Presenciei
um acontecimento que dá a exata dimensão do sentido expressado pela afirmação
de que a ignorância é a fonte de todos os males. Vi uma jovem ficar orgulhosa
ao ser apresentada a mim como uma serva de Deus. Naquele comportamento, que é o
comportamento da juventude frequentadora de igreja, está toda a razão de ser da
religião: tornar as pessoas tão pobres de espírito que se sentem orgulhosas em
ser tão insignificantes quanto insignificante é um servo conformado com a
servidão. Que trabalho desempenha uma serva de Deus? Não pode ser outra coisa
senão pedir um quilo de qualquer coisa na porta do supermercado, trabalho de
idiota, porque os políticos agradecem. Eles adoram a moleza de alguém fazer por
eles o que eles deveriam fazer. Quando a juventude descobrir que pode pensar,
aí perceberá o malogro que é esse negócio de bem-bom lá no céu. O único bem-bom
que existe está num altar chamado erário, profanado por impuros cuja relação
com os jovens equivale ao comportamento do esperto que para enganar o bobo
aponta numa direção que será imediatamente seguida pelo olhar do ludibriado,
enquanto o enganador apronta alguma coisa.
A juventude
está nas mãos da religião e do poder econômico, forças até aqui donas absolutas
do mundo, mas que tem usado tão mal esse poderio que nunca deixará de haver
guerras no mundo enquanto for este que aí está o modelo a ser seguido. Se esse
modelo trouxe a esta situação de total descalabro em que se encontra a
sociedade destes jovens parvos, é preciso haver em alguém do comando a sensatez
de mudar esse rumo de tanta infelicidade apenas pela estupidez da necessidade
desnecessária de buscar tesouros, principalmente no Cassino Caixa Econômica
Federal.
A religião e
o poder econômico são duas forças malignas que impedem o surgimento de uma
sociedade civilizada. Se por um lado a religião reduz a dignidade humana a
ponto de encontrar felicidade na servidão, o que elimina a altivez e a
esperteza vivaz do jovem, por outro lado, o poder econômico faz jovens
estudantes de engenharia florestal e agronomia convictos de não haver nenhum
malefício na monocultura do eucalipto. Mas tanto o poder da religião quando o
do dinheiro só criaram problemas para si. A religião já está se tornando
ridícula. Um Papa que vive a pedir paz e o mundo cada vez mais violento. Isso já
está cansando. Como se pode ser tão bobo a ponto de acreditar numa proteção
divina que não atende aos pedidos de seu representante máximo? Do mesmo modo, o
poder econômico está também perdendo o fôlego em sua briga contra a natureza e logo
será derrotado e não terá como ressarcir o preço a ser cobrado pelos saques
feitos contra a riqueza que a natureza criou durante bilhões de anos e que a
sanha por dinheiro destruiu em apenas dois séculos.
Aquela
jovem acredita ser a pessoa mais feliz do mundo, enquanto a realidade é que ela
é uma infeliz cuja infelicidade aparecerá quando chegar uma velhice de choro no
corredor do hospital. Ela é exemplo perfeito para se entender o porquê de ser a
ignorância a mãe de todos os males. Fica fácil entender a degradação social
quando se tem em mente que o peso pela quantidade das pessoas com tal
mentalidade é que determina o rumo que a sociedade deve seguir. Como o cérebro
destas pessoas cabe no fundo da agulha, o resultado é uma sociedade em guerra
porque a guerra é o argumento dos ignorantes por completo desconhecimento do
que seja sociabilidade. Nem mesmo sabem estes pobres autômatos o que a história
do passado conta sobre sua religião, e nem mesmo sabem o que é religião.
Basta-lhes saber da existência de um Deus a ser cultuado, pensando ter sido
sempre assim, sem que lhes passe pela cabeça o que seja animismo, politeísmo,
monoteísmo e materialismo. É triste, mas é a realidade. Como este tipo de mentalidade
abrange a maioria absoluta da sociedade, resulta em eleição de palhaço e
jogador de futebola para legisladores.
Que tipo de
sociedade seria uma sociedade formada exclusivamente por pessoas da mentalidade
daquela jovem orgulhosa de ser serva? A resposta a esta pergunta é a coisa mais
fácil do mundo porque tal sociedade seria exatamente como é a nossa sociedade
cuja força motriz, a juventude, não presta absolutamente para nada. É tão fácil
de ser enganada que a troco de enriquecer os fabricantes de aparelhos para
serem futucados, são capazes de permanecer uma semana inteira na fila à espera
de abrir a loja que venderá o último modelo. É. Com essa juventude aí, a coisa
pega. Né, não? Inté.
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