A manchete
no Jornal Folha de São Paulo “Brasil precisa de providência contra abuso de
poder” é um imenso mar aberto para o barquinho do pensamento
navegar. De início, é intrigante porque sempre que se fala em abuso de poder é
de referência à ação de uma autoridade sobre alguém. No entanto, ante a
realidade de serem as próprias autoridades a abusarem tanto do poder que lhes é
conferido para proteger a sociedade prejudicando-a em vez de protege-la, não
como esperar que as autoridades tomem providências contra os abusos por elas
praticadas. Moisés Naim, logo no
princípio do primeiro capítulo do livro O FIM DO PODER, define o poder como “a
capacidade de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo”. Dentro
desta lógica incontestável, o que obrigam as autoridades o povo a fazer senão
coisas contra o próprio povo? E uma vez que assim é, qual é o motivo de assim
continuar sendo? Simplesmente a incapacidade de raciocinar castrada pelo
religiosidade e os meios de comunicação para os quais há felicidade em destruir
a natureza, ingerir veneno, conviver com a putaria que deturpa a nobreza
existente na atração encantadora do macho pela fêmea e vice-versa. A
impossibilidade de pensar sobre a vida imposta pela correria em busca de
riqueza impede a percepção do seu lado espiritual, razão pela qual a humanidade
passa pela vida sem viver, enquadrando-se perfeitamente na sentença
condenatória do Grande Mestre do Saber Leonardo da Vinci, segundo a qual “quem se submete aos desmandos (como faz a
humanidade ao submeter-se à escravidão moderna cujo chicote são os meios de
comunicação) não passa de condutor de comida. A única marca que
deixa de sua passagem pelo mundo são latrinas cheias”
Em função
da desnecessidade de pensar ardilosamente providenciada pelas intenções
inconfessáveis tanto das autoridades religiosas e estatais a humanidade
deixa-se conduzir sem se interessar para onde está sendo conduzida, razão de
toda sua infelicidade porque seus condutores tem para com ele as mesmas
intenções dos condutores de boiadas, o que levou o poeta Zé Ramalho a comparar
o povo à boiada quando sentenciou: “Vida de
gado. Povo marcado, povo feliz”.
Já decorreu
bastante tempo desde os tempos dos governantes/deuses. Cabe, pois, à
humanidade, concluir pela impossibilidade de esperar ser conduzida por seres
humanos com seus defeitos à tranquilidade de que deveriam desfrutar em sua
curta passagem pela vida, o que jamais se conseguirá a seguir a orientação
enganadora de haver vantagem no individualismo necessário para a existência das
grandes fortunas. O individualismo é incompatível com a tranquilidade social,
razão pela qual é rejeitado até mesmo pelos irracionais. Nunca se viu uma
abelha ter seu favo privado na colmeia. Viver de modo prazeroso é inteiramente
possível, desde que se leve em conta a realidade de não poder viver brigando
quem precisa viver junto. Inté.
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