sexta-feira, 15 de março de 2019

ARENGA 550


É verdade incontestável que só o conhecimento leva ao ateísmo. É por isto que o pernóstico e antipático doutor Dráuzio Varela afirmou ser ateu porque estudou. A certeza de que só a luz do esclarecimento conduz ao ateísmo está no fato visível de não haver um só ateu analfabeto no mundo, salvo se houver algum grupo em algum recanto do planeta que nunca tenha ouvido sobre deus. Não menos verídico é o fato de ser maior a convicção da descrença do ateu quanto maior for o seu grau de intelectualidade. Intelectual só é religioso em troca de alguma vantagem. Salvo se sua intelectualidade for de meia tigela. Tomando como exemplo para este devorteio do pensamento pela vida, percebe-se que o ateísmo do Grande Mestre do Saber, o filósofo Nietzsche, não comporta vacilação graças à sua imensa intelectualidade que o fazia convicto de ser a religiosidade tão prejudicial à humanidade que ela precisa ser combatida e nunca tolerada uma vez que só a ignorância faz alguém desconhecer que o mal à sociedade é também contra si próprio. Portanto, longe de ser ignorante, Nietzsche esbravejou e lutou contra a cretinice de todo tipo de religiosidade. Comparou-a à feiticeira Circe da mitologia grega que transformou os companheiros de Ulisses em porcos, comparação que se encaixa como luva na religiosidade porque da mesma forma como os seres humanos transformados em porcos pela feiticeira Circe deixaram de raciocinar, por ser o porco um animal irracional, também a religiosidade, se não anula completamente o raciocínio como fez a feiticeira, ela o inibe ao convencer os religiosos da desnecessidade de se questionar os mistérios de deus afirmando que eles devem ser aceitos sem mais nem menos. É por aí que a cambada de representantes dos céus limita a inteligência das pessoas, o que é realmente nocivo à evolução mental necessária à construção de uma sociedade civilizada, razão pela qual a sociedade dos seres humanos tal qual a sociedade dos bichos também envolve matança. Portanto, tão correta quanto a conclusão do verdadeiro ateu Nietzsche é a conclusão do também ateu Marx de ser necessário mudar o mundo.

São de meia tigela ateus como o doutor Dráuzio Varella que diz respeitar a religiosidade das pessoas. Não se pode ser indiferente e muito menos respeitar a religiosidade se é por meio dela que os pais passam para os filhos o desânimo de lutar por uma vida digna com o argumento imbecil do “deus proverá”. Desta forma, o certo é combater a em vez de respeitar ou ser indiferente à religiosidade por ser contra o bem senso respeitar um trabalho que imbeciliza as pessoas convencendo-as de que o universo existe apenas há seis mil anos, ou que os dinossauros não existiram, ou ainda que depois de morrer continua vivendo.

Por que será que excluindo os gatos pingados de ateus a humanidade é religiosa? Nenhum frequentador de igreja, axé e futebola é capaz de responder a esta pergunta embora a resposta esteja à vista de quem tem olhos de ver. Acontece que por interessar aos ricos donos do mundo que as pessoas se mantenham longe da atividade de pensar sobre a vida, eles dão ordens a seus serviçais, os governantes, para que estes articulem maneiras de envolver o povo com trabalho, religião e pão e circo. Este trabalho é executado com perfeição porque a humanidade se deixa conduzir com tamanha facilidade que o poeta a comparou à manada. Os cupinchas que representam os interesses dos ricos donos do mundo e das pessoas sob o pseudônimo de governantes até premiam o empregado mais conformado em seu servilismo com uma caneta de ouro, o que o tornava orgulhoso de ser um escravo perfeito.

É por aí que se explica o porquê da religiosidade humana. Embora vinda de um apenas alfabetizado Zemané, duvido que algum egresso das Harvards do mundo possa explicar de forma melhor. Inté.     




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