O Datena da televisão mostrava a
violência e a bagunça que virou uma localidade artificialmente pacificada pela falsa
política chamada de pacificação. Ele acertou quando disse sensatamente que
pacificação não se faz com tiros, mas com educação. Por tal declaração, merece
parabéns. Entretanto, errou quando disse que os políticos são incompetentes. Aqui
o Datena se equivocou porque os políticos só poderiam ser considerados incompetentes
se estivessem empenhados em organizar uma sociedade civilizada, sem, no
entanto, jamais conseguir alcançar tal objetivo. Se os políticos quisessem
montar um sistema educacional capaz de formar cidadãos e o povo jogasse pedra
neles por querer tal insanidade; se os políticos quisessem montar um sistema de
saúde que atendesse a todos com a mesma eficiência que atendeu o energúmeno
Lula e o povo recusasse; se os políticos quisessem uma sociedade onde as
pessoas pudessem passear em belos parques arborizados sem serem baleadas, onde
se respirasse ar puro, e o povo fizesse protestos contra isso; se os políticos
quisessem um controle rígido do erário, de modo a não se desperdiçar um centavo
sequer e o povo reclamasse, aí, sim, poder-se-ia falar em incompetência pela
falta de capacidade de liderança. Não só incompetência, mas também a burrice
estaria configurada em tal situação porque quem passa séculos tentando fazer
uma coisa sem conseguir e não desiste só pode ser burro além de incompetente.
Acontece, porém, ser bem outro o objetivo visado pelos políticos. Nunca em
tempo algum nenhum político jamais teve por objetivo cumprir sua obrigação de
gastar o dinheiro dos impostos em bem-estar social. Basta passar as vistas nas
páginas policiais dos jornais e ouvir os noticiários para se tomar conhecimento
da eficiência com que os políticos desempenham sua verdadeira atividade, a de
levar vantagem. Este laborar os políticos desempenham com tanta eficiência que no
mundo deles os criminosos são os juízes de seus próprios crimes praticados
tranquilamente sem maiores preocupações porque as CPIs estão aí mesmo para
encerrar a investigação satisfatoriamente para o lado deles. Quando aparece
algum juiz sério e bem intencionado a querer arrumar as coisas como devem ser,
é imediatamente defenestrado pelos políticos de toga, entre os quais também há
bandidos, segundo a doutora Eliana Calmon, que sabe muito bem o que fala. O que está realmente errado nisso tudo é
exatamente tudo isso.
Não há absolutamente nenhuma boa
notícia sobre nós nos meios de comunicação daqui ou de fora. A televisão mostra
ao vivo pessoas sendo assassinadas. As crianças assistem homens disparando
armas sobre alguém. As principais emissoras de rádio seguem obrigatoriamente o
padrão estabelecido no mundo dos que prestam culto ao dinheiro, de modo que
fora crimes, o que se ouve em maior quantidade é papagaiamento sobre dólar,
cotação de tudo que é coisa, até de xoxota, bolsa de valores, câmbio, uma
parafernália de agiotagem dos infernos. Enquanto isto ocorre, há denúncias aos
montes de subtração dos recursos que deveriam ser usados para por ordem nesta
esculhambação de sociedade onde um candidato à presidência da república, a
título de propaganda, aparece ao lado de um jogador de futebola, numa clara
demonstração do atraso mental tanto do candidato quanto de quem se deixa
influenciar por esta insanidade. Pessoalmente me senti diminuído na capacidade
de raciocinar porque jogar futebola nada tem a ver com administrar a sociedade
uma vez que isto se faz usando a cabeça, enquanto para o futebola se usam os
pés. Para um grupo de pessoas civilizadas, o quadro de político se apresentar
com um jogador de futebola seria motivo para não se votar nele.
E por que não somos civilizados? Tão
simples a resposta quanto enganar eleitor. Não somos e não seremos civilizados
enquanto se esperar que as autoridades se disponham a montar um sistema de
educação que ensine verdades uma vez que a tônica da política é a mentira. Quando
algum figurão do mundo político diz alguma verdade perto de um microfone que
deveria estar desligado, o figurão é imediatamente agraciado com algum cargo no
exterior a título de punição. O povo só alcançará a categoria de gente quando
passar de seres movidos a dinheiro para seres movidos à espiritualidade
necessária para não permitir sejam crianças tratadas com menos dignidade do que
gatos e cães. O único motivo pelo qual não somos civilizados é porque não somos
educados. Somos uma sociedade de brutos que vive bailando e desviando de bala
perdida, sociedade ligada a coisas tão rasteiras que a mente não sai do nível
do chão.
Está esgotado o atual modelo de
administração pública porque as autoridades saem do meio político que precisa
de pessoas não educadas socialmente. À política interessa que as pessoas vão às
igrejas e aos terreiros de axé e futebola e não queiram saber de outras coisas.
Desse modo, a mudança que a situação caótica está a exigir não acontecerá senão
quando for exigida pelo povo, exigência impossível de acontecer enquanto o povo
for constituído de babacas que contribuem para o aumento da poluição de todos
os tipos apenas para ver Mickey Mouse e fazer compras em Me Ame. Inté.
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