Pensar ou
refletir sobre a vida é tão útil a quem vive quanto útil é uma lanterna para
andar na escuridão. A vida nos abre tantos caminhos que é preciso pensar antes
de escolher um deles. Por não pensar sobre o que se faz, é que o homem afundou
na mediocridade de viver para festejos e produzir riqueza. Estas atividades são
necessárias, mas não podem ter prioridade àquelas das quais depende a
existência da sociedade, tais como educação saúde e segurança, sem as quais
resulta um aglomerado de dissidentes a digladiar eternamente, passando pela
fase em que nos encontramos, seguindo daqui para rumo desconhecido, mas com
certeza nada promissor, e tudo isso sob a indiferença da juventude festiva.
Verdade que
a sociedade precisa de alegria. Entretanto, alguém a esbanjar alegria sob
ameaça de perigo é prova de insanidade. A alegria é apropriada para um ambiente
sadio onde todos trabalham e tem dignidade. Alegria alivia a mente dos efeitos da
mesmice contrária à natureza que exige mudança. Nossos antepassados peludos
emitiam sons guturais para extravasar um incontido sentimento de alegria quando
abria um tempo bonito depois das tormentas que os apavoravam. Aquela era uma
alegria inteiramente justificada pela emoção que sempre causa a substituição da
sensação de perigo pela de segurança. Alegravam-se por ter saído de uma
situação ruim para uma situação boa. Mas, e nós, que motivo temos para tanta alegria
se desta situação ruim vamos para uma pior? Que futuro pode esperar um povo
mundialmente conhecido por jogar futebola; sugerir ao mundo ser aqui o lugar das
mulheres desfrutáveis; imitar tão bem quanto macaco; por serem safados e
ladrões? Assim, pois, nas atuais condições não se justifica a alegria.
Nem se
justifica a opção pela sociedade da acumulação de riqueza endeusada pela Economia
Política Capitalista amiga da onça. O acúmulo da riqueza num só lugar é prejudicial
à sociedade. Cria inimigos dentro dela ao expulsar do convívio determinado
número de pessoas e considerá-las sem as mesmas necessidades e vontades das
pessoas consideradas normais. Pior ainda é o açanhamento que a televisão coloca
nas mentes dos do lado de fora da sociedade ao fazer-lhes figa com as
maravilhas usufruídas pelos de dentro. Não precisa ser inteligente para
perceber que esta situação é tão perigosa para os que estão do lado de dentro
quanto perigosa será a situação de quem fustiga o cão preso no dia em que os
dois se encontrarem em campo aberto. Só há desvantagem em criar inimigos, mas é
o que faz o atual modelo de sociedade capitalista com os que estão excluídos de
sua proteção e invejando o carinho dispensado aos cães e gatos lá do lado de
dentro.
O mundo
encantado dos produtores de riqueza não é mais do que uma Caixa de Pandora à
espera de quem lhe destampe. A obsessão pela atividade de acumular riqueza
ocupa toda a capacidade mental de seus adeptos de tal modo que não lhes deixa
lembrar da Revolução Francesa e a violência resultante da separação entre um
mundo fantasioso dos privilegiados e outro mundo real dos excluídos. A fantasia
atual já embevece tanto os produtores de riqueza que um deles lá das bandas do
norte está propondo que o direito ao voto seja fundamentado na quantidade de
imposto pago. Isto daria aos ricos o direito a vários votos. Seria boa a idéia se
o rico pagasse imposto na mesma proporção que o pobre paga sobre tudo o que
ganha e possui. Além disso, a riqueza do rico é feita pelo pobre. A pose dos
acumuladores de riqueza pressupõe presunção, inocência, falta de visão a mais
de um palmo do nariz e muita burrice.
O caminho
escolhido aleatoriamente como sempre se fez, anulada que foi a atividade
mental, leva ao lugar escolhido pelos fazedores de riqueza. Se o caminho por
eles escolhido nos trouxe ao estado deplorável em que nos encontramos, não é de
se esperar que de uma hora para outra eles mudem de opinião. Os produtores de
riqueza precisam ser ajudados para chegar a esta conclusão e cabe à juventude
aprender a pensar e mudar o defeito da boca de seus pais que o cachimbo da
usura entortou porque não pode estar certa a boca de quem emprega estratégias
para fomentar a exclusão social, atitude de quem deixa um vespeiro se alojar
dentro de casa.
A carência
no país de trinta e dois mil professores do ensino médio noticiada pela imprensa
é manobra dos produtores de riqueza para manter os excluídos afastados da
educação e do esclarecimento. Este, entretanto, é procedimento com efeito
bumerangue. Inté.
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