terça-feira, 12 de março de 2019

ARENGA 548


Entre os acontecimentos que encerram um período histórico a dão início a outro está o episódio do João de Deus. Ele tirou a máscara que encobria a farsa do milagre de forma tão perfeita que a palavra “milagre” deve ser substituída por pela palavra “inexplicável”. Milagre é nada mais nem menos que acontecimento de explicação ainda desconhecida. Em casa de uma família muito rica de São Paulo (ambiente preferido dos embusteiros), minha irmã viu Thomas Green Morton espremer a mão sem nada dentro e pingar gotas de cheiro agradabilíssimo, semelhante à essência pura de uma rosa das mais perfumadas. Milagre? De jeito nenhum. Um Mister M mostraria não passar tudo de mera ilusão. Mas como a explicação é desconhecida, torna-se mistério para quem é gente e milagre para quem é povo que escreve “presente de deus” no carrinho peba, se emociona quando a bola toca a rede e quando o Papa limpa o chulé de algum pé para beijá-lo depois.  

Embora nunca tenha havido milagre nenhum, a inocência das pessoas as deixa vulneráreis ao assédio de malandros de todos os tipos. O comportamento de comprar carro e não receber, enriquecer pilantras pagando dízimo, fomentar a indústria do turismo em Lourdes, Juazeiro e Aparecida justifica o “neste mundo tem bobo prá tudo”. E realmente tem. Está aí na imprensa o resultado de pesquisa colocando Fernanda Montenegro e Ivete Sangalo como as duas mulheres em primeiro e segundo lugares na preferência do bicho povo. Com perdão da Fernanda, em termos de contribuição para a evolução mental de uma política correta cuja falta dá origem à tormenta da massa bruta de povo, as duas mulheres vivas mais importantes entre nós são Heloisa Helena e Eliana Calmon, trocadas pelo analfabetismo político pelos mesmos promotores de escândalos de sempre. Tem bobo até para questionar a veracidade da teoria da evolução afirmando que se fosse verdade que macaco virasse homem ele estaria até hoje virando homem, o que não mais acontece. Vai ser burro assim no inferno, pô. Ouvir tamanho disparate corresponde a um chute no saco da mentalidade. Tenham paciência, ó babacas. A evolução do primata ao homem de hoje demandou bilhões de anos. BILHÕES. É possível imaginar o que sejam bilhões de anos? Se não, como é que pode alguém ver um macaco se tornando homem? Tamanha é a inocência humana que quase a totalidade dos seres humanos são religiosos e pensam ter sido o universo surgido por ordem do deus deles apenas seis mil anos atrás.

Mas o foco desta “prosa” é a importância da figura do João de Deus desmascarando a mentira do milagre. Ele representa o derradeiro espetáculo mundial de demonstração da INOCÊNCIA, única responsável pela crendice. A religiosidade se sustenta na desnecessidade de pensar, sob a alegação de que os “mistérios de deus” não são para serem discutidos, mas simplesmente acatados sem mais nem menos. Esta armadilha é defendida a ferro e fogo pela pilantragem dos representantes de deus porque no momento em que alguém se dispuser como eu fiz a procurar conhecer a verdade sobre as religiões descobrirá inevitavelmente não passar de uma grandiosíssima sacanagem cujo objetivo, ao lado da política, é atochar o ferro no rabo da massa bruta de povo. Pensar leva à conclusões assim, por exemplo: Se esse tal de deus é um ser de inimaginável sabedoria e pureza espiritual não é admissível que atribuísse a um criminoso como João de Deus poderes e posição de milagreiro, facilitando-lhe o trabalho de cometer crimes. Seria o mesmo que a polícia fornecesse o revólver ao assaltante para fazer assaltos em vez de tirá-lo do meio social. As únicas vezes em que deus agiu por conta própria, teria sido quando falou a Abrão antes de transformá-lo em Abraão (Gênesis 17:5), com Moisés (Êxodo 3:1; 4:1 e 7:1), quando deus teria aparecido em forma de labaredas que ardiam sem consumir o material inflamado, quando do batizado de Cristo, ocasião em que deus apareceu na forma de uma pomba que esvoaçava em devorteios trovejando lá do alto ESTE É MEU FILHO e quando ressuscitou Lázaro. Todos as demais ações de deus foram executadas por um intermediário humano. Portanto, não seria verdade que o espírito puríssimo de deus onisciente iria facilitar as coisas para que o estuprador João de Deus pudesse satisfazer sua libido bestial estuprando rebotalhos mentais a procura de milagre, a não ser que para deus estuprar e enriquecer às custas da malta ignorante de frequentadora de igreja, futebola e axé seja uma pratica isenta de condenação, o que é provável porquanto tem sido comum que seus representantes barbarizem crianças para também dar vasão a instintos bestiais e também encherem as burras de riqueza. O poder do deus todo poderoso da malta ignorante é de um ridículo tão grande que embora desejando o bem, predomina o mal.

Como para tudo há explicação, a ignorância que dá origem à crendice está na lentidão com que se processa a evolução mental, infinitamente atrasada em relação à evolução física. É daí que vem a estupidez humana mencionada pelo historiados Henry Thomas. Se a evolução física que é mais rápida demorou bilhões de anos para que o corpo do homem chegasse à fase atual, é provável que a evolução mental precise de mais alguns bilhões de anos antes de vir a humanidade a desenvolver-se mentalmente, civilizar-se e deixar de se preocupar com as coisas sem explicação e dedicar sua atenção para as coisas das quais depende seu bem-estar. Mas para que isto aconteça é preciso perceber que parte do atraso do desenvolvimento mental é propositadamente arquitetado por espertalhões fantasiados de líderes que através do instituto milenar do pão e circo mantêm a mente humana envolvida em futilidades. Um dos jornais mais importantes do país, a Folha de São Paulo tem uma coluna sobre putaria denominada O X do Sexo cuja última sugestão é para que as mulheres enfeitem suas xoxotas com joias.

Uma vez envolvida a mente com vulgaridades, fica impossibilitada de elevar-se a assuntos relevantes. É por isto que pelo fato de promoverem brincadeiras e espetáculos chulos, principalmente relacionados com sexo, toupeiras mentais adquirem fama e riqueza inimaginável por pessoas que prestam relevantes serviços à sociedade, como, por exemplo, os professores. Embora indiscutível tal insensatez, é a realidade vivenciada e cuja explicação não é outra senão a dificuldade encontrada pela evolução mental cuja falta condiciona os seres humanos à condição de massa que legitima ladrões como autoridades. Tão chula é ainda a mentalidade popular no mundo inteiro que não se cogita da atividade de meditar sobre a realidade de que a vida merece certos cuidados e preparos sem os quais é inevitável sofrer ao ser surpreendido pela inevitável velhice, prenúncio da morte, como se esta fosse alguma novidade em vez de benvinda por trazer a única e verdadeira paz que é o destino de tudo que é vivo, paz que poderia ser desfrutada ainda em vida, não fosse a estupidez humana ainda dominante. Inté.








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