quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ARENGA CINQUENTA E SEIS


A maior demonstração de insustentabilidade da vida de nossa sociedade acaba de chegar a público pela atitude de duas instituições nacionais noticiada na imprensa. Não pode haver em nenhuma das línguas faladas no mundo expressão capaz de definir a estupidez e incapacidade de indignação desse povo qualificado de manada pelo poeta. É de causar uma tristeza do tamanho do universo pensar que futuro terão as crianças desenvolvidas em tal ambiente. Absurdo ainda muito maior do que todos os absurdos desta sociedade de idiotas é a indiferença com que a sociedade encara o fato de haver a Ordem dos Advogados de Brasília indeferido o pedido de inscrição como advogado feito pelo doutor Joaquim Barbosa. Qualquer instituição nobre haveria de sentir-se orgulhosa em contar com a participação do único homem com bastante coragem para defender a juventude da eterna condenação à condição de manada. Entretanto, a Ordem dos Advogados de Brasília recusa-se a contar no seu quadro de advogados o nosso futuro presidente da república. Já o doutor Thomaz Bastos, aquele que teve o nariz crescido ainda mais do que já é com as mentiras que colocou na boca do Cachoeira, para este são louvores. Não está realmente de cabeça para baixo? Aquele que defende a sociedade é preterido em benefício daquele que a agride. Há na Revista Época matéria com o título Thomaz Bastos orienta Odebrecht e Camargo Corrêa. Alguém pelaí imagina o tipo da orientação? Pois é isso aí que esta juventude pamonha merece.

Nesse país às avessas, as pessoas mais importantes são aquelas que não tem importância nenhuma. Vive-se uma inversão de valores tão alarmante que o mundo da prostituição é invejado e desejado pelas moçoilas e os rapazolas, o que faz antever um futuro sem futuro. Desprezou-se completamente a necessidade da leitura, o que transformou a juventude em analfabetos que sabem ler. Desta ignorância nasce a indiferença em relação àqueles assuntos que mais merecem atenção. Tanto esse fato da recusa em receber o doutor Barbosa, quanto o comportamento da segunda instituição referida lá em cima, a Câmara Federal, também acaba de agir de cabeça para baixo. Imagine só que seu presidente, o deputado Henrique Alves, de triste memória, quer que o juiz Márlon Reis seja punido por ter declarado que a maioria das cadeiras do parlamento é ocupada por corruptos. Não é de rachar? Todo mundo sabe disso. Quem quiser a prova basta perguntar a alguém quando não houver ninguém por perto. Além disso, Até o Lula (o roto e o esfarrapado) já falou que aquilo é uma grande picaretagem. O Datena, então, bota os deputados abaixo de cachorro.

Tanto no caso de doutor Barbosa, quando o mocinho virou bandido, do mesmo modo, também o deputado Henrique Alves quer punir quem quer defender o futuro dos jovens apalermados. O entendimento de tais procedimentos depende apenas de se levar em conta que as autoridades agem sempre no sentido de tirar algum tipo de proveito, preferencialmente não havendo quem os incomode por perto. Em tal ambiente não há espaço para quem não surrupia nem quer que ninguém o faça. Daí a valorização dos palhaços de todos os tipos a prender a atenção, e uma educação que deseduca, nascendo dessa união a imbecilidade que gera a indiferença ante o fato de ser a sociedade administrada ao contrário. Há mil armadilhas que conduzem à desumanidade de impedir a evolução espiritual do povo, tornando-o tão idiota que paga um palhaço e um jogador de futebola para que sejam legisladores. Há pelaí uma jovem inocente agradecendo a Deus pelo seu sucesso em ficar rica cantando músicas evangélicas. O que esperar de um povo com tal mentalidade? Como todos os enchedores de igrejas, a ignorância desta inocente moça que a sociedade imbecilizou nunca lhe permitirá saber que em vez de levantar os olhos para o alto como está na foto da revista, ela deveria abaixá-los em atitude de humildade e arrependimento porque a riqueza que ela agrade a Deus olhando para cima, vem é da ignorância de pobres diabos cá de baixo que compram seus discos.

Observando a circunstância de ser a Cidade de Brasília a sede dos dois acontecimentos de repúdio à honradez quando se persegue os doutores Barbosa e Márlon Reis por serem íntegros, declara-se o império da desonra e confirma-se de cabo a rabo o conteúdo de uma das muitas grandes reportagens do genial jornalista Mauro Santayana, intitulada A CRISE DA RAZÃO POLÍTICA E A MALDIÇÃO DE BRASÍLIA, peça que só vale a pena ser lida e que está à disposição no amigão Google. Ali fica demonstrada com maestria que também o chamado movimento revolucionário de 1964 teve um resultado oposto ao anunciado. A leitura da citada matéria faz ver que realmente as coisas em nosso país de triste sorte andam às avessas. Se estes pobres jovens não despertarem para a necessidade de se interessar por política estarão ferrados. Inté.

 

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