O “PASSAR O
BRASIL A LIMPO” de Boris Casoy encontra obstáculos realmente intransponíveis
sem a participação popular. Mas como a população é formada pelos ANALFABETOS
POLÍTICOS de Bertold Brecht, fica realmente difícil tirar a sujeira que
enlameia as instituições públicas sem exceção. Não se pode ter dúvida de que o
exercício do poder transforma as autoridades em ladrões contumazes e perigosos.
Ainda outro dia a ministra Rosa Weber,
quem sabe o que fala, falou da necessidade de investigar evidências de conluios
de agentes públicos e empresas privadas. Uma foto no Jornal do
Brasil mostra uma reunião das figuras de Sarney, Eduardo Cunha, Renan
Calheiros, Michel Temer, Moreira Franco. Alguém seria capaz de imaginar que um só
dessa turma está preocupado com algum projeto de nação? Pois estas são as
figuras do altíssimo escalão da administração pública do país inteiro. Esperar
o que, senão a esculhambação reinante? O problema que impede a limpeza da
política é que, constatada a desordem, ninguém quer saber de ordem porque na a
desorganização encobre os conluios referidos pela ministra, dos quais resultam
contas abarrotadas nos infernos fiscais, trepadas num aviaozão no alto do céu,
e a penúria nos corredores dos hospitais abarrotados de infelizes choradores profissionais
com uma bíblia na mão e uma bola no lugar da cabeça. A gritaria que ora se
alevanta contra a prisão de Lula é a mais completa prova de que a papagaiada
que brada por moralização corre da moralização como o diabo corre da cruz. A única
injustiça existente em transferir todas as autoridades para as cadeias é não
prender os criminosos anteriores aos atuais porque eles cometeram os mesmos
crimes. A política em todo o mundo nada mais é do que uma forma criminosa de
continuar com os privilégios dos nobres medievais em seus castelos arrodeados
de padres, vinhos, mulheres desfrutáveis, jogos, festas. Primeiro eu e depois
os meus. Sempre foi a maneira de exercer autoridade, e nem podia ser de outra
forma por ser inútil esperar atitudes nobres de brutos como ainda são os seres
humanos. Em função desta brutalidade é que existe o fascínio pelo poder, os palácios,
as riquezas. Mojica e Gandhi talvez exagerassem na simplicidade. Entretanto, é
inadmissível a passividade com que a população encara o uso do seu dinheiro
para manter autoridades num estilo de vida tão faustoso que inclui riqueza
pessoal. Até reis, rainhas, príncipes e princesas parasitam as sociedades
modernas.
Como dizem
os autores Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo no livro História Geral e do
Brasil, da política resulta muito poder e riqueza para uma minoria,
clientelismo e vantagens limitadas para alguns, suor e sofrimento para a
maioria. Sempre foi assim. A morte de pessoas do povo já foi usada como
distração para o próprio povo que achava muito bonito um ser humano ir morrendo
à medida que um leão lhe arrancava a carne do corpo. Até hoje se solta leão
para comer o bolso das pessoas. Seres assim são infensos à solidariedade, e
ainda é assim que são os seres humanos. Ainda tão brutos que até transportaram
para a sociedade a teoria da seleção natural de Darwin, segundo a qual os
animais mais fortes e com maior capacidade de destroçar outros animais sobreviviam
enquanto desapareciam os menos capazes de enfrentar as dificuldades da sobrevivência.
Estou vendo aqui no mesmo livro citado que o filósofo inglês do século XIX Herbert
Spencer afirmava haver a mesma concorrência no campo social, razão pela qual
ficou conhecida tal maluquice como Darwinismo social, afirmando a necessidade
da competição que separa as pessoas mais hábeis na arte de enriquecer, enquanto
os inaptos ou menos aptos tendiam a desaparecer na competição e formar a
marginalidade. Condenar à exclusão social aqueles a quem a natureza não deu
habilidade para juntar dinheiro é brutalidade tão grande quanto se divertir
vendo um leão comendo alguém.
Enquanto a
juventude preferir a companhia de “famosos” e “celebridades” o mundo não
deixará de ser a merda que é. Tudo que se prega de moralização é dito por
empregados cujos patrões são adeptos do darwinismo social como provam suas
contas nos infernos fiscais, sendo, portanto, infantilidade acreditar que eles
desacostumem do costume antissocial vigente do ajuntamento de riqueza. É sabido
que a maneira eficiente de combater um mal é atacar a sua causa. Se a infecção
causa dor no dente, livrar-se da infecção é a melhor forma de se livrar da dor.
Se o problema da falta de condições para que as pessoas tenham dignidade é o
roubo que consome os recursos de propiciar tais condições, necessário se faz
eliminar o roubo. Mas, como o dente, também é necessário achar as causas do
roubo para atacá-la do mesmo modo como o antibiótico atacou a infecção do
dente. A causa da roubalheira desenfreada que a tudo consome é o inconsciente
instinto de coletor de alimento que leva à necessidade de ter muita coisa por
medo da escassez. Sabendo disso, a solução é convencer as pessoas que os tempos
mudaram e há muito já não há mais necessidade de ser proprietário de sete
milhões de hectares de terra e nem de ajuntar comida porque ela pode ser
produzida. Mudança de comportamento se obtém através de um sistema de educação
que forme cidadãos em vez de ajuntadores de dinheiro indiferentes ao incômodo
do vizinho. Não é impossível transformar ignorantes políticos em politizados,
mesmo não sendo tarefa fácil. Enquanto os jovens permanecerem em sua monumental
burrice de ignorar o que é feito com o dinheiro público, fiscalizar os
responsáveis pelo erário é um bom começo para evitar roubo. Inté.
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