sábado, 12 de março de 2016

ARENGA 236

O “PASSAR O BRASIL A LIMPO” de Boris Casoy encontra obstáculos realmente intransponíveis sem a participação popular. Mas como a população é formada pelos ANALFABETOS POLÍTICOS de Bertold Brecht, fica realmente difícil tirar a sujeira que enlameia as instituições públicas sem exceção. Não se pode ter dúvida de que o exercício do poder transforma as autoridades em ladrões contumazes e perigosos. Ainda outro dia a ministra Rosa Weber, quem sabe o que fala, falou da necessidade de investigar evidências de conluios de agentes públicos e empresas privadas. Uma foto no Jornal do Brasil mostra uma reunião das figuras de Sarney, Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Michel Temer, Moreira Franco. Alguém seria capaz de imaginar que um só dessa turma está preocupado com algum projeto de nação? Pois estas são as figuras do altíssimo escalão da administração pública do país inteiro. Esperar o que, senão a esculhambação reinante? O problema que impede a limpeza da política é que, constatada a desordem, ninguém quer saber de ordem porque na a desorganização encobre os conluios referidos pela ministra, dos quais resultam contas abarrotadas nos infernos fiscais, trepadas num aviaozão no alto do céu, e a penúria nos corredores dos hospitais abarrotados de infelizes choradores profissionais com uma bíblia na mão e uma bola no lugar da cabeça. A gritaria que ora se alevanta contra a prisão de Lula é a mais completa prova de que a papagaiada que brada por moralização corre da moralização como o diabo corre da cruz. A única injustiça existente em transferir todas as autoridades para as cadeias é não prender os criminosos anteriores aos atuais porque eles cometeram os mesmos crimes. A política em todo o mundo nada mais é do que uma forma criminosa de continuar com os privilégios dos nobres medievais em seus castelos arrodeados de padres, vinhos, mulheres desfrutáveis, jogos, festas. Primeiro eu e depois os meus. Sempre foi a maneira de exercer autoridade, e nem podia ser de outra forma por ser inútil esperar atitudes nobres de brutos como ainda são os seres humanos. Em função desta brutalidade é que existe o fascínio pelo poder, os palácios, as riquezas. Mojica e Gandhi talvez exagerassem na simplicidade. Entretanto, é inadmissível a passividade com que a população encara o uso do seu dinheiro para manter autoridades num estilo de vida tão faustoso que inclui riqueza pessoal. Até reis, rainhas, príncipes e princesas parasitam as sociedades modernas.
Como dizem os autores Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo no livro História Geral e do Brasil, da política resulta muito poder e riqueza para uma minoria, clientelismo e vantagens limitadas para alguns, suor e sofrimento para a maioria. Sempre foi assim. A morte de pessoas do povo já foi usada como distração para o próprio povo que achava muito bonito um ser humano ir morrendo à medida que um leão lhe arrancava a carne do corpo. Até hoje se solta leão para comer o bolso das pessoas. Seres assim são infensos à solidariedade, e ainda é assim que são os seres humanos. Ainda tão brutos que até transportaram para a sociedade a teoria da seleção natural de Darwin, segundo a qual os animais mais fortes e com maior capacidade de destroçar outros animais sobreviviam enquanto desapareciam os menos capazes de enfrentar as dificuldades da sobrevivência. Estou vendo aqui no mesmo livro citado que o filósofo inglês do século XIX Herbert Spencer afirmava haver a mesma concorrência no campo social, razão pela qual ficou conhecida tal maluquice como Darwinismo social, afirmando a necessidade da competição que separa as pessoas mais hábeis na arte de enriquecer, enquanto os inaptos ou menos aptos tendiam a desaparecer na competição e formar a marginalidade. Condenar à exclusão social aqueles a quem a natureza não deu habilidade para juntar dinheiro é brutalidade tão grande quanto se divertir vendo um leão comendo alguém.

Enquanto a juventude preferir a companhia de “famosos” e “celebridades” o mundo não deixará de ser a merda que é. Tudo que se prega de moralização é dito por empregados cujos patrões são adeptos do darwinismo social como provam suas contas nos infernos fiscais, sendo, portanto, infantilidade acreditar que eles desacostumem do costume antissocial vigente do ajuntamento de riqueza. É sabido que a maneira eficiente de combater um mal é atacar a sua causa. Se a infecção causa dor no dente, livrar-se da infecção é a melhor forma de se livrar da dor. Se o problema da falta de condições para que as pessoas tenham dignidade é o roubo que consome os recursos de propiciar tais condições, necessário se faz eliminar o roubo. Mas, como o dente, também é necessário achar as causas do roubo para atacá-la do mesmo modo como o antibiótico atacou a infecção do dente. A causa da roubalheira desenfreada que a tudo consome é o inconsciente instinto de coletor de alimento que leva à necessidade de ter muita coisa por medo da escassez. Sabendo disso, a solução é convencer as pessoas que os tempos mudaram e há muito já não há mais necessidade de ser proprietário de sete milhões de hectares de terra e nem de ajuntar comida porque ela pode ser produzida. Mudança de comportamento se obtém através de um sistema de educação que forme cidadãos em vez de ajuntadores de dinheiro indiferentes ao incômodo do vizinho. Não é impossível transformar ignorantes políticos em politizados, mesmo não sendo tarefa fácil. Enquanto os jovens permanecerem em sua monumental burrice de ignorar o que é feito com o dinheiro público, fiscalizar os responsáveis pelo erário é um bom começo para evitar roubo. Inté.

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