O professor Cristovam Buarque, relator
da proposta de descriminalização da maconha, declara ter um montão de dúvidas a
respeito do assunto. Ora aponta dados positivos como o fim da violência que
mata milhares de jovens, ora aponta dados negativos como o aumento do consumo
de drogas. Todas as dúvidas do eminente professor estão fundamentadas no medo
que tem os políticos de perder votos porque votos para os políticos são tão
importantes quanto respirar é importante para nós. Falo de cadeira da
importância de respirar porque quanto menino sofria de asma e sei que é
terrível a sensação causada pela falta de oxigênio no organismo. Os olhos ficam
arregalados e inexiste posição agradável. O professor Cristovam Buarque,
eminente mestre, educador de primeira linha, vive numa sociedade cujos
eleitores são tão ignorantes a ponto de terem como “celebridades” Ivete
Sangalo, Luciano Huck, Roberto Carlos, Alexandre Frota, Pelé, Big Brother,
Fazenda, futebola e axé. Nestas circunstâncias, vivendo em meio a quem nem sabe
fazer um “O” com um copo, o mestre em pedagogia teme perder os votos dos
ignorantes convictos de que a violência policial é a melhor forma de lidar com
o problema das drogas.
O nosso estimado
professor deveria se mirar no espelho de Heloisa Helena, Eliana Calmon e
Joaquim Barbosa, pessoas que não se submetem aos desmandos de se submeter à
ditadura da subserviência. Faria muito melhor o nosso professor se em vez de
ouvir a opinião do povo ignorante ouvisse a opinião do
Dr. Alexandre Vital Porto, escritor
e diplomata, mestre em direito pela Universidade de Harvard, que trabalhou nas
embaixadas em Santiago, Cidade do México e Washington e na missão do país junto
à ONU, em Nova York, portanto, homem de conhecimento sobre o problema das
drogas e da sociedade infinitamente superior ao conhecimento dos requebradores
de quadris que o professor Buarque pretende consultar. Este cientista social escreveu
a seguinte matéria sobre a proibição ou a liberação das drogas, matéria
intitulada A UTOPIA DE UM MUNDO SEM DROGAS nos seguintes termos:
“Os astecas comiam cogumelos alucinógenos; os antigos
hindus fumavam maconha; os romanos misturavam ópio ao vinho. Parece que nunca
houve sociedade sem drogas.
Sem contar os usuários das drogas já regulamentadas,
como álcool e tabaco, atualmente, entre 3,4% e 6,6% da população adulta do
mundo utilizam drogas ilícitas, como maconha, cocaína e anfetaminas.
A maioria destes fará uso eventual, sem maiores
consequências ao longo da vida. No entanto, de 10% a 13% desenvolverão
problemas de saúde, como dependência, ou contaminação por HIV e doenças
infecciosas. O que era para ser recreativo vira patológico.
De cada cem mortes no mundo, uma decorre de atividades
relacionadas ao tráfico de narcóticos. Estima-se que os custos dos problemas de
saúde relacionados ao uso de drogas ilícitas alcancem de US$ 200 bilhões a US$
250 bilhões anualmente.
Os prejuízos causados pela atividade ilegal – mas muito
lucrativa – são absorvidos pelo conjunto da população. É como se o povo
subsidiasse os traficantes com incentivos fiscais. É o pior de dois mundos.
Em 1961, a ONU aprovou sua Convenção Única sobre
Entorpecentes com o objetivo de combater o problema das drogas por meio da
repressão à posse, ao uso e à distribuição. O documento, assinado por 184
países, tornou-se, em grande parte, base conceitual para a elaboração das
legislações mundiais sobre o tema.
No entanto, mesmo em países com leis especialmente
severas, como Arábia Saudita e Cingapura, o tráfico e o consumo de drogas
persistem. O exemplo clássico da ineficácia desse enfoque, a Lei Seca, tentou
proibir o consumo de álcool nos EUA entre 1920 e 1933. O que acabou conseguindo
foi transformar Chicago num antro de crime e criar personagens da linhagem de
Al Capone.
Enquanto se persegue a utopia do mundo sem drogas, o
comércio internacional de entorpecentes movimenta cerca de US$ 300 bilhões por
ano. Em lugar de contribuir com impostos, esse dinheiro paga propinas e
estimula a corrupção das instituições democráticas.
A história mostra que parte da população mundial vai
continuar se drogando. Mesmo que, para isso, tenha de desafiar as leis. Se
políticas de repressão estrita funcionassem, o Irã não teria uma das
legislações mais severas quanto ao tema e um dos piores índices de dependência
de heroína do mundo.
Os países que resolveram enfrentar a questão por meio
de políticas inovadoras, que consideram o tema como de saúde pública e incluem
a descriminalização do consumo de drogas leves, como a maconha, têm tido
resultados encorajadores na reabilitação de usuários e no combate à criminalidade
e outras consequências negativas da dependência.
A proibição das drogas só dá lucro aos traficantes. Não
elimina o consumo nem seus efeitos deletérios, mas impede o controle, a
tributação e potencializa o problema. Torna-se um fator de corrupção. Mas,
acima de tudo, é irrealista. É tempo de considerar que "um mundo livre de
drogas", como quis a ONU, talvez não seja possível. O jeito é conviver com
elas pagando o menor preço”.
Então professor
Buarque, É entre os religiosos e os requebradores de quadris que prevalece o
ambiente onde analfabetos sabem meais que os cientistas. Portanto, em vez de
consultar a sociedade que Vossa Excelência diz precisar ouvir para tomar sua
decisão, ouça a voz da ciência e não tenha medo de ser sincero. Inté.
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