quarta-feira, 10 de agosto de 2016

ARENGA 298


O amigo e escritor Edmilson Movér me passa uma dessas mensagens que correm mundo pela parte boa da internete. Trata-se da conversa entre um homem atarefado no computador enquanto aguarda a comida num restaurante e um desses garotinhos que em função da brutalidade humana se encontram abandonados pela sociedade e levados pelo azar a enfrentar sozinhos as tormentas da vida. Mesmo ocupado, sendo espécime de gente como meu amigo Movér, o homem deu atenção ao garotinho e este lhe perguntou o que é virtual, ao que o homem respondeu tratar de uma espécie de mundo onde podemos dar vasão à imaginação, inclusive fazer o mundo ser como gostaríamos que ele fosse, o menino, então, disse que ele vivia num mundo assim porque vivia imaginando ter uma família, comida e estudo para ser doutor. Por ser também espécime de gente é que meu amigo escritor lamentava a insensibilidade humana, no que tem absolutíssima razão porque povo é sinônimo de brutalidade, insensatez, burrice, ignorância, animalidade, religiosidade, irracionalidade, enfim, tudo de ruim tem esse agrupamento de biltres denominado povo. Muita razão tinham os Grandes Mestres do Saber quando afirmaram ser uma verdadeira doença a presença do povo, o que pode ser sentido a todo instante. Chegando de viagem com fome, por volta de uma da tarde, a fim de evitar a espera normal nos restaurantes, resolvemos almoçar a comida já pronta do Shopingue Conquista Sul, por onde passávamos no momento. Só mesmo a necessidade de ter alimento no estômago foi capaz de nos fazer suportar o barulho infernal do amontoado de bichos na sala de refeições. Era um frenesi infernal que nem de longe lembrava um lugar onde fazer refeição para quem superou a fase mastodôntica e reles de povo. Era tamanha a algazarra que lembrava os porcos quando lhes era despejada a lavagem nos cochos lá da fazenda de meu pai na minha juventude. E não há que dizer tratar-se de Vitória da Conquista porque em Brasília, não estando esfomeados como desta vez, Sara e eu tivemos de sair do hotel de boa qualidade onde estávamos hospedados em busca de outro restaurante por causa do barulho ensurdecedor, risos e berros estrondosos, tilintar infernal de talheres e pratos num dia em que se comemorava alguma coisa pelos animais em forma de gente daquela cidade onde a corrupção encontra campo livre, inclusive com ajuda da mais alta corte de justiça.

Os brutos seres humanos vivem sem se dar conta da necessidade de se lembrar que também outras pessoas partilham do mesmo ambiente. Estacionam os carros de modo tão atabalhoado que no lugar onde estacionam dez caberiam mais dois ou três. Povo, em sua brutalidade, tem capacidade de suportar barulho muitas vezes superior aos cães. Eles não suportam o pipocar das bombas. Diante disso, fica fácil entender o motivo pelo qual esse é o país mais desgraçado do mundo. A causa é nada mais do que ter a juventude mais estúpida do mundo, embora outros jovens de outros mundos não se mostrem menos estúpidos ao remar no meio de bosta e cadáveres em decomposição lá no Rio de Janeiro. Esta notícia dá mostra da qualidade do nosso povo: Para Ronaldo Fenômeno, a solução é cuspir nos adversários”. Está aí na imprensa esta manchete provando a repulsa do amigo Movér à falta de sensibilidade do povo, o que, aliás, não é de se estranhar uma vez tratando-se de povo para quem Ronaldo do cuspe é fenômeno por ter comportamento equivalente ao dos animais peçonhentos que lançam cusparadas contra suas presas.

Este é um país tão desgraçado que uma pesquisa sobre o que é melhor para o Brasil apresenta as seguintes sugestões: 1 – Que o presidente interino convoque novas eleições. 2 – Que o presidente fique no cargo até o fim do mandato. 3 – Que a presidente Dilma volte e complete o mandato até 20l8. Alguém do lado de fora da classe de povo na qual se incluem politiqueiros e analfabetos políticos pode vislumbrar algo de melhor em alguma destas opções? Senão vejamos: Caso a manada opte pela primeira sugestão e que ela fosse acatada, nada mudaria porque a chave do cofre iria parar nas mãos de outro pau-mandado das empreiteiras. Se a segunda opção, absolutamente nada mudaria porque este governo, como mostra esta notícia: “Farra fiscal olímpica: McDonald’s, Bradesco e Globo não pagarão impostos, apesar de lucrarem bilhões”, também governará em benefício dos avarentos e nefastos ricos donos do mundo, patrões de todos os governos, dispensando para o povo o tratamento do governo do Rrio Grande do Sul que precisou ser obrigado pelo que ainda resta de bom na justiça para pagar o salário de um funcionário aposentado de cem anos com câncer de próstata. Assim agem os governos quando se trata de povo, e com presentes bilionários em isenções para os ricos. Quanto à terceira opção, apesar de haver um monte de gente gritando pela volta de D. Dilma, teríamos nada mais nada menos do que a continuação do esfacelamento do erário através de muitos episódios como a Refinaria de Pasadena. O fato de haver quem queira Lula e Dilma se explica por estar o brasileiro tão acostumado ao sofrimento quanto aquele infeliz casal mencionado por Jorge Orwell no livro 1984 que se sentia na maior felicidade num quarto de calor insuportável e infestado de percevejos.

O julgamento resultante da pesquisa citada equipara-se ao que o deus Osíris submetia o egípcio morto para entrar no seu reino de boa-venturança colocando de um lado da balança uma pena (que representava a verdade) e do outro lado o coração do morto (que representava a consciência). Desse julgamento, como uma pena tem necessariamente de pesar menos do que um coração, o morto seria remetido inevitavelmente para um lugar escuro de muito sofrimento, do mesmo jeito em que se encontram os brasileiros na escuridão da ignorância e na infelicidade de um futuro ainda mais infeliz. Inté.

 

    

 

 

 

 

 

 

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