quinta-feira, 11 de agosto de 2016

ARENGA 299


Se combater a corrupção é necessário, ainda mais necessário é combater a causa da corrupção sob pena de se ver a sociedade humana destroçada em consequência da brutalidade da qual resulta a situação perigosamente inusitada de um por cento dos seres humanos terem se apropriados de noventa e nove por cento da riqueza do mundo, situação sobre a qual cabe a todos indistintamente refletir, sob pena de recaírem aflições sem fim sobre as futuras gerações. Nada justifica os festejamentos e tantas alegrias ante as possibilidades já quase reais de serem os risos transformados em lágrimas. É loucura total a sanha da corrupção que suga os recursos públicos no mundo inteiro com ênfase para as repúblicas de banana. Faz-se extremamente necessário inverter esta situação insustentável. Para tanto não precisa mais violência do que a brutalidade da violência existente na corrupção. Basta perseguir até alcançar um sistema educacional voltado para as crianças ensinando-lhes exatamente o contrário do que lhes é ensinado uma vez que o adulto resultante de uma criança que aprende não ser preciso meditar sobre o que lhe é ensinado será um adulto exatamente como são os adultos de hoje, em consequência do aprendizado que lhes foi ministrado quando crianças. O que aprendem as crianças desde sempre? Aprendem que seu bem-estar não depende de si mesmas, mas de Deus; que o objetivo maior na vida é ficar rico; que há diversão nas distorções de caráter promovidas pela televisão, cujos danos podem ser observados no vício de futucar telefone e admirar “famosos” e “celebridades”. E o quê deveria ser ensinado às crianças? Sociabilidade, necessidade de respeito mútuo, irmandade, diferença entre cooperativismo e individualismo. Do aprendizado a que são submetidas as crianças resulta que elas acreditam na necessidade de serem superiores e, portanto, com o dever de cuidar unicamente de seus próprios interesses, com o que restringe a convivência social aos clubes e às festas. Entretanto, ter consciência e aprimorar a interdependência dos seres humanos, aprender a verdade de ser impossível o bem-estar individual numa sociedade turbulenta, atormentada pelo medo, disto resultará benefício infinitamente maior do que fazer orações. Esta realidade precisa ser escrita em todos os muros do mundo (com permissão do mestre Nietzsche pela ideia).

Quando os meios de comunicação alardeiam como meritória ação pela qual pessoas passaram da extrema pobreza para extrema riqueza, estão na verdade prestando grande desserviço à coletividade em benefício da cultura antissocial da necessidade de acumular a riqueza destinada a conferir poder a seu possuidor, resquício da mentalidade bárbara dos tempos dos grandes imperadores muitos dos quais nem os ossos existem mais. Desse modo, fazem-se necessários olhos para ver que o convencimento a orientar a humanidade é um convencimento falso do qual resultará infelicidades do arco da velha. Só falta deixar a bobagem de lado e passar a pensar sobre o que se ouve e o que se vê em vez de simplesmente se ater ao que se aprendeu quando criança. Inté.

 







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