sexta-feira, 4 de setembro de 2020

ARENGA 434

 

Os que pulam da cama espavoridos para não perder o horário para não perder o emprego, os que pregam o rabo num banco para se profissionalizar e se habilitarem a ser empregados e hospedeiros do parasitismo da Mais Valia, os que se inquietam na busca por maiores lucros na agiotagem do assino financeiro, nenhuma destas pessoas sabe ter sido tão escravizada quanto os negros e os índios que a lei autoriza os jesuítas escravizar em nome de Cristo. É possível que com o passar do tempo e do vigor físico, a escola da vida conscientize algumas destas pessoas da realidade que tudo aquilo em que elas acreditam, religião, governo, democracia, liberdade, felicidade para sempre, respeito à constituição, justiça, tudo isto é tão fantasia quanto Papai Noel.

Pessoas nascem, envelhecem e terminam o prazo de validade de vida tão iludidas quanto quando começou a viver. Uma rica senhora idosa do mundo das “celebridades” acaba de dar magnífico exemplo da ingenuidade com que a humanidade vê a realidade da vida. A menção a este fato é importante porque mostra quanta certeza as pessoas têm de algo que não corresponde à realidade. Ao dizer aquela senhora que os comunistas odeiam os cristãos entre os quais ela se incluía, expressa o modo de pensar de noventa e nove vírgula nove por cento da humanidade. Mas, de modo algum corresponde à realidade se ao buscar justiça social e pregar desapego à riqueza os comunistas se mostram mais perto dos ensinamentos de Cristo do que se mostra aquela rica e festeira senhora.

No que diz respeito à realidade de que a vida demanda meditação, a faculdade de pensar em nada contribui. A total a falta de interesse dos seres humanos em analisar o que lhes chega ao conhecimento. Um infernal mecanismo de comunicação faz a humanidade se interessar por tudo aquilo de que ela deve recusar ou participar com a mesma moderação com que se toma remédio. Festas, esportes, a celebridade das “celebridades”, bandidos legislando a seu favor e contra a sociedade, inúteis templos a custo de fortunas para professar crendices. Um momento de reflexão basta para se perceber estar tudo ao contrário do que devia ser.

A indignação do doutor Ladislau Dowbor com a humanidade deve ser de todos nós. Apenas uma palinha da indignação dele: “Hoje 800 milhões de pessoas passam fome, não por culpa delas, mas por culpa de um sistema de alocação de recursos sobre o qual elas não têm nenhuma influência. A impotência de não poder prover o alimento ao filho é um sentimento terrível. Milhões de crianças morrem todo ano. Cerca de cinco vezes mais do que as vítimas das Torres de Nova Iorque. A injustiça tão presente e a empáfia dos ricos que ostentam o seu sucesso sem ver a desgraça que produzem, francamente, me deixam puto da vida.” (Página 13 do livro A Era Do Capital Improdutivo).


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