sábado, 29 de março de 2014

EFEITO BUMERANGUE


Pensar ou refletir sobre a vida é tão útil a quem vive quanto útil é uma lanterna para andar na escuridão. A vida nos abre tantos caminhos que é preciso pensar antes de escolher um deles. Por não pensar sobre o que se faz, é que o homem afundou na mediocridade de viver para festejos e produzir riqueza. Estas atividades são necessárias, mas não podem ter prioridade àquelas das quais depende a existência da sociedade, tais como educação saúde e segurança, sem as quais resulta um aglomerado de dissidentes a digladiar eternamente, passando pela fase em que nos encontramos, seguindo daqui para rumo desconhecido, mas com certeza nada promissor, e tudo isso sob a indiferença da juventude festiva.

Verdade que a sociedade precisa de alegria. Entretanto, alguém a esbanjar alegria sob ameaça de perigo é prova de insanidade. A alegria é apropriada para um ambiente sadio onde todos trabalham e tem dignidade. Alegria alivia a mente dos efeitos da mesmice contrária à natureza que exige mudança. Nossos antepassados peludos emitiam sons guturais para extravasar um incontido sentimento de alegria quando abria um tempo bonito depois das tormentas que os apavoravam. Aquela era uma alegria inteiramente justificada pela emoção que sempre causa a substituição da sensação de perigo pela de segurança. Alegravam-se por ter saído de uma situação ruim para uma situação boa. Mas, e nós, que motivo temos para tanta alegria se desta situação ruim vamos para uma pior? Que futuro pode esperar um povo mundialmente conhecido por jogar futebola; sugerir ao mundo ser aqui o lugar das mulheres desfrutáveis; imitar tão bem quanto macaco; por serem safados e ladrões? Assim, pois, nas atuais condições não se justifica a alegria.

Nem se justifica a opção pela sociedade da acumulação de riqueza endeusada pela Economia Política Capitalista amiga da onça. O acúmulo da riqueza num só lugar é prejudicial à sociedade. Cria inimigos dentro dela ao expulsar do convívio determinado número de pessoas e considerá-las sem as mesmas necessidades e vontades das pessoas consideradas normais. Pior ainda é o açanhamento que a televisão coloca nas mentes dos do lado de fora da sociedade ao fazer-lhes figa com as maravilhas usufruídas pelos de dentro. Não precisa ser inteligente para perceber que esta situação é tão perigosa para os que estão do lado de dentro quanto perigosa será a situação de quem fustiga o cão preso no dia em que os dois se encontrarem em campo aberto. Só há desvantagem em criar inimigos, mas é o que faz o atual modelo de sociedade capitalista com os que estão excluídos de sua proteção e invejando o carinho dispensado aos cães e gatos lá do lado de dentro.

O mundo encantado dos produtores de riqueza não é mais do que uma Caixa de Pandora à espera de quem lhe destampe. A obsessão pela atividade de acumular riqueza ocupa toda a capacidade mental de seus adeptos de tal modo que não lhes deixa lembrar da Revolução Francesa e a violência resultante da separação entre um mundo fantasioso dos privilegiados e outro mundo real dos excluídos. A fantasia atual já embevece tanto os produtores de riqueza que um deles lá das bandas do norte está propondo que o direito ao voto seja fundamentado na quantidade de imposto pago. Isto daria aos ricos o direito a vários votos. Seria boa a idéia se o rico pagasse imposto na mesma proporção que o pobre paga sobre tudo o que ganha e possui. Além disso, a riqueza do rico é feita pelo pobre. A pose dos acumuladores de riqueza pressupõe presunção, inocência, falta de visão a mais de um palmo do nariz e muita burrice.

O caminho escolhido aleatoriamente como sempre se fez, anulada que foi a atividade mental, leva ao lugar escolhido pelos fazedores de riqueza. Se o caminho por eles escolhido nos trouxe ao estado deplorável em que nos encontramos, não é de se esperar que de uma hora para outra eles mudem de opinião. Os produtores de riqueza precisam ser ajudados para chegar a esta conclusão e cabe à juventude aprender a pensar e mudar o defeito da boca de seus pais que o cachimbo da usura entortou porque não pode estar certa a boca de quem emprega estratégias para fomentar a exclusão social, atitude de quem deixa um vespeiro se alojar dentro de casa.

A carência no país de trinta e dois mil professores do ensino médio noticiada pela imprensa é manobra dos produtores de riqueza para manter os excluídos afastados da educação e do esclarecimento. Este, entretanto, é procedimento com efeito bumerangue. Inté.

 

 

 


 


    

 

 

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