quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ARENGA CINQUENTA E CINCO


              O Datena da televisão mostrava a violência e a bagunça que virou uma localidade artificialmente pacificada pela falsa política chamada de pacificação. Ele acertou quando disse sensatamente que pacificação não se faz com tiros, mas com educação. Por tal declaração, merece parabéns. Entretanto, errou quando disse que os políticos são incompetentes. Aqui o Datena se equivocou porque os políticos só poderiam ser considerados incompetentes se estivessem empenhados em organizar uma sociedade civilizada, sem, no entanto, jamais conseguir alcançar tal objetivo. Se os políticos quisessem montar um sistema educacional capaz de formar cidadãos e o povo jogasse pedra neles por querer tal insanidade; se os políticos quisessem montar um sistema de saúde que atendesse a todos com a mesma eficiência que atendeu o energúmeno Lula e o povo recusasse; se os políticos quisessem uma sociedade onde as pessoas pudessem passear em belos parques arborizados sem serem baleadas, onde se respirasse ar puro, e o povo fizesse protestos contra isso; se os políticos quisessem um controle rígido do erário, de modo a não se desperdiçar um centavo sequer e o povo reclamasse, aí, sim, poder-se-ia falar em incompetência pela falta de capacidade de liderança. Não só incompetência, mas também a burrice estaria configurada em tal situação porque quem passa séculos tentando fazer uma coisa sem conseguir e não desiste só pode ser burro além de incompetente. Acontece, porém, ser bem outro o objetivo visado pelos políticos. Nunca em tempo algum nenhum político jamais teve por objetivo cumprir sua obrigação de gastar o dinheiro dos impostos em bem-estar social. Basta passar as vistas nas páginas policiais dos jornais e ouvir os noticiários para se tomar conhecimento da eficiência com que os políticos desempenham sua verdadeira atividade, a de levar vantagem. Este laborar os políticos desempenham com tanta eficiência que no mundo deles os criminosos são os juízes de seus próprios crimes praticados tranquilamente sem maiores preocupações porque as CPIs estão aí mesmo para encerrar a investigação satisfatoriamente para o lado deles. Quando aparece algum juiz sério e bem intencionado a querer arrumar as coisas como devem ser, é imediatamente defenestrado pelos políticos de toga, entre os quais também há bandidos, segundo a doutora Eliana Calmon, que sabe muito bem o que fala.  O que está realmente errado nisso tudo é exatamente tudo isso.

          Não há absolutamente nenhuma boa notícia sobre nós nos meios de comunicação daqui ou de fora. A televisão mostra ao vivo pessoas sendo assassinadas. As crianças assistem homens disparando armas sobre alguém. As principais emissoras de rádio seguem obrigatoriamente o padrão estabelecido no mundo dos que prestam culto ao dinheiro, de modo que fora crimes, o que se ouve em maior quantidade é papagaiamento sobre dólar, cotação de tudo que é coisa, até de xoxota, bolsa de valores, câmbio, uma parafernália de agiotagem dos infernos. Enquanto isto ocorre, há denúncias aos montes de subtração dos recursos que deveriam ser usados para por ordem nesta esculhambação de sociedade onde um candidato à presidência da república, a título de propaganda, aparece ao lado de um jogador de futebola, numa clara demonstração do atraso mental tanto do candidato quanto de quem se deixa influenciar por esta insanidade. Pessoalmente me senti diminuído na capacidade de raciocinar porque jogar futebola nada tem a ver com administrar a sociedade uma vez que isto se faz usando a cabeça, enquanto para o futebola se usam os pés. Para um grupo de pessoas civilizadas, o quadro de político se apresentar com um jogador de futebola seria motivo para não se votar nele.

          E por que não somos civilizados? Tão simples a resposta quanto enganar eleitor. Não somos e não seremos civilizados enquanto se esperar que as autoridades se disponham a montar um sistema de educação que ensine verdades uma vez que a tônica da política é a mentira. Quando algum figurão do mundo político diz alguma verdade perto de um microfone que deveria estar desligado, o figurão é imediatamente agraciado com algum cargo no exterior a título de punição. O povo só alcançará a categoria de gente quando passar de seres movidos a dinheiro para seres movidos à espiritualidade necessária para não permitir sejam crianças tratadas com menos dignidade do que gatos e cães. O único motivo pelo qual não somos civilizados é porque não somos educados. Somos uma sociedade de brutos que vive bailando e desviando de bala perdida, sociedade ligada a coisas tão rasteiras que a mente não sai do nível do chão.

          Está esgotado o atual modelo de administração pública porque as autoridades saem do meio político que precisa de pessoas não educadas socialmente. À política interessa que as pessoas vão às igrejas e aos terreiros de axé e futebola e não queiram saber de outras coisas. Desse modo, a mudança que a situação caótica está a exigir não acontecerá senão quando for exigida pelo povo, exigência impossível de acontecer enquanto o povo for constituído de babacas que contribuem para o aumento da poluição de todos os tipos apenas para ver Mickey Mouse e fazer compras em Me Ame. Inté.

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