Na Carta
Capital, sobre reforma agrária, pode-se ler: Luís Clóvis Schons ainda recorda da madrugada fria e chuvosa em que foi
despejado do primeiro acampamento, em 1986. Tinha, à época, apenas 13 anos. O
pai, um agricultor que tentava fugir da indigência, engrossava o exército de
miseráveis que buscavam um pedaço da terra para sobreviver. “Os policiais chegaram batendo. Não importava
se havia crianças, mulheres ou velhos. Destruíram as lonas, pegaram nossos
pertences e jogaram à beira da estrada. Foram três dias de violência”. Os
líderes acabaram marcados na perna com ponta de baioneta. “Meu pai ainda tem a cicatriz”.
O povo não toma conhecimento de notícias assim por ter maior interesse nas
futilidades dos “famosos” e “celebridades” de merda. Entretanto, meditar sobre
esta notícia leva à conclusão de que a realidade por ela exposta é o contrário
do que devia ser. Em primeiro lugar, soldado é povo, e povo é pobre. Portanto,
pobre deve ser solidário com pobre em vez de se solidarizar com os ricos que exploram
a terra da mesma forma como fazem os gigolôs com suas amantes. Através de
negociatas no BNDES com ajuda de políticos safados, enchem as burras de
dinheiro e impedem ao pobre ter seu pedaço de terra onde viver. Expulsos do
campo, os pobres vão para as cidades, e o resultado desta inversão é acirrar a
violência e doenças. Portanto, procedimento contrário ao bom senso. Outra notícia
na imprensa mostrando a inversão de valores é a que dá conta de que a cúpula
militar procura evitar excesso nas comemorações de aniversário do golpe militar
de 1964. Comemorar? Mas como comemorar, se aquilo é para se lamentar? A verdade
sobre aquele movimento militar revela falta de patriotismo e a eterna
subserviência e ignorância do povo que foi às ruas para aplaudir soldados
espancando jovens idiotas que procuravam justiça social por meios violentos. Ou
não é idiota quem se mete a enfrentar metralhadora atirando pedrinhas com badoque?
Os militares deviam é se envergonhar da falta de patriotismo de perseguir seus
nacionais por ordem do governo americano viciado em riqueza e que por meio de
agiotagem explora quem precisa de dinheiro e volta seu poderio bélico contra
quem quer que ameace seu capitalismo parasitário. Aberrações políticas como
Maluf e ACM foram criações do governo militar além de incrementar a corrupção como
mostra brilhantemente o grande jornalista Mauro Santayana no artigo A CRISE DA
RAZÃO POLÍTICA E A MALDIÇÃO DE BRASÍLIA. Portanto, comemorar o que é de
lamentar, é mais um modo de viver ao contrário, como também o é a declaração do
presidente Bolsonaro de ser uma vergonha o brasileiro ilegal no exterior porque
vergonha de verdade é a incompetência dos governos em evitar que num país de
tantas riquezas seus jovens precisem mendigar mundo afora um emprego pelo amor
de deus. É tudo ao contrário do que deve ser. Segundo outra notícia no jornal,
uma professora de Goiás revela que por lá se está militarizando a educação
visando tornar os jovens obedientes. Isto também é contrário porque jovens
devem ser rebeldes. A imprensa noticia também que a Rússia vai emprestar trinta
e oito milhões de euros para Cuba comprar armas. A ser verdade a pobreza que
rola por lá, esta grana devia comprar comida. Também dá conta a imprensa de que
nosso governo vai dividir dezessete bilhões de reais com Estados e municípios.
Sabendo que essa grana vai parar na tubulação do Jornal Nacional, é também um
comportamento contraditório. Mas a imprensa também noticia que o presidente
Jair Bolsonaro, apesar de afirmar categoricamente defender racionalização nos
gastos públicos, como deputado federal, entre 1995 e 2018, recebeu R$ 1,8
milhão em salários extras, oficialmente chamados de ‘ajudas de custo’, e mais
R$ 2,4 milhões em auxílio-moradia. Um total de R$ 4,2 milhões em valores
atualizados pela inflação. Bolsonaro chegou a receber seis ajudas de custo em
1996 e em 1997, sem contar o 13º salário. Em 24 anos, recebeu 62 salários
extras. A inversão das prioridades é tão absoluta que os jovens não tiram as
vistas do telefone para meditar sobre o porquê da falta de dinheiro para a
previdência, se cada deputado tem custo tão alto e são mais de quinhentos
deputados. Se esta é a realidade e se a realidade não interessa porque o
interesse maior está em saber qual “celebridade” é mais rica ou não usa
calcinha, ou vestiu o vestido mais caro, ou estava na festa com a xoxota à
vista, como esperar viver senão como se vive? Inté.
Será necessário haver tanta pobreza, choro, sofrimento? Que jovens pobres tenham que se endividar para estudar? Estará certa a conduta tradicional de terem as pessoas de trabalhar para sustentar as autoridades vivendo em palácios e com todas as suas necessidades pagas, inclusive riqueza pessoal para levar quando deixarem seus postos de trabalho? Há necessidade de tantas autoridades? Que tal matutarmos sobre estas coisas? Este é o objetivo deste blog. Nenhum mal haverá de fazer.
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