domingo, 3 de março de 2019

ARENGA 543


De acordo com a interpretação do filósofo Zygmunt Bauman, no livro Babel, sobre o pensamento de dois grandes pensadores, Thomas Hobbes e Thomas Paine, a humanidade estaria irremediavelmente condenada à opressão do medo da barbárie, portanto, infeliz. Por conta do instinto de bicho (lobo, na comparação de Hobbes) a sociedade criou o Estado, bancando o custo para que ele pudesse exercer com eficiência o poder de proteção que lhe era transferido por cada um dos membros da coletividade, objetivando maior eficiência na defesa contra a violência inata do homem, vez ser este orientado mais por instinto e menos por sentimento. Esta proteção, diz Thomas Hobbes, seria a razão de ser da existência do Estado. Nesse sentido, teria Freud observado que em nome desta proteção cada indivíduo abre mão inclusive de parte da sua liberdade individual, enquanto Thomas Paine observa com inteira razão que quando em vez de protetor o Estado passa a causador aflições, os cidadãos ficam expostos a maior sofrimento ainda ao constatar estarem fornecendo os recursos necessários para que o Estado funcione para criar-lhes aflições em vez de paz.

Eis que chega agora o filósofo Zygmunt Bauman, junta as observações de Hobbes e de Paine e conclui pela materialização nos tempos modernos das suposições de ambos. E pior é que esta realidade estamos sentindo na pele, quando o Estado transfere para nós nossa própria defesa ao autorizar-nos a nos armar para enfrentar a bandidagem.

E aí, em que pé fica a sociedade humana diante da inexistência de um Estado protetor, conduzido por homens capazes de liderança? Para tristeza de quem superou a fase bruta de frequentadores de igreja, axé, futebola e admiradores de “famosos” e “celebridades”, Bauman observa com absoluta razão na página 15 que diante da urna, ante a impossibilidade de poder fazer uma boa escolha, por inexistir uma só pessoa que possibilitasse tal escolha, o eleitor, na verdade, faz opção pelo candidato que pensa ser o menos pior. Daí ser questionável o destino da humanidade, impossibilitada de ter um Estado interessado em seu bem-estar, verdade que é atestada pela submissão em que se encontram todos os governados do mundo à obrigação imposta pelos seus governantes de produzirem imensa riqueza a ser desfrutada por apenas um por cento da humanidade.

Esta situação exige mudança. Exige novos ares, nova cultura, nova juventude. Pior de tudo é que logo depois de nascer a criança é logo transformada em escravo de deus, dinheiro, e estimulada a valorizar notícias sobre “celebridades” mostrando “as partes” saradas, apesar de seus sessenta anos, sobre Neymar, Messe, Ronaldinho, Ronaldão e o carái a quatro. Inté.










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