sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ARENGA 441

 

PARE DE ACREDITAR NO GOVERNO. É o título de um livro do escritor brasileiro Bruno Garschagen, título que ainda merece outro superlativo além de felicíssimo considerando a verdade absoluta da sentença do velho e sábio Marx, escorraçado por mentes bolorentas de religiosos e ajuntadores de riqueza, personalidades reveladoras de completa cegueira mental e infinita mediocridade espiritual porquanto nenhuma mentalidade sadia negaria haver real necessidade de mudar o mundo se a irracionalidade predomina sobre a racionalidade que deveria distinguir o ser humano da fera.

Com apenas cinco palavras o escritor expôs a causa de toda infelicidade que grassa mundo a fora e que outra não é senão o faz-de-conta do modo como é  exercida a atividade governamental, razão pela qual o mundo não poderia estar pior sem os governantes. Como ainda não é possível extinguir os governos, cabe fazer com que cumpram o dever de retribuírem com trabalho honesto porque se a sociedade lhes proporciona o vidão de fazer inveja que têm não é para que ajudem os ricos a se tornarem mais ricos às custas do trabalho dos pobres e nem para que promovam guerras. É, isto sim, para que promovam bem-estar social e evitem em vez de promoverem degradação moral, tendência natural dos espécimes da brutal espécie humana.

Fazer da atividade governamental o que ela deve ser é que deve ser o papel dos seres humanos em vez de procurar nas igrejas a solução para seus tormentos porque todos eles provêm das necessidades decorrentes do desvirtuamento político. É esse desvirtuamento que faz faltar as coisas das quais as pessoas necessitam. São monumentais templos para orações e brincadeiras substituindo hospitais e escolas. São aberrações culturais merecendo riqueza e fama. São bandidos tratados por excelências. Todas estas distorções provêm da distorção da política e nenhum deus endireitará leis elaboradas para beneficiar ladrões do dinheiro do povo.

As distorções clamam aos demônios quando magistrados pagos pela sociedade para livrá-la dos bandidos com eles se mancomunam por ser total desalento não ter a quem recorrer contra injustiças. É tal aberração já ocorria há cerca de duzentos anos, conforme página 70 do livro Raízes Do Conservadorismo Brasileiro, de Juremir Machado da Silva, mostrando que José Bonifácio assim se referia a respeito da justiça: “...nossos magistrados, se é que se pode dar tão honroso título a venais que só empunham a vara da justiça para oprimir desgraçados que não podem satisfazer à cobiça, ou melhorar sua sorte”. Como se vê, não será possível viver num ambiente moral e fisicamente salutar a depender de governo. A proteção de autoridades a criminosos materializada na condenação da Lava Jato já foi prevista por Rui Barbosa ao profetizar o tempo em que o homem sentir-se-ia ridículo por ser honesto.

   

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