terça-feira, 1 de setembro de 2020

ARENGA 431

Ao meio-dia de todo dia, hora em que a maça bruta de povo está em casa para o almoço, a imprensa falada, em polvorosa e entusiásticos brados de goooooolllll, papagaiam sobre futebola. Escravos cujo emprego não permite se deslocarem até suas senzalas para almoçar, a fim de não prejudicar a mais valia de seus patrões, são vistos nas lanchonetes com uma xícara na mão e olhos pregados num aparelho de televisão no alto da parede por meio do qual explode a euforia dos papagaios de microfone em tremenda gritaria porque o barulho tem o poder de atrair a atenção de pessoas talhadas para ambientes chulos.

Trata-se de uma armadilha tão eficiente que dela não escapa nem intelectual do porte do economista Ladislau Dowbor, autor de importantes livros como A Era Do Capital Improdutivo e O Capital Se Descola. Na página 15 do primeiro, seu autor, homem de tão grande intelectualidade se declara torcedor de time de futebola. Se existisse milagres, um deles seria o poder que tem o futebola de atrair para si a opinião pública, desviando sua atenção da política, permitindo que ela possa esconder os horrores que pratica contra a sociedade. Além desse mal (o mais danoso) o futebola também é prejudicial desperdiçando fabulosas somas de dinheiro tanto na corrupção mostrada nos livros O LADO SUJO DO FUTEBOL, de Amaury Ribeiro Júnior, Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet, O SUBMUNDO DO FUTEBOL, de Wilson Raj Perumal, POLÍTICA, PROPINA E FUTEBOL, de Jamil Chade; JOGO CADA VEZ MAIS SUJO, de Andrew Jennings, quanto nas riquezas retiradas da sociedade para jogadores.

Portanto, a realidade que ninguém vê é que o fanatismo pelo futebola evita que o povo possa pensar para não discordar da obrigação de prover rega bofes de parasitas em esplendorosa vida palaciana na qual abundam iguarias, vinhos e mulheres adoidado que abrem as pernas até acima das nuvens em luxuoso avião, tudo por conta do erário.

Ao conseguir livrar-se da prisão mental e prestar atenção no que ocorre ao redor, ver-se-á que o mundo real está tão de ponta-cabeça que criminosos tomaram conta do poder político tão espetacularmente que a bandidagem transformou em vilões os jovens heróis da Lava Jato e estão jogando livre e à vontade, inclusive com proteção da justiça.

 

 


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