que transformaram este país que merece um povo mais digno do que
os bichos que o habitam. As exceções, porque há exceções, e muitas, parecem
confusas em sua sinceridade. Na palestra da ministra Eliana Calmon,
perguntei-lhe como se explica a existência de acusações gravíssimas de crimes
contra o patrimônio público cometidos por FHC, Sarney e Lula, nos livros
Privataria Tucana, Honoráveis Bandidos e O Chefe. A resposta de Sua Excelência
não esclarece nada. Respondeu que nem tudo que se fala pode ser tomado por verdade
e que o próprio FHC teria negado no programa Manhattan Connetion as acusações
feitas a ele. Ora, não era de se esperar que o acusado referendasse as
acusações. Maluf também jura de pés juntos que é um santo. Além disso, por que
os acusados nos livros mencionados não levaram à justiça os acusadores se eles
caluniaram? Até mesmo o povo que tem a mente no lugar de requebrar afirma que
quem cala consente. Além de tudo, a cultura depravada do brasileiro insolente
incorporou o enriquecimento a qualquer custo em troca do que deve ser feito
pela responsabilidade da obrigação. No que diz respeito apenas ao Senhor FHC, é
bem outra a história a seu respeito contada pelo grande patriota e grande
jornalista, monumento de dignidade, Hélio Fernandes. Para conhecer a verdadeira
história de FHC basta pedir ao amigão Google o “blog do hélio Fernandes”. Lá
está, entre outras coisas, que FHC enriqueceu com falcatruas em privatizações,
sobretudo da Vale do Rio Doce e da telefonia.
O que leva um povo a ser tão
desqualificado moralmente? O brasileiro é igual àquele demente babão capaz de
ir às raias da indignação mediante a recusa de um doce, mas incapaz de
comportamento coerente. Esperneiam por causa de vinte centavos no preço da
passagem, mas não se incomodam no duto condutor de montanhas de dinheiro para
os infernos fiscais. Os processos chamados de licitação, mediante os quais uma
empresa privada é contratada para executar obra pública, é uma coisa
verdadeiramente surreal. Ao preço da obra são acrescidas propinas que chegam a
dobrar ou mesmo triplicar seu custo real. Dados estatísticos são para bobos
porque tudo é manipulado de acordo com a conveniência dos conluios entre as
autoridades e uns homens portando pastas 007, elegantes, educados e “mui
amigos” que não saem dos palácios onde armam poucas e boas em cima dos
requebradores de quadris e admiradores de BBB.
É ou não é hora de possuidores e possuídos
consultarem o travesseiro? Prá mim, é. E é porque se não houver mudança todos
vão se dar mal. Inté.
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