segunda-feira, 15 de agosto de 2016

ARENGA 302


O que leva os seres humanos a se dobrarem ante vontades inaceitáveis das autoridades? Num livrinho aparentemente despretensioso chamado Dívida E(x)Terna, seu autor, o escritor e economista Marcos Arruda, expõe com clareza cristalina uma situação de inexplicável submissão aceita com também inexplicável naturalidade que é a falta de dinheiro alegada pelas autoridades. Está aí na imprensa um ministro desse governo de banqueiros afirmando que se não sacrificar ainda mais os aposentados será necessário aumentar impostos ou cortar gastos com educação e saúde, o que é frontalmente desmentido pelo livro em questão, escrito por quem sabe o que diz como prova o fato de ter sido perseguido como todos que falam a verdade, tais como os doutores Protógenes Queiroz, Fausto de Sanctis, Joaquim Barbosa e as tentativas de fazer calar os operadores da Operação Lava Jato na luta para implantar a moralidade na administração pública. A conformação com todas as imposições deu ensejo a uma inversão de valores tão grande que os empregados no serviço público passaram a patrões de seus empregadores e assumiram sem contestação o papel de piores criminosos que, segundo o filósofo, são aqueles a quem a sociedade encarrega de livrá-la dos criminosos. Ante a realidade de seguirem os liderados o exemplo dos líderes, e sendo os líderes criminosos, não há o que estranhar a criminalidade que toma conta do mundo.

O autor do livrinho referido lá em cima menciona a lida diária como fator preponderante para a indiferença das pessoas em relação aos problemas por ele descritos. Foi educado porque na verdade é o analfabetismo político a verdadeira causa da indiferença quanto à própria vida e, sobretudo a vida dos filhos. Lida diária não deixa faltar tempo para imbecilidades como frequentar igrejas e terreiros de brincadeiras imbecis como remar entre tolocos de bosta ou encontrar motivos para considerar alguém adversário a fim de justificar ganhar dinheiro, virar “celebridade” e ficar “famoso” por esmurrar-lhe a cara sob o aplauso e berros de uma plateia formada por imbecis alheios à escravidão mostrada pelo educado autor do referido livrinho aparentemente despretensioso, mas que expõe o cinismo das autoridades em sua luta demoníaca para manter a massa bruta e asquerosa de povo submissa a tudo que lhe é imposto, numa obediência cega. Coisas desse tipo: No ano de 1985 os brasileiros deviam à agiotagem internacional a quantia de CENTO E CINCO BILHÕES DE DÓLARES. Durante treze anos pagaram DUZENTOS E OITENTA E DOIS BILHÕES DE DÓLARES. Ora, quem recebeu duzentos e oitenta e dois por conta de uma dívida de cento e cinco, teria que devolver parte desse recebimento porque nem a lei nem a moral permitem a cobrança de juros extorsivos. Mas, em vez de crédito, os agiotas mil vezes mais criminosos do que os assaltantes de bancos, se acham ainda credores da quantia de DUZENTOS E TRINTA BILHÕES DE DÓLARES, e as autoridades pagam, e o povo concorda. Esta e tantas outras roubalheiras são a causa da falta de dinheiro atribuída à Previdência Social. Inteiramente impossível não faltar dinheiro ante tamanha corrupção. O que justificaria concordar-se com tal situação? Ali na estante há um livro que minha memória octogenária faz crer tratar-se de Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, mas que a lembrança do Jeca Tatu de Monteiro Lobato faz crer não pagar a pena levantar para confirmar. Neste livro consta que ingerimos junto com o leite materno substâncias químicas para “amolecer” o raciocínio de modo a facilitar aos “civilizados” sanguessugas dos impérios onde ainda se fala em reis, rainhas, príncipes e princesas e seus lacaios travestidos de autoridades, principalmente da América Latina, o trabalho nefasto de evitar que a manada tenha oportunidade de tomar conhecimentos dos crimes praticados por elas, as autoridades, encarregadas de livrar a sociedade dos criminosos, mas que em vez disso procuram livrá-los da cadeia com uma excrescência a que denominam Lei de Abuso de Autoridade, quando os maiores abusos são cometidos pelas próprias autoridades. 

Se subir num murundu e olhar em volta, o panorama descortinado mostra que realmente está tudo errado. Multidões de famintos, com alimento sobrando no mundo. O maior de todos os erros é não perceber que a história mostra muita infelicidade decorrente de situação semelhante. Inté.

 

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