Assustada,
Sara me perguntou como explicar a brutalidade praticada por mais de trinta jovens
que barbarizaram no Rio de Janeiro uma jovenzinha. Ao lhe responder ser
inteiramente compreensível e normal em se tratando da sociedade brasileira, ela
ficou ainda mais assustada. Escapa-lhe a dura realidade de ser impossível haver
comportamento civilizado da parte de quem aprendeu a ser bruto. Haveria
anormalidade de causar espanto em tal procedimento se tanto os jovens
estupradores quanto a jovem estuprada fossem dotados dos conhecimentos
necessários para se viver em sociedade. R
Eles não tem
culpa por viverem sob influência da cultura implantada pelas melhores universidades
do mundo segundo a qual é normal que os seres humanos vilipendiem uns aos
outros de tal modo que o mais forte encontra amparo legal para negar ao mais
fraco o direito à dignidade, orientação da qual resultam seres humanos em condições
sub-humanas infinitamente inferiores às condições em que vivem cães e gatos,
sendo, portanto, de responsabilidade social os comportamentos bestiais que a
ninguém deveriam espantar em função da realidade que nos cerca. Por acaso é
menos brutal notícia da mãe que matou o próprio filho que a estuprava? Nem é
menos bestial do ponto de vista social a declaração do Ministro da Fazenda de
faltar dinheiro para a educação. É da falta de uma educação que nascem os
comportamentos bestiais. Não é menor a brutalidade presente no comportamento da
jovenzinha ao ser estimulada precocemente à sexualidade e convencida pela
sociedade moralmente deformada de haver vantagem na prostituição como insinuam
o filme Uma Bela Mulher e programas como BBB, Fazenda e novelas. Errados estão
os críticos de Lobão por raciocinar nesta mesma linha e afirmar que esta
sociedade produz mini-putas. Ao contrário de uma educação da qual resultasse
elevação espiritual que desse origem ao nobre sentimento de irmandade, aos
deformadores de opinião egressos das mais famosas universidades do mundo
capitalista interessa a desunião apregoada pelo feioso Henry Kissinger ao
recomendar a competição como ideal. Não é sem razão que uma destas
universidades acaba de laurear Fernando Henrique Cardoso, político do qual o
próprio tio disse não ser merecedor de confiança. Inté.
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