sábado, 5 de setembro de 2020

ARENGA 435

 

 

Na página 34 do livro Origem Da Desigualdade Entre Os Homens, mestre Rousseau diz o seguinte: “... é evidente, pela leitura dos livros sagrados, que o primeiro homem, tendo recebido de deus...” e na página37 de Senso Comum mestre Thomas Paine se refere como fato histórico o pedido de Samuel a deus para que desse um rei que governasse seu povo (1 Samuel 8:6).

Ao fazer referência a deus como realidade, apesar do extraordinário conhecimento que demonstraram, estes dois grandes pensadores deixaram claro que mesmo eles, os grandes pensadores, tinham muito ainda a aprender sobre a realidade da vida porque se declararam também envolvidos na mesma falsa crendice do populacho festeiro e vulgar que escreve “foi deus que mim deu” em carrinhos baratos, conversa com estátua e compra feijão santo.

Atualmente, em função do esclarecimento adquirido com a experiência, a existência de deus não faz mais sentido para nenhum intelectual, salvo os que têm na fé a garantia da despensa abastecida. Repercutiria mal atualmente entre pessoas cultas uma obra literária que se referisse a religiosidade como merecedora de credibilidade. A leitura da bíblia leva à conclusão de estar completamento certa a afirmação de que as religiões de hoje serão  mitologias amanhã.

Interessante nessa história bíblica de Samuel reivindicar um rei perante deus é a sabedoria de quem a escreveu ao avisar a Samuel que o rei iria achacar o povo, tomando dele até os filhos (1 Samuel 8:11). Não é o que fazem os governos obrigando os filhos do povo a se matarem nas guerras? O cara que escreveu isso tinha a percepção que até hoje o povo não tem se ainda acredita em governo.

Mas não é apenas quanto no tocante a religião que pensadores se declararam inocentes quanto à realidade da vida. Incorreram no mesmo equívoco filósofos ateus como Marx, Lenin e Stalin ao acreditar que o elemento povo tivesse discernimento necessário para promover uma sociedade civilizada, o que fica atualmente demostrado ser impossível porque sendo agora o povo responsável pela escolha dos governantes, escolhem bandidos para representá-lo como autoridades governamentais.

Entretanto, mesmo a pensadores modernos que criticam a inviável cultura capitalista parece escapar uma parte da realidade. Grandes economistas como Thomas Piketty e Ladislau Dowbor, por exemplo, veem inviabilidade na economia apenas na agiotagem parasitária do sistema financeiro, por ser danosa ao sistema produtivo. Mas, na realidade, é inviável todo o sistema econômico capitalista se o sistema produtivo é voltado para lucros ilimitados que dão origem a grandes enriquecimentos que acabam, num círculo vicioso, direcionados para a condenável agiotagem do sistema financeiro.


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