domingo, 2 de março de 2014

DÚVIDA DESNECESSÁRIA


O professor Cristovam Buarque, relator da proposta de descriminalização da maconha, declara ter um montão de dúvidas a respeito do assunto. Ora aponta dados positivos como o fim da violência que mata milhares de jovens, ora aponta dados negativos como o aumento do consumo de drogas. Todas as dúvidas do eminente professor estão fundamentadas no medo que tem os políticos de perder votos porque votos para os políticos são tão importantes quanto respirar é importante para nós. Falo de cadeira da importância de respirar porque quanto menino sofria de asma e sei que é terrível a sensação causada pela falta de oxigênio no organismo. Os olhos ficam arregalados e inexiste posição agradável. O professor Cristovam Buarque, eminente mestre, educador de primeira linha, vive numa sociedade cujos eleitores são tão ignorantes a ponto de terem como “celebridades” Ivete Sangalo, Luciano Huck, Roberto Carlos, Alexandre Frota, Pelé, Big Brother, Fazenda, futebola e axé. Nestas circunstâncias, vivendo em meio a quem nem sabe fazer um “O” com um copo, o mestre em pedagogia teme perder os votos dos ignorantes convictos de que a violência policial é a melhor forma de lidar com o problema das drogas.

O nosso estimado professor deveria se mirar no espelho de Heloisa Helena, Eliana Calmon e Joaquim Barbosa, pessoas que não se submetem aos desmandos de se submeter à ditadura da subserviência. Faria muito melhor o nosso professor se em vez de ouvir a opinião do povo ignorante ouvisse a opinião do Dr. Alexandre Vital Porto, escritor e diplomata, mestre em direito pela Universidade de Harvard, que trabalhou nas embaixadas em Santiago, Cidade do México e Washington e na missão do país junto à ONU, em Nova York, portanto, homem de conhecimento sobre o problema das drogas e da sociedade infinitamente superior ao conhecimento dos requebradores de quadris que o professor Buarque pretende consultar. Este cientista social escreveu a seguinte matéria sobre a proibição ou a liberação das drogas, matéria intitulada A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS nos seguintes termos:

“Os astecas comiam cogumelos alucinógenos; os antigos hindus fumavam maconha; os romanos misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca houve sociedade sem drogas.

Sem contar os usuários das drogas já regulamentadas, como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e 6,6% da população adulta do mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha, cocaína e anfetaminas.

A maioria destes fará uso eventual, sem maiores consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a 13% desenvolverão problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV e doenças infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.

De cada cem mortes no mundo, uma decorre de atividades relacionadas ao tráfico de narcóticos. Estima-se que os custos dos problemas de saúde relacionados ao uso de drogas ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões anualmente.

Os prejuízos causados pela atividade ilegal – mas muito lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da população. É como se o povo subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais. É o pior de dois mundos.

Em 1961, a ONU aprovou sua Convenção Única sobre Entorpecentes com o objetivo de combater o problema das drogas por meio da repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento, assinado por 184 países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a elaboração das legislações mundiais sobre o tema.

No entanto, mesmo em países com leis especialmente severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o tráfico e o consumo de drogas persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse enfoque, a Lei Seca, tentou proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e 1933. O que acabou conseguindo foi transformar Chicago num antro de crime e criar personagens da linhagem de Al Capone.

Enquanto se persegue a utopia do mundo sem drogas, o comércio internacional de entorpecentes movimenta cerca de US$ 300 bilhões por ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse dinheiro paga propinas e estimula a corrupção das instituições democráticas.

A história mostra que parte da população mundial vai continuar se drogando. Mesmo que, para isso, tenha de desafiar as leis. Se políticas de repressão estrita funcionassem, o Irã não teria uma das legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores índices de dependência de heroína do mundo.

Os países que resolveram enfrentar a questão por meio de políticas inovadoras, que consideram o tema como de saúde pública e incluem a descriminalização do consumo de drogas leves, como a maconha, têm tido resultados encorajadores na reabilitação de usuários e no combate à criminalidade e outras consequências negativas da dependência.

A proibição das drogas só dá lucro aos traficantes. Não elimina o consumo nem seus efeitos deletérios, mas impede o controle, a tributação e potencializa o problema. Torna-se um fator de corrupção. Mas, acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que "um mundo livre de drogas", como quis a ONU, talvez não seja possível. O jeito é conviver com elas pagando o menor preço”.

Então professor Buarque, É entre os religiosos e os requebradores de quadris que prevalece o ambiente onde analfabetos sabem meais que os cientistas. Portanto, em vez de consultar a sociedade que Vossa Excelência diz precisar ouvir para tomar sua decisão, ouça a voz da ciência e não tenha medo de ser sincero. Inté.  

 

  

      

 

 

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