O Tolo vê o
sábio como um Tolo no que diz respeito à criação do universo. Independentemente
de especulações filosóficas a respeito desta afirmação, para o tolo responsável
por estas mal traçadas não passam de tolos todos os sábios que enchem páginas e
mais páginas, principalmente de “best-sellers” sobre os problemas sociais dos
quais decorre o mal-estar que aflige os seres humanos sem exceção nenhuma. Os
que se imaginam exceções por se acreditarem superiores o fazem em virtude da
ignorância tanto do passado histórico quanto dos acontecimentos presentes de
saques por meio dos quais fizeram e mantêm riqueza apenas material.
Espiritualmente, porém, continuam tão brutos quanto aqueles de quem se julgam
superiores. Fenômenos tão ridículos quanto João de Deus e o beijo do Papa no pé
do sofredor atraem também as pessoas do mundo que se acha civilizado, não
obstante a realidade de demonstrarem tais fenômenos o mesmo primitivismo
espiritual do tempo em que se orava para o espírito do rio furioso que precisava
ser atravessado. A curiosidade demonstrada pelas crianças e que acompanha o ser
humano para sempre exige explicações para tudo. Como a falta de conhecimento
não permite as explicações desejadas, inventam-se explicações. Mas os sábios
ainda não perceberam que o atraso mental seja a fonte de onde emanam todos os
problemas. Este atraso impossibilita perceber faltar na composição da sociedade
humana o ingrediente essencial que é a CONVIVÊNCIA. A falta da percepção da
necessidade de convivência pode ser notada desde os quitais das casas humildes
nos quais um festival de latidos de cães demonstra que os moradores destas
casas são indiferentes não só ao barulho dos seus cães, mas também das motos e
carros de propaganda que estrondam em suas ruas. A ausência do elemento
convivência torna essa gente infensa ao barulho indiferente também à
possibilidade de haver pessoas que meditam e que precisam de silêncio. Este
comportamento significa proximidade com as bestas que atendem às suas
necessidades bestiais indiferentemente às pessoas ao lado.
Entretanto,
tal bestialidade não é privilégio das casas humildes habitadas pelo elemento
reles de povo cujo laborar junto com a ação nefasta do pão e circo que torna
toupeiras mentais em “famosos” e “celebridades” não permite meditar sobre a
vida. Nem só a ralé humana, mas também expoentes da cultura se mostram alheios
à necessidade do elemento CONVIVÊNCIA. O escritor Michael J. Sandel nos dá
excelente demonstração desta realidade no capítulo terceiro do livro Justiça –
O Que é Fazer a Coisa Certa –, onde estão registradas opiniões de pessoas como
Friedrick A. Hayek, Milton Friedman e Robert Nozic, todos defendendo a
indefensável teoria de não ser antissocial a riqueza individual exorbitante. Analisada
do ponto de vista da indispensável CONVIVÊNCIA, o argumento daqueles expoentes
do saber se mostram capciosos. Afinal, Schopenhauer mostrou que para vencer um
debate não é preciso ter razão. A ninguém em sã consciência pode ser dado o
direito de desconhecer que a retenção por uma só pessoas dos recursos materiais
necessários ao atendimento das necessidades de milhões de pessoas seja motivo
impediente de sucesso do objetivo de proporcionar bem-estar social, razão de
ser da sociedade humana.
A tendência
natural tem de ser necessariamente afastar o obstáculo que impede à sociedade
humana alcançar seu objetivo porque, afinal, é para isto que ela foi
instituída. Esta tendência levará os necessitados à percepção de ser conversa
fiada a crença de uma vida feliz ao lado de deus depois de morto e sepultado, não
obstante a infantilidade que faz velhos de notório saber jurídico acreditarem
em milagres. Os seres humanos são tão emocionalmente vulneráveis que podem ser
convencidos de qualquer coisa por mais absurda que seja. Michael Jackson demonstra
esta realidade com total perfeição ao levar multidões ao êxtase e lágrimas de
emocionada satisfação espiritual pelo gesto de lhes apontar o saco, normalmente
obsceno fora daquele ambiente espetacular. É a esta facilidade de se deixar
levar que se deve a conformação em contemplar e até admirar as imensas fortunas
privadas para puro deleite de ignorantes de sociabilidade indiferentes ao
elemento CONVIVÊNCIA. Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário