sábado, 4 de outubro de 2014

ARENGA CINQUENTA E SETE


Presenciei um acontecimento que dá a exata dimensão do sentido expressado pela afirmação de que a ignorância é a fonte de todos os males. Vi uma jovem ficar orgulhosa ao ser apresentada a mim como uma serva de Deus. Naquele comportamento, que é o comportamento da juventude frequentadora de igreja, está toda a razão de ser da religião: tornar as pessoas tão pobres de espírito que se sentem orgulhosas em ser tão insignificantes quanto insignificante é um servo conformado com a servidão. Que trabalho desempenha uma serva de Deus? Não pode ser outra coisa senão pedir um quilo de qualquer coisa na porta do supermercado, trabalho de idiota, porque os políticos agradecem. Eles adoram a moleza de alguém fazer por eles o que eles deveriam fazer. Quando a juventude descobrir que pode pensar, aí perceberá o malogro que é esse negócio de bem-bom lá no céu. O único bem-bom que existe está num altar chamado erário, profanado por impuros cuja relação com os jovens equivale ao comportamento do esperto que para enganar o bobo aponta numa direção que será imediatamente seguida pelo olhar do ludibriado, enquanto o enganador apronta alguma coisa.

A juventude está nas mãos da religião e do poder econômico, forças até aqui donas absolutas do mundo, mas que tem usado tão mal esse poderio que nunca deixará de haver guerras no mundo enquanto for este que aí está o modelo a ser seguido. Se esse modelo trouxe a esta situação de total descalabro em que se encontra a sociedade destes jovens parvos, é preciso haver em alguém do comando a sensatez de mudar esse rumo de tanta infelicidade apenas pela estupidez da necessidade desnecessária de buscar tesouros, principalmente no Cassino Caixa Econômica Federal.

A religião e o poder econômico são duas forças malignas que impedem o surgimento de uma sociedade civilizada. Se por um lado a religião reduz a dignidade humana a ponto de encontrar felicidade na servidão, o que elimina a altivez e a esperteza vivaz do jovem, por outro lado, o poder econômico faz jovens estudantes de engenharia florestal e agronomia convictos de não haver nenhum malefício na monocultura do eucalipto. Mas tanto o poder da religião quando o do dinheiro só criaram problemas para si. A religião já está se tornando ridícula. Um Papa que vive a pedir paz e o mundo cada vez mais violento. Isso já está cansando. Como se pode ser tão bobo a ponto de acreditar numa proteção divina que não atende aos pedidos de seu representante máximo? Do mesmo modo, o poder econômico está também perdendo o fôlego em sua briga contra a natureza e logo será derrotado e não terá como ressarcir o preço a ser cobrado pelos saques feitos contra a riqueza que a natureza criou durante bilhões de anos e que a sanha por dinheiro destruiu em apenas dois séculos.

Aquela jovem acredita ser a pessoa mais feliz do mundo, enquanto a realidade é que ela é uma infeliz cuja infelicidade aparecerá quando chegar uma velhice de choro no corredor do hospital. Ela é exemplo perfeito para se entender o porquê de ser a ignorância a mãe de todos os males. Fica fácil entender a degradação social quando se tem em mente que o peso pela quantidade das pessoas com tal mentalidade é que determina o rumo que a sociedade deve seguir. Como o cérebro destas pessoas cabe no fundo da agulha, o resultado é uma sociedade em guerra porque a guerra é o argumento dos ignorantes por completo desconhecimento do que seja sociabilidade. Nem mesmo sabem estes pobres autômatos o que a história do passado conta sobre sua religião, e nem mesmo sabem o que é religião. Basta-lhes saber da existência de um Deus a ser cultuado, pensando ter sido sempre assim, sem que lhes passe pela cabeça o que seja animismo, politeísmo, monoteísmo e materialismo. É triste, mas é a realidade. Como este tipo de mentalidade abrange a maioria absoluta da sociedade, resulta em eleição de palhaço e jogador de futebola para legisladores.

Que tipo de sociedade seria uma sociedade formada exclusivamente por pessoas da mentalidade daquela jovem orgulhosa de ser serva? A resposta a esta pergunta é a coisa mais fácil do mundo porque tal sociedade seria exatamente como é a nossa sociedade cuja força motriz, a juventude, não presta absolutamente para nada. É tão fácil de ser enganada que a troco de enriquecer os fabricantes de aparelhos para serem futucados, são capazes de permanecer uma semana inteira na fila à espera de abrir a loja que venderá o último modelo. É. Com essa juventude aí, a coisa pega. Né, não? Inté.   

 

 

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