quarta-feira, 23 de setembro de 2020

ARENGA 444

 

           Embora sem o apreço exagerado de Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto que requereu ao Congresso uma lei oficializando o tupi-guarani a língua oficial do Brasil, por ser genuinamente brasileira, o certo é que a ninguém com um mínimo de honradez na personalidade e vergonha na cara deixa de reconhecer e sentir melancolia ante o vilipêndio de que desde sempre tem vitimado nosso belo país, que apesar de rico, é carente tanto de riqueza quanto de estima pelo seu povo tal é o ridículo a que é exposto e cujo exemplo maior é dado por pelas autoridades pagas para zelar pela honradez de sua soberania. Um senador brasileiro apanhado com dinheiro roubado escondido entre as duas bandas da bunda em vez de pasta 007 como fazem os ladrões de alta classe, não foi motivo de gracejos para o resto do mundo porque há muito este país é encarado como motivo de mofa, da piada pronta e da facilidade com que se agacha até aparecer a bunda.

E não faltou advogado “famoso” para provar que roubar ou traficar droga não constitui crime quando a autoria é de senador.

A mediocridade cultural do brasileiro causa mal-estar às poucas pessoas que se elevaram acima da mentalidade de populacho, de turba festiva, de lavadores de escadas de igrejas, dos emplumados das escolas de samba dos promotores de festas de arromba, dos pipocadores de fogos, dos que conversam com estátuas e dos que compram ou vendem feijão milagroso.

As decisões das autoridades brasileiras têm preço como as mercadorias nos supermercados e a imprensa mostrou a um público incapaz de indignação pela mediocridade mental, que a proteção contra ao rei dos ônibus, (aqui, para ser rei, basta ser ridículo) no Rio de Janeiro, custou uma festa de arromba para o casamento da filha de um ministro do STF.

O Congresso Nacional Brasileiro não passa de um antro onde falcatruas são urdidas cinicamente debaixo da barba de uma juventude alienada. O Supremo Tribunal Federal tem ministro empresário e seus membros são indicados por políticos desonestos que em função da artimanha do foro privilegiado, caso não se beneficiem da malandragem do decurso de tempo e vierem a ser julgados serão julgados pelos juízes que lhes devem o favor de terem sido agraciados com garantia de vida mansa.

Completa este quadro pavoroso um Poder Executivo teocrático e conivente com a calamidade moral. Apesar disso, é o país das festas, das igrejas e do futebola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário