A velhice
torna as pessoas mais sensíveis e com maior conhecimento, principalmente sobre
a vida. Este conhecimento e esta sensibilidade me infelicitam ante o quadro
triste de contemplar uma juventude tão indiferente às tormentas que a
infelicitará num futuro próximo, sobretudo a facilidade com que os jovens se
deixam conduzir pela mídia. Papagaios de microfone por conta de seus empregos
induzem os pobres e desavisados jovens a se comportarem de modo contrário do
modo como deveriam se comportar. Quando religiosos se referem a uma sabedoria
divina ou quando intelectuais afirmam que a natureza tem um projeto inteligente,
como fazem os autores do livro Evolução Espontânea, dão um nó no pensamento de
quem pensa por perceber ser a vida regida por monumental falta de inteligência,
situação brilhantemente definida no adágio que diz “AH, SE O VELHO PUDESSE E SE
O JOVEM SOUBESSE”. Esta frase de aparente simplicidade encerra monumental
sabedoria. Nela está contida a causa de toda a infelicidade que infelicita a
humanidade, justamente por ter ela uma orientação desinteligente, porquanto no
velho o decréscimo da vitalidade física incentiva a vitalidade mental e faz o
pensamento especular, razão pela qual o velho sabe como poderiam os seres
humanos viver de modo infinitamente mais agradável do que vivem. Entretanto, apesar
de saber, eles pouco ou nada podem fazer para que os seres humanos se comportem
como deveriam se comportar para que tal objetivo fosse alcançado. Já os jovens,
como sua vitalidade física exuberante lhes faz dedicar todo o tempo em
atividades relacionadas à materialidade, não lhes permite o exercício do
pensamento esclarecedor. Assim, passado o tempo da capacidade de fazer, fica
limitada a capacidade de influenciar no modo de vida porque quando descobrir
que a vida deve ser vivida de outro modo a única coisa que poderá fazer é
avisar avisos que não são escutados pelos jovens que podem fazer por que eles
estão ocupados e não podem pensar sobre outra coisa que não seja trabalhar e
juntar dinheiro.
É por conta
desta desinteligência que nosso país onde viverão os futuros jovens foi
transformado num pardieiro e de nada aditará as reformas que a juventude ouve
como solução de melhora porque estas reformas são mais uma forma de nada mudar
por serem feitas exatamente por quem não quer nada mudar por estarem certos de
haver vantagem no levar vantagem que sempre orientou o comportamento humano. Os
jovens estão tão ocupados numa ocupação inútil da qual não resultará o
bem-estar buscado que não enxergam o que está errado, embora à vista de todos
como, por exemplo, a diferença de tratamento que a sociedade dispensa a
promotores de brincadeiras e ao professor ou ao fato inteiramente inexplicável
de se deixar a cargo de desonestos a responsabilidade pela aplicação do erário.
A indiferença da juventude quanto às coisas da vida lembra a mesma indiferença
com que se portava meu burrinho de carregar lenha e água quando eu era menino e
essa era a atividade da qual eu muito me orgulhava por estar agindo como
adulto. Inté.
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