Se combater
a corrupção é necessário, ainda mais necessário é combater a causa da corrupção
sob pena de se ver a sociedade humana destroçada em consequência da brutalidade
da qual resulta a situação perigosamente inusitada de um por cento dos seres humanos
terem se apropriados de noventa e nove por cento da riqueza do mundo, situação
sobre a qual cabe a todos indistintamente refletir, sob pena de recaírem
aflições sem fim sobre as futuras gerações. Nada justifica os festejamentos e
tantas alegrias ante as possibilidades já quase reais de serem os risos
transformados em lágrimas. É loucura total a sanha da corrupção que suga os
recursos públicos no mundo inteiro com ênfase para as repúblicas de banana.
Faz-se extremamente necessário inverter esta situação insustentável. Para tanto
não precisa mais violência do que a brutalidade da violência existente na
corrupção. Basta perseguir até alcançar um sistema educacional voltado para as
crianças ensinando-lhes exatamente o contrário do que lhes é ensinado uma vez que
o adulto resultante de uma criança que aprende não ser preciso meditar sobre o
que lhe é ensinado será um adulto exatamente como são os adultos de hoje, em
consequência do aprendizado que lhes foi ministrado quando crianças. O que
aprendem as crianças desde sempre? Aprendem que seu bem-estar não depende de si
mesmas, mas de Deus; que o objetivo maior na vida é ficar rico; que há diversão
nas distorções de caráter promovidas pela televisão, cujos danos podem ser
observados no vício de futucar telefone e admirar “famosos” e “celebridades”. E
o quê deveria ser ensinado às crianças? Sociabilidade, necessidade de respeito
mútuo, irmandade, diferença entre cooperativismo e individualismo. Do
aprendizado a que são submetidas as crianças resulta que elas acreditam na
necessidade de serem superiores e, portanto, com o dever de cuidar unicamente
de seus próprios interesses, com o que restringe a convivência social aos
clubes e às festas. Entretanto, ter consciência e aprimorar a interdependência
dos seres humanos, aprender a verdade de ser impossível o bem-estar individual
numa sociedade turbulenta, atormentada pelo medo, disto resultará benefício
infinitamente maior do que fazer orações. Esta realidade precisa ser escrita em
todos os muros do mundo (com permissão do mestre Nietzsche pela ideia).
Quando os
meios de comunicação alardeiam como meritória ação pela qual pessoas passaram da
extrema pobreza para extrema riqueza, estão na verdade prestando grande
desserviço à coletividade em benefício da cultura antissocial da necessidade de
acumular a riqueza destinada a conferir poder a seu possuidor, resquício da
mentalidade bárbara dos tempos dos grandes imperadores muitos dos quais nem os
ossos existem mais. Desse modo, fazem-se necessários olhos para ver que o convencimento
a orientar a humanidade é um convencimento falso do qual resultará
infelicidades do arco da velha. Só falta deixar a bobagem de lado e passar a
pensar sobre o que se ouve e o que se vê em vez de simplesmente se ater ao que
se aprendeu quando criança. Inté.
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