domingo, 20 de março de 2016

ARENGA 241

  

A velhice torna as pessoas mais sensíveis e com maior conhecimento, principalmente sobre a vida. Este conhecimento e esta sensibilidade me infelicitam ante o quadro triste de contemplar uma juventude tão indiferente às tormentas que a infelicitará num futuro próximo, sobretudo a facilidade com que os jovens se deixam conduzir pela mídia. Papagaios de microfone por conta de seus empregos induzem os pobres e desavisados jovens a se comportarem de modo contrário do modo como deveriam se comportar. Quando religiosos se referem a uma sabedoria divina ou quando intelectuais afirmam que a natureza tem um projeto inteligente, como fazem os autores do livro Evolução Espontânea, dão um nó no pensamento de quem pensa por perceber ser a vida regida por monumental falta de inteligência, situação brilhantemente definida no adágio que diz “AH, SE O VELHO PUDESSE E SE O JOVEM SOUBESSE”. Esta frase de aparente simplicidade encerra monumental sabedoria. Nela está contida a causa de toda a infelicidade que infelicita a humanidade, justamente por ter ela uma orientação desinteligente, porquanto no velho o decréscimo da vitalidade física incentiva a vitalidade mental e faz o pensamento especular, razão pela qual o velho sabe como poderiam os seres humanos viver de modo infinitamente mais agradável do que vivem. Entretanto, apesar de saber, eles pouco ou nada podem fazer para que os seres humanos se comportem como deveriam se comportar para que tal objetivo fosse alcançado. Já os jovens, como sua vitalidade física exuberante lhes faz dedicar todo o tempo em atividades relacionadas à materialidade, não lhes permite o exercício do pensamento esclarecedor. Assim, passado o tempo da capacidade de fazer, fica limitada a capacidade de influenciar no modo de vida porque quando descobrir que a vida deve ser vivida de outro modo a única coisa que poderá fazer é avisar avisos que não são escutados pelos jovens que podem fazer por que eles estão ocupados e não podem pensar sobre outra coisa que não seja trabalhar e juntar dinheiro.
É por conta desta desinteligência que nosso país onde viverão os futuros jovens foi transformado num pardieiro e de nada aditará as reformas que a juventude ouve como solução de melhora porque estas reformas são mais uma forma de nada mudar por serem feitas exatamente por quem não quer nada mudar por estarem certos de haver vantagem no levar vantagem que sempre orientou o comportamento humano. Os jovens estão tão ocupados numa ocupação inútil da qual não resultará o bem-estar buscado que não enxergam o que está errado, embora à vista de todos como, por exemplo, a diferença de tratamento que a sociedade dispensa a promotores de brincadeiras e ao professor ou ao fato inteiramente inexplicável de se deixar a cargo de desonestos a responsabilidade pela aplicação do erário. A indiferença da juventude quanto às coisas da vida lembra a mesma indiferença com que se portava meu burrinho de carregar lenha e água quando eu era menino e essa era a atividade da qual eu muito me orgulhava por estar agindo como adulto. Inté.


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